Obra da UPA Caieiras Salta para R$ 5,8 Milhões – Silêncio Político Gera Onda de Questionamentos
Em Caieiras, uma obra inicialmente orçada em R$ 1,087 milhão agora requer impressionantes R$ 5,813 milhões para ser concluída. Este salto nos custos da UPA e a ausência de respostas claras dos líderes políticos estão causando ondas de surpresa e questionamentos.
No cenário político da cidade de Caieiras, um episódio particular tem despertado amplo debate e merece uma análise detalhada. Trata-se da gestão e evolução da obra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada na Avenida Doutor Olindo Dártora. Iniciada durante a administração do ex-prefeito Gerson Romero, esta obra tinha como objetivo primordial melhorar o atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) central, próxima à estação ferroviária da cidade. Originalmente orçada em R$ 1.087.446,00, esta obra não apenas visava a uma expansão significativa dos serviços de saúde, mas também representava um marco na infraestrutura urbana de Caieiras.
Contudo, com a mudança na gestão municipal, sob a liderança do atual prefeito Gilmar Lagoinha, Valéria Campos (Secretária de Governo) e do presidente da câmara dos vereadores, Fabricio Calandrini, houve uma interrupção notável na continuidade do projeto. Interessante observar que tanto Lagoinha quanto Calandrini, anteriormente, eram figuras opositoras à administração de Romero. Na prática, essa transição administrativa resultou na paralisação da obra da UPA, que estava 80% concluída.
Em 2023, emergiu um fato curioso e digno de análise
Para a conclusão do que resta da obra da UPA, foi licitado um valor de R$ 5.813.430,29, um montante significativamente superior ao orçamento inicial. Esta elevação de custo, quase seis vezes maior que o valor original, não somente levanta questionamentos sobre a gestão de recursos públicos, mas também reflete as complexidades e desafios inerentes à administração municipal.
Além disso, o cenário político atual em Caieiras é marcado por uma série de processos judiciais envolvendo o prefeito, um fato que, por si só, merece atenção e reflexão. Paralelamente, observa-se uma ausência de novas obras de grande impacto, com a administração atual concentrando-se em mudanças estéticas, como a troca de placas e pequenas reformas em prédios públicos, além de uma aparente ênfase em atividades de propaganda.
Responsabilidade local: Paróquia Santa Rita de Cassia
Interessante também é a menção à relação entre Calandrini e a Paróquia Santa Rita de Cassia, uma instituição de grande influência na comunidade local. A aparente falta de ação ou posicionamento por parte da paróquia frente aos recentes desenvolvimentos políticos em Caieiras levanta questões sobre o papel das instituições religiosas na política local.
Diante desses fatos, a situação em Caieiras oferece um cenário rico para reflexão sobre a gestão pública, a eficiência no uso de recursos, a transparência administrativa e o impacto das decisões políticas na vida cotidiana da população. O caso da UPA em Caieiras, portanto, transcende a mera discussão de uma obra inacabada, abrindo espaço para um diálogo mais amplo sobre responsabilidade, ética e comprometimento no serviço público.
Históra por trás da história
Revisitar a história da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Caieiras nos leva a uma jornada de decisões políticas e impasses administrativos que marcaram a cidade. Tudo começou em 14 de fevereiro de 2017, quando o então vereador Gilmar Lagoinha propôs a construção dessa unidade essencial para a saúde pública local. A obra, que prometia desafogar o atendimento sobrecarregado na UBS central, acabou se tornando um ponto crítico no embate político da cidade.
Naquela época, o ex-prefeito Gerson Romero, enfrentando a oposição de Lagoinha, conseguiu uma importante vitória judicial, mantendo o projeto em andamento. Ele atuou para economizar cerca de R$ 5 milhões ao rescindir um contrato com uma construtora que não cumpriu os prazos estabelecidos. Esse movimento acelerou a obra, alimentando esperanças de uma melhoria significativa na infraestrutura de saúde de Caieiras.
No entanto, a situação tomou um rumo diferente com as eleições municipais que elegeram Lagoinha como prefeito. Uma de suas decisões mais polêmicas foi paralisar a obra da UPA, escolha que suscitou inúmeras críticas e questionamentos. O que se viu a seguir foi um cenário de abandono e desperdício.
O prédio inacabado da UPA transformou-se em um símbolo de negligência
Materiais de construção espalhados, sacos de gesso e madeira jogados ao relento, fiação deteriorada e uma sujeira generalizada passaram a compor a paisagem do local. Sem vigilância adequada, o espaço foi invadido por atividades ilícitas, incluindo o consumo de drogas, deixando rastros de descaso e perigo.
Essa situação perdurou por quase três anos, sem nenhum sinal de retomada da obra. O cenário era de um projeto que, em vez de ser um avanço para a saúde pública, tornou-se um exemplo de desperdício de recursos públicos e um ponto de interrogação sobre a gestão municipal em Caieiras.