Meio Ambiente, preocupação de fato ou politicagem?
Reafirmações de compromisso com o meio ambiente, mas enfrenta desafios?
No Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, o governo Lula realizou uma cerimônia oficial para reafirmar seu compromisso com a preservação ambiental, especialmente na Amazônia. O evento, que contou com a presença de renomadas personalidades do setor ambiental, foi marcado pela assinatura de oito atos voltados para a mitigação das mudanças climáticas e o controle do desmatamento no país.
No entanto, essa celebração ocorreu em meio a um contexto desafiador para o governo. Recentemente, as bancadas conservadoras da Câmara dos Deputados retiraram importantes atribuições dos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, transferindo suas funções para outros órgãos. Essa atitude inédita de interferência na estrutura do governo eleito foi interpretada como uma manifestação de desagrado de setores da Câmara Federal com a falta de diálogo para apresentarem suas demandas em favor de suas bases eleitorais. No entanto, a escolha dos alvos desses ataques revela uma clara intenção de enfraquecer os ministérios, cujas políticas atuais afetam diretamente interesses ligados a atividades fundiárias que promovem desmatamentos e prejudicam os povos indígenas.
A cerimônia sobre a questão ambiental pode ser vista como um primeiro ato afirmativo público por parte do governo, que enfrenta críticas e resistências, especialmente na Câmara dos Deputados. Sob a liderança do deputado Arthur Lira, considerado herdeiro dos métodos do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, o governo busca superar obstáculos para implementar suas propostas.
Até o momento, apenas a proposta de “arcabouço fiscal” apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontrou maior facilidade de tramitação na Câmara dos Deputados, embora tenha passado por adaptações. A necessidade de estabelecer regras para substituir a política do “teto de gastos” herdada do governo anterior era evidente desde o início do governo Lula. O apoio da sociedade facilitou a tramitação desse “arcabouço” na Câmara.
Curiosamente, a economia tem apresentado sinais positivos em algumas áreas, e as previsões de crescimento para este ano já estão sendo estendidas para até 2% pelos mais otimistas. No entanto, o presidente Lula abriu uma nova frente polêmica ao propor a produção de “carros populares”, buscando impulsionar as vendas em um mercado automobilístico enfraquecido. Essa proposta acabou se transformando em um programa de apoio à venda de carros mais acessíveis e à renovação de frotas de ônibus e caminhões, com um orçamento de R$ 1,5 bilhão. No entanto, críticos apontam que esse valor é insuficiente e que essa solução improvisada terá vida curta.
Enfrentar esses desafios implicará resistências por parte daqueles que se beneficiam do atual status quo, que muitas vezes privilegia minorias em detrimento do meio ambiente e do interesse coletivo.
*Com base no artigo de Luiz Roberto Serrano, jornalista e coordenador editorial do “Jornal da USP”, da Superintendência de Comunicação Social, Jornal da USP.