Oropouche pode desencadear novo surto de microcefalia no Brasil? Entenda o que está acontecendo
Quase uma década após a epidemia de microcefalia associada ao Zika, o Brasil enfrenta uma nova ameaça com a disseminação do vírus Oropouche. Este vírus, historicamente restrito à região Amazônica, tem se espalhado por todo o país, sendo identificado em 20 estados diferentes. A confirmação da morte de um recém-nascido no Acre, que apresentava anomalias congênitas relacionadas ao vírus, acendeu um sinal de alerta entre os especialistas.
A febre Oropouche é transmitida principalmente pela picada de mosquitos, como o maruim, mas com a expansão do vírus, há temores de que outros vetores, como o Aedes aegypti, possam se tornar transmissores, o que aumentaria o risco de uma epidemia em larga escala. A preocupação maior é com as gestantes, pois, assim como o Zika, o vírus Oropouche tem o potencial de atravessar a barreira placentária e afetar o desenvolvimento do feto.
Em resposta ao aumento expressivo de casos, o Ministério da Saúde intensificou os esforços de vigilância, distribuindo testes diagnósticos para os Laboratórios Centrais (Lacen) em várias regiões do país. No entanto, especialistas destacam que essas medidas podem não ser suficientes e que é necessário ampliar a capacidade de diagnóstico para outras áreas além da Amazônia, incluindo laboratórios comerciais.
Pesquisas recentes indicam que a nova cepa do vírus Oropouche tem uma capacidade de replicação significativamente maior do que as variantes anteriores, aumentando as chances de infecção. Estudos também revelaram que os anticorpos gerados em infecções passadas não são eficazes contra essa nova cepa, o que coloca a população em maior risco.
O histórico de negligência em relação ao vírus, que antes afetava principalmente populações ribeirinhas na Amazônia, contribuiu para a falta de dados sobre sua real capacidade de causar malformações congênitas. Agora, com a disseminação da doença para áreas urbanas, há um movimento crescente entre os especialistas para ampliar os estudos e entender melhor o comportamento do vírus, além de explorar possibilidades como o desenvolvimento de uma vacina.
A situação exige atenção redobrada, especialmente entre gestantes, que devem ser orientadas a usar repelentes e adotar outras medidas preventivas para evitar o contato com o vetor. A vigilância contínua e a ampliação dos estudos são essenciais para conter a propagação do vírus e minimizar os impactos na saúde pública.
Fonte: G1.