Bolsonaro é alvo de operação da PF, usa tornozeleira e sofre restrições impostas pelo STF
Jair Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar após decisão de Alexandre de Moraes. O ex-presidente está proibido de usar redes sociais, se comunicar com diplomatas e outros investigados, e foi alvo de busca e apreensão por suspeita de tentativa de fuga e ataque à soberania nacional. A operação ocorre em meio a tensões diplomáticas envolvendo os EUA, críticas de Donald Trump à Justiça brasileira e reação dura do governo Lula.
A crise política e judicial em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro atingiu um novo patamar nesta sexta-feira (18). Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal realizou uma operação contra o ex-mandatário, que resultou na imposição de duras medidas cautelares. Entre as determinações, estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e aos fins de semana, e proibição de uso de redes sociais.
A decisão foi motivada por suspeitas de que Bolsonaro estaria articulando uma fuga do Brasil, além de envolvimento em ações que atentariam contra a soberania nacional. A investigação foi aberta poucos dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — movimento que reacendeu a tensão diplomática e gerou acusações de conivência política por parte de aliados de Bolsonaro.
Além das restrições pessoais, a PF apreendeu celulares, documentos e um pen drive escondido em um banheiro da casa do ex-presidente, que serão periciados. A defesa do ex-presidente classificou as medidas como severas e arbitrárias, enquanto aliados usaram as redes sociais para criticar o STF e acusar o ministro Moraes de perseguição política.
Decisão do STF impõe série de medidas restritivas a Bolsonaro
A determinação do ministro Alexandre de Moraes inclui uma série de restrições que alteram completamente a rotina de Jair Bolsonaro. O ex-presidente terá que utilizar tornozeleira eletrônica, está proibido de sair de casa entre 19h e 7h e também durante os fins de semana. Ele não poderá ter contato com diplomatas, embaixadores ou qualquer outro réu ou investigado nos processos em curso no STF.
Também está vetado o uso de redes sociais, uma das principais ferramentas políticas de Bolsonaro desde sua ascensão à presidência. As restrições foram determinadas como parte de uma investigação que apura coação no curso do processo, obstrução de Justiça e tentativa de desestabilização institucional.
A operação da PF foi realizada na residência de Bolsonaro em Brasília e em outros endereços ligados a ele e ao Partido Liberal (PL). A apreensão de celulares, documentos e outros materiais eletrônicos deverá fornecer novas evidências que alimentam a investigação em andamento no Supremo.
A defesa do ex-presidente reagiu com veemência à decisão judicial, afirmando que Bolsonaro sempre cumpriu as determinações da Justiça e classificando as medidas como desproporcionais e políticas.
PF suspeita de plano de fuga e encontra pen drive escondido
Segundo apuração da Polícia Federal, há indícios de que Bolsonaro estaria articulando uma eventual fuga do país. A suspeita ganhou força após movimentações consideradas atípicas pela PF, além de diálogos captados com aliados próximos. A investigação aponta que a saída do Brasil poderia ocorrer em meio às crescentes pressões judiciais e à piora na relação com autoridades internacionais.
Durante a operação, os agentes apreenderam um pendrive escondido em um banheiro da residência do ex-presidente. O dispositivo será analisado por peritos da polícia científica, com expectativa de que contenha informações relevantes para o caso.
Além do pen drive, foram localizados R$ 8 mil e US$ 14 mil em espécie. Também foi confiscada uma cópia da petição inicial da ação que a plataforma de vídeos Rumble move contra Alexandre de Moraes nos EUA, alegando censura.
Lista de medidas impostas pelo STF:
- Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica
- Recolhimento domiciliar entre 19h e 7h e aos fins de semana
- Proibição de contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros
- Proibição de comunicação com outros réus e investigados
- Proibição de uso de redes sociais
A PF já comunicou ao STF a apreensão dos itens e reforçou a preocupação com os indícios de que o ex-presidente buscava burlar decisões judiciais e comprometer a soberania do país.
Trump se envolve e ataca Justiça brasileira
A ofensiva contra Bolsonaro ocorre em meio a uma escalada diplomática provocada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em meio à crise, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, justificando a medida com motivações econômicas e também políticas. Segundo ele, o julgamento de Bolsonaro no Brasil representa uma perseguição e deve ser encerrado “imediatamente”.
Na véspera da operação, Trump divulgou nova carta em apoio a Bolsonaro, afirmando que a Justiça brasileira está sendo usada como instrumento de vingança. A carta provocou reações duras do governo brasileiro. O presidente Lula classificou a atitude do norte-americano como “chantagem inaceitável” e usou um pronunciamento em rede nacional para defender a soberania e a legalidade das instituições brasileiras.
A porta-voz da Casa Branca, em resposta, criticou o Brasil em áreas como meio ambiente e propriedade intelectual, além de destacar a investigação contra o país. Em paralelo, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou que Trump está tentando interferir nos assuntos internos do Brasil de maneira “intolerável”.
A troca de acusações e comunicados evidenciou a tensão crescente entre os dois governos, em um momento em que Bolsonaro volta ao centro do debate político internacional.
Reações políticas e cenário futuro de Bolsonaro
A operação teve grande repercussão entre parlamentares, tanto da base do governo quanto da oposição. Eduardo Bolsonaro, licenciado do mandato e morando fora do país, publicou uma mensagem em inglês afirmando que Alexandre de Moraes “dobrou a aposta” após Bolsonaro divulgar um vídeo direcionado a Trump.
Flávio Bolsonaro também se manifestou, dizendo que a “humilhação” sofrida deixará cicatrizes e que a proibição de pai e filho se comunicarem é um “símbolo do ódio” de Moraes. Já o Partido dos Trabalhadores pediu ao STF a prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro, sob acusação de obstrução de Justiça e ameaça à soberania nacional.
Com a imposição das medidas cautelares, Jair Bolsonaro passa a viver sob severas limitações. Ele segue sendo réu no STF por cinco crimes, com penas que podem somar até 43 anos de prisão. A apreensão de novos materiais pode fortalecer ainda mais as acusações que pesam sobre ele.
O futuro de Bolsonaro dependerá do andamento dos processos no Supremo e do comportamento do ex-presidente diante das novas regras impostas. A defesa promete recorrer, mas o cerco judicial se fecha em meio a um cenário político e diplomático cada vez mais delicado.
Fonte: G1.
Leia mais em Política
Últimas novidades







