Morre Arlindo Cruz no RJ: artista morre aos 66 anos após longa batalha contra sequelas de AVC
O samba amanheceu em silêncio nesta sexta-feira (8) com a notícia da morte de Arlindo Cruz, um dos mais importantes músicos e compositores de sua geração. Aos 66 anos, o artista faleceu no Rio de Janeiro, após internação no CTI da Casa de Saúde São José para tratar uma pneumonia. A informação foi confirmada pela família, que acompanhou de perto sua luta contra complicações de saúde desde 2017.

Em julho deste ano, o quadro clínico agravou-se. Segundo familiares, Arlindo deixou de responder a estímulos e não apresentava mais avanços, mesmo após intervenções médicas. Além da pneumonia, que culminou em seu falecimento, ele também convivia com uma doença autoimune e utilizava sonda alimentar.
Nascido no berço do samba carioca, Arlindo Cruz construiu sua base artística nos anos 1980, frequentando as rodas do Cacique de Ramos ao lado de ícones como Jorge Aragão e Almir Guineto. Inicialmente reconhecido como compositor, emplacou músicas gravadas por diversos intérpretes antes de assumir o microfone e se tornar também cantor de suas criações.
A consagração veio com o grupo Fundo de Quintal, no qual substituiu Jorge Aragão e permaneceu por 12 anos. Nesse período, participou da gravação de clássicos como “Seja Sambista Também”, “Só Pra Contrariar” e “Castelo de Cera”. A saída em 1993 abriu espaço para a carreira solo, mas não o afastou das parcerias de peso.
Entre 1996 e 2002, em colaboração com o músico Sombrinha, lançou cinco álbuns que ampliaram seu alcance no cenário nacional. Em 2009, registrou um dos momentos mais marcantes de sua trajetória com o DVD MTV ao Vivo: Arlindo Cruz, que vendeu cem mil cópias e consolidou seu nome fora do circuito das rodas de samba.
Compositor de mão cheia, teve canções gravadas por Zeca Pagodinho, como “Bagaço de Laranja” e “Casal Sem Vergonha”, e por Beth Carvalho, que eternizou “Jiló com Pimenta” e “Partido Alto Mora no Meu Coração”. O último trabalho antes do AVC foi Pagode 2 Arlindos (2017), ao lado do filho Arlindinho, mantendo viva a tradição familiar no samba.
Arlindo também fez história no carnaval carioca, compondo sambas-enredo para escolas como Império Serrano, Acadêmicos do Grande Rio e Unidos de Vila Isabel. Sua habilidade em traduzir histórias e sentimentos em versos fez dele referência obrigatória nas disputas e nos desfiles.
Na vida pessoal, foi casado por mais de 26 anos com a produtora Babi Cruz, com quem renovou votos em 2022, e pai de dois filhos, Arlindo “Arlindinho” e Flora. Após o AVC, manteve-se cercado pela família, que esteve presente em cada etapa de sua recuperação e enfrentou, ao lado dele, os desafios impostos pelas internações frequentes.
A partida de Arlindo Cruz representa não apenas a perda de um músico virtuoso, mas o encerramento de um capítulo importante da história do samba brasileiro, marcado por melodias que atravessaram gerações e continuam a ecoar nas rodas, nos desfiles e na memória afetiva do país.
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