Refis emperrado: Panelli cobra Zefinha e expõe racha político na Câmara de Caieiras
O clima político na Câmara Municipal de Caieiras atingiu novo ponto de ebulição após declarações do vereador Dr. Panelli (Podemos), líder do governo, cobrando publicamente a presidente da Casa, vereadora Zefinha (PL), pela não inclusão do projeto do Refis na pauta legislativa. A crítica foi feita por meio de um vídeo nas redes sociais, onde Panelli classifica o atual cenário político como “muito difícil” e demonstra indignação com a paralisia da proposta.

Durante fala no plenário em 25 de junho, Panelli fez um apelo direto à presidente Zefinha, pedindo sensibilidade diante do “clamor” da população. Segundo ele, o atraso tem prejudicado contribuintes que desejam quitar dívidas e evitar a perda de bens. “São pessoas querendo negociar, tirar penhoras do banco, continuar suas vidas”, destacou o parlamentar.
A presidente Zefinha respondeu oficialmente à reportagem do Caieiras Notícias, apontando que a proposta enviada pelo Executivo não continha informações técnicas adequadas para análise. De acordo com ela, o conteúdo era “extremamente superficial” e deixou de esclarecer pontos operacionais essenciais, como prazos, critérios de adesão e impacto financeiro.
A ausência desses dados motivou, segundo a presidente, a solicitação de esclarecimentos formais por parte da Câmara. Ela também lembrou que, historicamente, projetos semelhantes costumam ser votados entre setembro e outubro, o que, em sua visão, ainda garante tempo hábil para tramitação sem comprometer o calendário fiscal do município.
Apesar da justificativa técnica, a cobrança pública de Panelli foi interpretada nos bastidores como um movimento estratégico. Ao pressionar Zefinha em ambiente aberto, o vereador mobiliza a opinião pública e tenta forçar a aceleração da tramitação. A ação também pode ser vista como parte de um jogo político maior envolvendo a liderança da Câmara e a base de apoio ao governo municipal.
O cenário escancara uma divisão no Legislativo caieirense. De um lado, há parlamentares que defendem uma resposta rápida ao que chamam de “urgência social”; de outro, aqueles que exigem precisão administrativa e mais responsabilidade na análise de projetos com impacto orçamentário. Ambos os lados afirmam estar pensando na população — mas seguem em rota de colisão quanto ao ritmo e à forma de conduzir o processo.
A divergência ganha ainda mais relevância ao se considerar o histórico político de Caieiras, marcado por tensões institucionais, trocas de comando e disputas por protagonismo. A figura de Zefinha, terceira mulher a presidir a Câmara, carrega consigo uma expectativa de gestão firme, enquanto Panelli, com 25 anos de vida pública, aposta no capital político acumulado para fazer valer sua voz.
Enquanto o projeto segue fora da pauta, o município observa. Para os contribuintes, o Refis representa mais que uma chance de quitar dívidas: é a possibilidade de evitar a inadimplência crônica, manter negócios vivos e garantir o nome limpo. Já para os atores políticos, o momento é de reposicionamento e cálculo.
Fato é que o impasse ainda não tem data para ser resolvido. Resta saber se a pressão pública surtirá efeito ou se o calendário previsto por Zefinha se manterá intacto, conforme os trâmites regimentais. Enquanto isso, a população continua à espera de uma resposta concreta — e de um projeto que, no fim das contas, é para ela.
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