Dia dos Pais no Brasil: de campanha publicitária em 1953 à tradição nacional de agosto
O Dia dos Pais no Brasil, que será celebrado neste domingo, 10 de agosto, é resultado de uma ideia que, há mais de sete décadas, uniu jornalismo, rádio e estratégia de marketing. Criada em 1953 por Sylvio Bhering, então diretor de “O Globo” e da Rádio Globo no Rio de Janeiro, a data nasceu com um objetivo claro: oferecer aos pais uma celebração tão marcante quanto a que já era dedicada às mães.
Pontos Principais:
- Data criada em 1953 por Sylvio Bhering, de “O Globo” e Rádio Globo.
- Primeira comemoração em 16 de agosto, Dia de São Joaquim.
- Inspirada no sucesso comercial do Dia das Mães.
- Passou para o segundo domingo de agosto anos depois.
- Presentes tradicionais incluem roupas, calçados e artigos tecnológicos da época.
Inspirado pelo sucesso comercial e emocional do Dia das Mães, Bhering lançou uma campanha que buscava unir famílias em torno de gestos de gratidão e afeto paterno. A primeira comemoração ocorreu em 16 de agosto daquele ano, coincidente com o Dia de São Joaquim, figura reconhecida pela Igreja Católica como patriarca da família e pai da Virgem Maria.
Na véspera da estreia da data, o jornal publicou mensagens incentivando filhos a expressarem reconhecimento, reforçando o apelo emocional. A repercussão foi imediata, e a comemoração rapidamente ultrapassou os limites do Rio de Janeiro, alcançando outras regiões do país.
Com o tempo, a escolha do dia sofreu uma mudança estratégica. Para criar simetria com o Dia das Mães, celebrado no segundo domingo de maio, o Dia dos Pais passou a ser comemorado no segundo domingo de agosto, formato que se mantém até hoje. Essa alteração contribuiu para reforçar o aspecto comercial, alinhando a data ao calendário de campanhas publicitárias anuais.
As propagandas de 1953 revelam que, mesmo após décadas, algumas tradições permanecem. Sapatos, camisas e meias já eram presentes recorrentes, acompanhados de itens que, na época, representavam inovação tecnológica, como rádios e câmeras fotográficas. Gravatas e discos de ópera, populares na época, acabaram caindo em desuso, mas a lógica do consumo direcionado ao público masculino permaneceu.
A origem da homenagem paterna, no entanto, não é exclusividade brasileira. Registros históricos apontam que há mais de 4 mil anos, na Babilônia, um jovem chamado Elmesu moldou em argila uma mensagem para seu pai, o rei Nabucodonosor, desejando saúde e longevidade. Esse gesto é considerado um dos primeiros registros de celebração do vínculo entre pais e filhos.
No campo religioso, a tradição cristã vincula o Dia dos Pais a São José, celebrado em 19 de março em países como Itália, Espanha e Portugal, símbolo de paternidade responsável e devotada. A data, nesses países, mantém uma forte ligação com valores familiares e religiosos, diferentemente do enfoque comercial que ganhou força no Brasil e em outros mercados.
Em outras partes do mundo, o calendário varia. Estados Unidos, França e Chile optam pelo terceiro domingo de junho. Já na Alemanha, a comemoração ocorre 39 dias após a Páscoa, muitas vezes associada a festividades ao ar livre e encontros entre amigos e familiares.
No Brasil, o vínculo com agosto é resultado direto da iniciativa publicitária de 1953, que, sem pretender criar um marco histórico, acabou estabelecendo uma tradição. A força dessa criação não apenas consolidou a data no calendário, mas moldou hábitos de consumo e comunicação que permanecem até hoje.
O Dia dos Pais brasileiro é, portanto, fruto de um encontro entre fé, comércio e cultura, nascido de uma estratégia que uniu emoção, imprensa e oportunidade de mercado — e que se perpetua como uma das celebrações mais significativas do ano.
Leia mais em Entretenimento
Últimas novidades







