Denúncia de Eduardo Bolsonaro aos EUA derruba ações do Banco do Brasil em mais de 7%
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) despencaram mais de 7% na tarde de sexta-feira, 1º de agosto, após uma articulação política vir à tona e provocar reação em cadeia no mercado. O gatilho foi a denúncia do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que teria alertado o governo dos Estados Unidos sobre brechas no cumprimento das sanções da Lei Magnitsky, especialmente em relação ao ministro Alexandre de Moraes. A acusação sugere que instituições financeiras brasileiras, incluindo o Banco do Brasil, estariam ignorando determinações internacionais, o que levou investidores a reagirem com vendas massivas.
Pontos Principais:
- Ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram mais de 7% na sexta, 1º de agosto.
- Eduardo Bolsonaro denunciou ao governo dos EUA que o BB estaria ignorando sanções contra Moraes.
- Mercado reagiu com venda em massa e aumento no volume de negociações.
- Lei Magnitsky prevê punições a violações de direitos humanos e corrupção.
- Riscos reputacionais, jurídicos e diplomáticos impactam a confiança na estatal.
A denúncia de Eduardo Bolsonaro foi revelada inicialmente pelo jornal O Globo. De acordo com a publicação, o parlamentar busca provar, junto ao Departamento de Estado dos EUA, que o Brasil estaria falhando em aplicar sanções previstas pela Lei Magnitsky, mecanismo jurídico norte-americano que permite punir agentes públicos envolvidos em violações de direitos humanos e corrupção. A inclusão de Alexandre de Moraes em uma lista informal de alvos da lei já vinha sendo especulada, mas a movimentação internacional do deputado reacendeu a instabilidade política.
A resposta do mercado foi instantânea. O papel BBAS3, que operava com estabilidade durante a manhã, entrou em queda livre após a publicação das informações. A cotação caiu vertiginosamente à tarde, acompanhada de um forte volume de negócios, o que indica movimentação de grandes investidores institucionais se desfazendo dos ativos. A queda das ações do BB também contaminou outros papéis do setor bancário, ainda que com menor intensidade.
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O Banco do Brasil, como principal instituição financeira de capital misto do país, tornou-se o epicentro da crise. Responsável por operações estratégicas como o pagamento de servidores públicos, o banco viu sua imagem ser arrastada para o centro de um conflito diplomático. A possibilidade de retaliações do sistema financeiro internacional gera preocupação sobre o acesso a linhas de crédito, parcerias e o risco de sanções secundárias por parte dos EUA.
Analistas de consultorias privadas ouvidos pela imprensa destacaram que o envolvimento do nome da instituição em denúncias bilaterais com os Estados Unidos acende sinal de alerta em fundos estrangeiros, especialmente aqueles que adotam critérios rigorosos de governança, conformidade e responsabilidade institucional. O temor é que a estatal passe a ser vista como um ativo de risco elevado, perdendo atratividade perante investidores internacionais.
Em paralelo, o caso reacende o debate sobre a separação entre política e gestão técnica nas estatais brasileiras. A proximidade entre decisões institucionais e interesses partidários coloca em xeque a autonomia operacional do Banco do Brasil. Para analistas mais céticos, o episódio reforça a fragilidade das instituições frente às turbulências políticas e aumenta a percepção de risco Brasil.
Embora o BB ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre o caso até o fechamento desta edição, a pressão por uma resposta cresce entre investidores e agentes do mercado. A ausência de uma nota pública ou posicionamento oficial agrava a incerteza e alimenta rumores, dificultando a estabilização do papel em curto prazo.
A Lei Magnitsky tem sido usada como ferramenta de pressão geopolítica por parte dos EUA, com aplicação de sanções contra indivíduos e entidades em diversos países. Ao associar o nome de Alexandre de Moraes às sanções, mesmo sem confirmação oficial de sua inclusão formal, Eduardo Bolsonaro provocou um ruído institucional que atravessou as fronteiras e chegou à B3.
O episódio também deve alimentar o tensionamento entre os Poderes no Brasil. A atuação de um deputado federal denunciando supostos descumprimentos de sanções por uma estatal brasileira pode aprofundar o desgaste entre o Legislativo e o Judiciário, além de impactar as relações internacionais do país. A depender dos desdobramentos, o caso pode entrar na pauta do Itamaraty e atrair atenção do Planalto.
A volatilidade dos mercados nesta sexta-feira deixou claro como os ruídos políticos são capazes de abalar até mesmo instituições consolidadas como o Banco do Brasil. A falta de previsibilidade e a interferência de atores políticos em temas sensíveis do ponto de vista internacional criam um ambiente desfavorável ao investimento e aumentam o custo de capital para empresas brasileiras no exterior.
Fonte: Seudinheiro e Exame.
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