Caieiras: Decreto 9.076 acende disputa sobre estágio probatório, ADIs, terceirizações e R$ 200 mi

O que aconteceu: um debate jurídico ganhou as ruas. Em Caieiras (SP), o Decreto nº 9.076, de 26 de setembro de 2025, que disciplina a avaliação especial de desempenho no estágio probatório, foi apontado por colunista como invasão de matéria reservada à lei complementar. Quem sustenta a crítica é Hermano Leitão; quando e onde: a coluna foi publicada às 12h35 de 05/11/2025, no Portal Dois Pontos; por quê: porque a Constituição exige parâmetros definidos em lei.

Opinião
Publicado por Bianca Ludymila em 14/11/2025

Pontos Principais:

  • Decreto nº 9.076 (26/09/2025) é acusado de invadir matéria de lei complementar ao tratar da avaliação do estágio probatório.
  • Coluna publicada às 12h35 de 05/11/2025 no Portal Dois Pontos sustenta que os critérios devem estar na LC nº 5.188/2019.
  • Números citados: 2.250 servidores (01/2021) e 2.502 (10/2025), além de 750 no Programa de Empregabilidade.
  • Terceirizações e gestão mista no Pronto Socorro Rosa Santa Pasin Aguiar integram gasto anual acima de R$ 200 milhões.
  • ADIs questionam cargos comissionados e leis ligadas ao Programa de Empregabilidade por suposta violação ao concurso público.

A crítica amarra o tema ao Artigo 41 da Constituição Federal, que assegura estabilidade após três anos e avaliação especial. Em Caieiras, há a LC nº 5.188/2019; segundo a análise, o decreto, por ser ato infralegal, não poderia inovar em campo reservado à lei complementar, que demanda maioria absoluta na Câmara e debate público que legitime critérios como assiduidade, eficiência e produtividade.

Decreto 9.076 põe em xeque avaliação de servidores e amplia tensão, cita ADIs, contratos e crescimento do quadro em Caieiras.
Decreto 9.076 põe em xeque avaliação de servidores e amplia tensão, cita ADIs, contratos e crescimento do quadro em Caieiras.

A leitura jurídica destaca a hierarquia das normas. Decretos existem para regulamentar a execução da lei, não para substituir o que a Constituição reserva ao processo legislativo. Quando o Executivo amplia competências por decreto, surge o risco de vício material — e, em certas situações, formal — com reflexos na segurança jurídica do servidor e na previsibilidade administrativa.

O cenário administrativo descrito traz números. Em janeiro de 2021, a prefeitura contabilizava 2.250 servidores; em outubro de 2025, eram 2.502. Há ainda 750 participantes do Programa de Empregabilidade, além de estagiários e bolsistas. A soma de vínculos temporários ao quadro efetivo compõe uma máquina híbrida, que exige controles claros de supervisão, escopo e custo.

A terceira perna do debate é a terceirização. A prefeitura contrata empresas para funções administrativas e especializadas, e o Pronto Socorro Rosa Santa Pasin Aguiar opera sob gestão mista, com pessoal cedido pela administração. O gasto anual com empresas de serviços é citado como superior a R$ 200.000.000,00, ponto que recoloca a pauta fiscal ao lado da legalidade.

Dois contratos são mencionados como exemplares. Um com o Abrigo Centro Terapêutico Educacional Cristão, R$ 424.541,00, para manter Casa de Passagem 24 horas, apesar da existência de abrigo municipal. Outro com o Instituto Recrie, R$ 150.000,00, no programa “Prospera Família”, proposto como caminho de proteção social básica e inclusão produtiva. A crítica questiona sobreposição e resultados.

No campo do controle de constitucionalidade, a análise cita a ADI nº 2036421-18.2024.8.26.0000, que alcança cargos comissionados como Assessor Especial Interno, Assessor de Comunicação, Assessor de Convênios e correlatos, por atribuirem funções burocráticas e técnicas típicas de servidores concursados. O parâmetro constitucional restringe cargos em comissão a direção, chefia e assessoramento.

Outra ação lembrada é a ADI nº 2024880-90.2021.8.26.0000, que rechaçou a Lei nº 5.437/2021 por afronta a dispositivos da Constituição Estadual e ao art. 22, I, da Constituição Federal. Há, ainda, questionamento às Leis nº 5.923/2023 e, por arrastamento, nº 5.974/2023, que instituem o Programa de Incentivo à Empregabilidade, sob alegação de violar a regra do concurso e ampliar exceções de contratação temporária.

Para a cidadania, a discussão é concreta. Avaliações de desempenho ancoradas em lei são barreira contra perseguições e garantem devido processo ao servidor, com métricas objetivas e defesa. A expansão de terceirizações e vínculos temporários demanda mensuração de custo-benefício, indicadores de entrega e transparência contínua no Portal da Transparência.

A marca temporal de 12h35 de 05/11/2025 fixa o episódio como registro público local. Com decreto, ADIs, quadro de pessoal e contratos em pauta, o caso reposiciona o limite entre eficiência administrativa e respeito às formas constitucionais, exigindo documentação acessível e dados verificáveis para orientar o debate da comunidade e do Legislativo.

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