Brasil Concentra 76% dos Incêndios na América do Sul
O Brasil enfrenta uma situação alarmante com um aumento significativo no número de incêndios. Nas últimas 24 horas, foram registrados 5.132 focos de incêndio, o que representa 75,9% dos incêndios em toda a América do Sul, conforme dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior concentração de incêndios está no bioma Cerrado, que recentemente ultrapassou a Amazônia em termos de frentes de fogo.
Especialistas, como Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), expressam grande preocupação com a antecipação do período crítico de incêndios. Alencar observa que a intensidade dos focos é significativamente maior neste ano comparado ao mesmo período do ano passado. Em apenas dez dias de setembro, foram registrados 37.492 focos, mais de duas vezes o número observado no mesmo período de 2023. Esse aumento é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo fenômenos climáticos como o El Niño e a ação humana.
Além dos efeitos ambientais, os incêndios têm causado graves problemas de saúde pública. O Ministério da Saúde acionou a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) para ajudar a mitigar os efeitos das queimadas na saúde das populações afetadas. A poluição do ar gerada pelos incêndios tem resultado em episódios críticos de poluição, afetando o sistema de saúde e a qualidade de vida das pessoas.
As unidades de conservação também estão sendo impactadas pelos incêndios. No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, localizado em Goiás, cerca de 10 mil hectares foram atingidos pelas chamas. No Mato Grosso, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) interditou temporariamente pontos turísticos em áreas afetadas pelos incêndios. Em Goiás, as áreas de visitação não foram diretamente impactadas, permitindo a continuidade das atividades turísticas no entorno.
A ação humana continua sendo uma das principais causas dos incêndios. O uso do fogo para renovação de pastagens e a conversão de terras para desmatamento são identificados como principais fontes de ignição. Embora a seca contribua para a propagação dos incêndios, os especialistas destacam que a maioria dos focos é iniciada por atividades humanas.
Além dos impactos ambientais e de saúde, os incêndios também têm efeitos econômicos significativos. A perda de biodiversidade, a redução da capacidade de recuperação das áreas queimadas e os danos à agropecuária e à agricultura são apenas algumas das consequências. A diminuição da capacidade de retenção de carbono e a perda de serviços ecossistêmicos, como a provisão de água, também são preocupantes.
Diante dessa crise, a conscientização pública é essencial para complementar as ações governamentais na luta contra os incêndios. A colaboração da sociedade é crucial para enfrentar e mitigar os danos causados por essa emergência ambiental.
Fonte: AgênciaBrasil.