Fake News: Governo vai cobrar IPVA até de bicicleta?
Fake news volta a circular nas redes em 2025 e assusta internautas. No último fim de junho, um velho rumor reciclado voltou a se espalhar com força nas redes sociais brasileiras, incendiando grupos de WhatsApp, Telegram e até mesmo postagens em redes como o X (antigo Twitter). O conteúdo, recheado de ironias políticas e indignações inflamadas, dizia que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria anunciado a cobrança de IPVA para bicicletas. A notícia, apesar de falsa, teve grande repercussão e voltou a alimentar desinformações sobre a política tributária do país.

De acordo com a nota, não há qualquer estudo, proposta ou intenção do Governo Federal de aplicar IPVA sobre bicicletas. O documento ainda frisou dois pontos fundamentais para encerrar a confusão: o IPVA é um imposto estadual, não federal, e incide exclusivamente sobre veículos automotores. Bicicletas, por definição, não possuem motor, e portanto não se encaixam nessa categoria tributária.
A equipe do E-farsas, site brasileiro de checagem de fatos fundado por Gilmar Lopes em 2002, já havia desmentido essa mesma informação anteriormente, em 2023, quando o boato surgiu pela primeira vez. À época, a história também afirmava que a taxação de bicicletas viria como forma de “combater a gastança do governo”. A checagem apontou que, além de não haver qualquer menção oficial ao imposto, a Constituição Federal impede que o Governo Federal legisle sobre o IPVA sem uma alteração por emenda constitucional.
A base legal para desmentir a fake news está no artigo 155, inciso III, da Constituição, que diz que cabe exclusivamente aos estados e ao Distrito Federal instituírem impostos sobre a propriedade de veículos automotores. Essa separação de competências é clara, o que torna impossível uma cobrança federal de IPVA para bicicletas, mesmo que houvesse interesse — o que, até agora, nunca existiu.
Outro elemento que contribuiu para a confusão foi o uso indevido da Resolução 996/2023 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). O texto da resolução estabelece regras de segurança para bicicletas elétricas e veículos autopropelidos, como o uso obrigatório de capacete, campainha e sinalização noturna. No entanto, o documento trata exclusivamente da circulação e não de tributação.
Mesmo assim, a desinformação encontrou terreno fértil em meio ao ambiente polarizado da política nacional, em que qualquer tema relacionado a impostos ou medidas do governo tende a viralizar rapidamente, especialmente quando associado a narrativas críticas. A falsa proposta de tributar bicicletas foi usada como ferramenta de ataque político, com memes e vídeos distorcendo os fatos.
É nesse contexto que se destaca o papel de veículos como o E-farsas. Com mais de duas décadas dedicadas à verificação de boatos, o site reitera que o episódio do IPVA sobre bicicletas é mais um exemplo clássico de fake news com “roupagem técnica”, que se apropria de termos jurídicos e administrativos para dar aparência de veracidade. Ao fim, trata-se apenas de mais um ciclo de desinformação que ressurge em períodos estratégicos.
A persistência do boato ao longo dos anos demonstra como a desinformação pode se manter viva, adaptando-se ao momento político e social para causar impacto. O mesmo conteúdo que causou polêmica em 2023 voltou em 2025 com força, exatamente por explorar medos coletivos e a desconfiança pública em relação aos governos. Sem fatos novos, mas com nova roupagem, a mentira ganha nova vida — e seguidores.
Ao navegar por temas como este, o usuário é desafiado a buscar fontes confiáveis antes de compartilhar qualquer informação. A responsabilidade sobre o que se compartilha é também parte do combate às fake news. No caso do IPVA das bicicletas, a checagem foi simples e rápida — mas o estrago, em termos de percepção pública, já estava feito.
Fonte: e-farsas
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