A Transformação do Juquery: Reflexões sobre a Evolução da Saúde Mental no Brasil
Por Bia Ludymila. No coração da região metropolitana de São Paulo, ergue-se uma estrutura que tem sido testemunha de mais de um século em transformações na saúde mental: o Complexo Hospitalar do Juquery.
Fundado em 1898 e funcionando até início de 2021, o Juquery não foi apenas o maior hospital psiquiátrico do Brasil, mas também um espelho das mudanças sociais e médicas ao longo dos anos.
A história do Juquery é marcada por episódios que desafiam nossa compreensão contemporânea sobre saúde mental.
Em relatos publicados de Daniel Navarro Sonim, jornalista, e José da Conceição, ex-funcionário do hospital, emergem imagens de um passado sombrio. Com condições que beiram a tortura e desumanidade, o Juquery representa um período onde a saúde mental era negligenciada e estigmatizada.
A imagem que ele pinta é brutal
Conceição, que começou a trabalhar no Juquery em 1970, descreve um cenário de superlotação e falta de recursos. Pacientes confinados em celas insalubres, tratados não como seres humanos, mas como números. O caso de José Carlos, encontrado em condições inimagináveis em uma cela sem banheiro, é um retrato vívido da negligência enfrentada.
O complexo também serviu como um tipo de campo de concentração para pessoas consideradas inimigas do Estado durante a ditadura militar. Neste período, o hospital atingiu seu ponto crítico, com mais de 18 mil pacientes. A linha entre a assistência médica e a repressão política era tênue.
A história do Juquery não é só de horrores
Ela é também de evolução. A virada do milênio trouxe a Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira (Lei 2016, de 06/04/2001), marcando um compromisso com tratamentos mais humanizados e integrados à comunidade. Este foi um ponto de inflexão na história da saúde mental no país, refletindo uma nova compreensão e abordagem do tema.
Em 1º de abril de 2021, os últimos nove pacientes de longa permanência foram transferidos do Juquery para Residências Terapêuticas, marcando o fim de uma era. Esse momento simboliza uma mudança significativa na forma como o Brasil trata sua população com transtornos mentais – um movimento de asilos isolados para cuidados integrados na comunidade.
Daniel Navarro Sonim destaca a importância de conhecer essa história para entender como tratamos a saúde mental hoje. A analogia que ele faz entre procurar um ortopedista para uma fratura óssea e um psicólogo para questões mentais é um poderoso lembrete da necessidade de normalizar e priorizar a saúde mental.
A história do Juquery é um lembrete da jornada que a saúde mental percorreu, dos cantos escuros da negligência e estigma, à luz do reconhecimento e respeito. É uma história de horror e esperança, refletindo não apenas o passado, mas também o potencial de um futuro mais humano e compreensivo.
Da Escuridão à Luz: A Longa Jornada do Complexo Hospitalar do Juquery
Daniel Navarro Sonim ressalta a importância de reconhecer e aprender com a história do Juquery. Ele destaca como o estigma em torno da saúde mental e a negligência do Estado contribuíram para o sofrimento de inúmeros indivíduos. Sua análise nos leva a refletir sobre a importância de tratar a saúde mental com a mesma seriedade que dedicamos à saúde física.
A história desse complexo hospitalar é um lembrete vívido das sombras do passado. No entanto, mais importante, ela é um farol de esperança e um testemunho da capacidade de mudança e progresso. Ao refletir sobre o passado do Juquery, não apenas honramos aqueles que sofreram em suas instalações, mas também reafirmamos nosso compromisso com um futuro onde o cuidado e a compaixão são os pilares do tratamento em saúde mental.
História de Franco da Rocha
A história de Franco da Rocha, uma cidade no estado de São Paulo, Brasil, é bastante rica e interessante.
A primeira documentação histórica da cidade data de 1627, quando o rei de Portugal começou a oferecer sesmarias, que eram doações de terras com a obrigação de cultivo, na área.
Amador Bueno da Ribeira foi uma das primeiras pessoas a receber essas terras, cuidando dos Campos do Juquery.
Parada do Feijão
No século XIX, Franco da Rocha era conhecida como um ponto de parada para bandeirantes e viajantes a caminho do estado de Minas Gerais, sendo chamada de “Parada do Feijão”. A área era então composta principalmente por grandes fazendas. Em 1807, surgiram as primeiras escrituras de propriedades como o sítio Borda da Mata, que mais tarde foi vendido para a Estrada de Ferro São Paulo Railway.
Um marco no desenvolvimento da cidade foi a fundação da estação do Juquery em 1º de fevereiro de 1888. No mesmo ano, chegou à cidade o imigrante italiano Filoteo Beneducci, que inicialmente tinha a intenção de descobrir ouro, mas acabou se dedicando à extração de pedras, uma atividade que se tornou a primeira indústria de Franco da Rocha.
Outro fato marcante para a cidade foi a construção do Hospital Psiquiátrico no Juquery, iniciada em 1885. Este hospital, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, foi estabelecido para atender a crescente demanda por cuidados psiquiátricos no Estado de São Paulo. Inaugurado inicialmente com 800 leitos, o hospital teve um papel significativo no desenvolvimento da cidade.
O aspecto religioso também foi importante, com a construção da Igreja Matriz em louvor a Nossa Senhora da Conceição, iniciada em 1908. A cidade também viu o estabelecimento de várias escolas importantes, como o Grupo Escolar de Franco da Rocha, o Grupo Escolar Azevedo Soares e o Ginásio Estadual Benedito Fagundes.
Finalmente, Franco da Rocha foi elevado à categoria de distrito do município de Mairiporã em 1934 e se tornou uma cidade autônoma em 30 de novembro de 1944. Esses eventos marcam a evolução de Franco da Rocha de uma área de sesmarias e fazendas para um município autônomo com uma rica herança histórica e cultural.
Com informações de Estadão e Prefeitura.