Pressão contra Moraes atinge 34 senadores, mas impeachment segue parado com Alcolumbre
O pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal se tornou o novo ponto de atrito entre bolsonaristas e o Senado Federal. A proposta, que já conta com o apoio de 34 senadores, segundo levantamento divulgado por Nikolas Ferreira, ainda esbarra na estrutura de comando da Casa, sem perspectiva concreta de avanço. A pauta envolve não apenas os bastidores do poder legislativo, mas também pressões populares e sanções internacionais.

Apesar da mobilização, o movimento enfrenta um obstáculo decisivo: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Cabe a ele decidir se os pedidos protocolados serão levados adiante, e até o momento, ele não deu qualquer sinal de que pretende pautar o tema. Isso faz com que a proposta, ainda que tenha apoio crescente, permaneça estagnada, como ocorreu com os mais de 70 pedidos anteriores contra ministros do STF desde a redemocratização.
Além da articulação interna, o contexto internacional adicionou lenha à fogueira. Alexandre de Moraes foi recentemente sancionado pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky, que o impede de manter relações com instituições financeiras norte-americanas. A decisão, embora polêmica, foi interpretada por opositores do ministro como uma validação das críticas ao seu papel na condução de processos sensíveis envolvendo Bolsonaro e seus aliados.
O levantamento dos votos foi feito por meio da plataforma votossenadores.com.br, criada especificamente para rastrear o posicionamento dos parlamentares em relação ao tema. De acordo com o site, além dos 34 senadores favoráveis, há 19 contrários e 28 indefinidos. A maioria destes últimos permanece em silêncio, mas entre eles estão nomes estratégicos como Renan Calheiros, Romário, Ciro Nogueira e integrantes da base do MDB — legenda frequentemente decisiva em votações sensíveis no Congresso.
Mesmo com a forte pressão popular, os senadores demonstram cautela ao tocar na espinhosa tarefa de julgar um ministro do Supremo. A Constituição autoriza o Senado a processar magistrados por crime de responsabilidade, mas a aplicação dessa prerrogativa nunca ocorreu de fato. Isso revela a dimensão do impasse: o enfrentamento entre os Poderes raramente ultrapassa o campo simbólico, mesmo em momentos de alta tensão política.
A composição do apoio atual indica uma minoria barulhenta no Senado. O grupo que se posiciona a favor da destituição tem ganhado visibilidade nas redes sociais e no noticiário, mas falta-lhe o capital político necessário para pressionar de forma efetiva a mesa diretora da Casa. Ainda que conquiste mais alguns votos, a ausência de vontade política por parte da presidência do Senado impede qualquer avanço concreto.
O silêncio de Alcolumbre diante da crescente mobilização tem sido interpretado como uma estratégia de contenção institucional. Em tempos de polarização acirrada, movimentar um pedido de impeachment contra um ministro do STF poderia representar um ponto de ruptura entre os Poderes. Esse cálculo político, que privilegia a estabilidade da República, vem sendo apontado por especialistas como o principal motivo para a inércia da Casa.
Enquanto isso, opositores de Moraes continuam a explorar o desgaste político do ministro. As acusações de supostos abusos de autoridade, somadas à sua atuação firme em processos contra bolsonaristas, fazem dele um dos nomes mais visados no cenário nacional. A sanção internacional acentuou ainda mais esse quadro, oferecendo munição para os que defendem sua saída.
Mesmo com manifestações, redes de apoio e discursos inflamados, o impeachment de um ministro do STF permanece como um gesto simbólico, sem força institucional no momento. O cenário atual, portanto, evidencia mais uma vez que, na política brasileira, o jogo se decide nos bastidores — e não nas ruas.
Fonte: R7 e Gazetadopovo.
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