Greve dos servidores da Educação de Mairiporã expõe impasse por valorização profissional e escolas precárias
A rede municipal de ensino de Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo, enfrenta um novo capítulo de tensão. Em assembleia realizada no dia 27 de maio, os servidores da Educação aprovaram greve por tempo indeterminado, após considerarem insatisfatória a contraproposta apresentada pela prefeitura. A paralisação escancara um cenário de desgaste acumulado e reivindicações antigas que seguem ignoradas.

Pontos Principais:
- Servidores da Educação de Mairiporã aprovam greve em assembleia no dia 27 de maio.
- Reivindicações incluem reajuste acima da inflação e valorização de títulos acadêmicos.
- Educadores exigem revisão da Lei de Difícil Acesso e melhor infraestrutura escolar.
- Professores denunciam salas superlotadas e formações fora da jornada de trabalho.
- Prefeitura marcou reunião com sindicato, mas ainda não apresentou proposta concreta.
A decisão unânime da categoria reúne professores, coordenadores e demais trabalhadores da rede municipal. Entre os principais pontos da pauta estão o reajuste salarial acima da inflação, o reconhecimento de títulos acadêmicos — como especialização, mestrado e doutorado — e a valorização do tempo de serviço como critério de progressão na carreira. Segundo os grevistas, as políticas atuais não reconhecem nem remuneram adequadamente o esforço contínuo dos educadores em se qualificar.
Outro fator crítico apontado pela categoria é a chamada “Lei de Difícil Acesso”. De acordo com os profissionais, o benefício não contempla todos os servidores que atuam em locais de difícil locomoção, comprometendo a equidade no tratamento funcional. O grupo também exige a realização de formações continuadas exclusivamente durante a jornada de trabalho, para evitar sobrecarga fora do expediente.
As queixas não param nas questões salariais e administrativas. Professores relatam a precariedade da infraestrutura em diversas unidades escolares. Há salas de aula superlotadas, problemas de manutenção e ausência de materiais adequados ao processo de ensino-aprendizagem. A superlotação é vista como um dos principais entraves à qualidade do ensino, dificultando o atendimento individualizado dos alunos e a condução de atividades pedagógicas efetivas.
Durante o movimento, representantes da prefeitura afirmaram que o prefeito de Mairiporã agendou uma reunião em seu gabinete com membros do sindicato, da secretaria de Educação e da secretaria de Gestão Estratégica. Em nota oficial, a administração municipal afirmou estar “aberta ao diálogo” e disposta a “ouvir as reivindicações da categoria”, desde que as propostas apresentadas se mostrem viáveis e estejam alinhadas ao interesse público.
Ainda assim, os servidores mantêm a greve e reforçam que estão abertos à negociação, mas exigem ações concretas. Muitos relatam que suas titulações não têm reflexo na remuneração, desestimulando o aprimoramento profissional. A exigência é que os títulos passem a ser incorporados no plano de carreira com impacto real no salário.
Além das condições de trabalho, o movimento também questiona a gestão dos recursos destinados à educação. Um dos pontos destacados foi a cobrança pelo repasse integral da verba recebida pelas escolas que apresentaram bons resultados no SARESP. Segundo os educadores, esse recurso tem chegado de forma parcial ou sequer é redistribuído às unidades de origem, o que compromete os investimentos locais.
No centro da pauta está também a luta pela redução no número de alunos por sala. A reivindicação, segundo os grevistas, está ligada diretamente à qualidade do ensino. Salas com mais de 30 estudantes têm sido frequentes, o que dificulta tanto o acompanhamento pedagógico quanto o bem-estar físico e emocional dos profissionais.
A greve ganhou força nas redes sociais e nos grupos locais de WhatsApp, onde educadores compartilham vídeos, relatos e documentos que evidenciam as condições nas quais atuam. A movimentação também repercutiu entre pais e responsáveis, divididos entre o apoio à luta dos professores e a preocupação com o impacto no calendário letivo dos alunos.
Até o momento, não há data definida para o fim da paralisação. O tom entre os grevistas é de resistência, mas também de expectativa. Eles afirmam que seguirão mobilizados enquanto não houver uma proposta concreta e comprometida com a valorização efetiva do trabalho docente. Do lado da prefeitura, as promessas de diálogo permanecem no campo da expectativa.
Leia mais em Mairiporã
Últimas novidades







