Uso do Bolsa Família com apostas online tem revoltado brasileiros
O governo federal decidiu agir para evitar o uso indevido dos recursos do Bolsa Família, após a divulgação de um relatório preocupante do Banco Central. Segundo o levantamento, 5 milhões de beneficiários do programa social gastaram cerca de R$ 3 bilhões em apostas online em agosto de 2024. Em resposta a esses números, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social anunciou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para combater esse desvio de finalidade.
Esse grupo de trabalho terá a missão de propor soluções concretas para restringir o uso de recursos do programa em bets, que incluem desde apostas esportivas até cassinos virtuais. A previsão é que até o dia 2 de outubro o GT apresente uma proposta formal. A iniciativa também envolve a participação de outros órgãos governamentais, como o Ministério da Fazenda, a Casa Civil e o Banco Central, trabalhando de forma integrada para enfrentar o problema.
O objetivo central dessa ação é garantir que o Bolsa Família continue cumprindo sua missão original de combater a fome e promover a segurança alimentar. O programa foi criado para assegurar que famílias em situação de vulnerabilidade tenham acesso ao mínimo necessário para uma vida digna, sem a interferência de comportamentos de risco, como apostas online.
A gravidade da situação foi reforçada pelos dados do Banco Central. Segundo o relatório, dos 5 milhões de beneficiários que realizaram apostas, 70% são chefes de família, e juntos enviaram R$ 2 bilhões para sites de apostas apenas em agosto. O gasto médio desses apostadores foi de cerca de R$ 100, levantando preocupações sobre a gestão desses recursos.
O senador Omar Aziz, que solicitou o levantamento do Banco Central, afirmou que irá acionar a Procuradoria-Geral da República para pedir a retirada das páginas de apostas online até que haja uma regulamentação adequada. O uso de recursos do Bolsa Família em apostas fere diretamente o objetivo do programa, que visa garantir o sustento básico das famílias mais vulneráveis do país.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reforçou em nota que a prioridade do governo é garantir que os programas de transferência de renda continuem sendo ferramentas eficazes no combate à fome. Ele destacou a importância de manter o foco em segurança alimentar, reiterando que os esforços do governo serão direcionados a preservar a dignidade das famílias atendidas.
As apostas online têm crescido em popularidade no Brasil, e seu impacto no uso dos benefícios sociais é um sinal de alerta para as autoridades. O governo agora trabalha para encontrar um equilíbrio entre regulamentar esse mercado crescente e proteger os recursos destinados à população mais carente.
Beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para apostas esportivas em agosto, aponta Banco Central
Os beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para empresas de apostas em agosto de 2024, segundo relatório do Banco Central. O documento revela que a maior parte dessas transações foi realizada por PIX e envolveu 4 milhões de chefes de família, que são os principais responsáveis por receber o benefício. A média de valor gasto em apostas no período foi de R$ 100 por pessoa. Cerca de 17% dos beneficiários do programa social apostaram em plataformas conhecidas como “bets”, o que levantou preocupações sobre o impacto dessa atividade na população mais vulnerável.
Esse levantamento é o primeiro realizado pelo Banco Central para avaliar a relação entre os beneficiários de programas sociais e as empresas de apostas. O estudo identificou que famílias de baixa renda estão mais expostas aos riscos desse tipo de prática, com um número significativo de pessoas em vulnerabilidade financeira apostando em plataformas de jogos. Segundo a análise, essas famílias são as mais prejudicadas, especialmente pelo apelo das apostas como uma forma rápida de enriquecimento, algo que atrai quem vive em situações financeiras delicadas.
Dos R$ 3 bilhões transferidos, cerca de R$ 2 bilhões foram enviados por chefes de família. O relatório ainda descartou pagamentos feitos por outros meios, como cartão de crédito e débito, focando apenas nas transferências realizadas por PIX. Além disso, o perfil dos apostadores indica que a maioria das pessoas que participam dessas atividades tem entre 20 e 30 anos. Apesar disso, o valor médio gasto em apostas aumenta com a idade, sendo que indivíduos mais velhos tendem a gastar até R$ 3 mil por mês em jogos de azar.
A relação entre as famílias de baixa renda e as plataformas de apostas é motivo de preocupação, principalmente porque o número de apostadores entre os beneficiários do Bolsa Família corresponde a aproximadamente 17% do total de cadastrados. Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas voltadas ao controle e regulação das apostas no Brasil, já que o cenário indica que essas atividades estão profundamente enraizadas em segmentos da população que dependem de programas sociais.
O impacto das apostas esportivas nas famílias mais vulneráveis também gerou debates entre especialistas e autoridades. O ministro Fernando Haddad, por exemplo, destacou que qualquer forma de dependência precisa ser combatida pelo Estado. Ele afirmou que o aumento de práticas como as apostas coloca em risco a segurança financeira das famílias e defendeu a adoção de medidas mais rígidas para controlar o setor de jogos no país. A partir de outubro, empresas de apostas que não pediram autorização para operar no Brasil terão suas atividades suspensas, uma tentativa de mitigar o problema.
As casas de apostas, por outro lado, divulgaram uma carta defendendo suas operações, argumentando que o consumo responsável deve ser incentivado e que a proibição não resolverá os problemas de endividamento das famílias. O Banco Central estima que 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar no Brasil, realizando ao menos uma transação via PIX para essas plataformas durante o mês de agosto.
A discussão sobre o impacto social das apostas esportivas no Brasil está apenas começando, e os dados revelados pelo Banco Central acendem um alerta sobre a necessidade de uma regulação mais eficaz para proteger a população mais vulnerável.
Fonte: CNN e Agênciabrasil.