Precisamos falar sobre ebulição global e racismo ambiental
O termo “racismo ambiental” pode causar estranhamento à primeira vista, mas é essencial entender seu significado e impacto. Criado pelo ativista Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr. na década de 1980, o termo refere-se à discriminação que populações vulneráveis sofrem através da degradação ambiental. Essas populações, muitas vezes compostas por minorias étnicas, são desproporcionalmente afetadas pela poluição e falta de infraestrutura básica.
Um exemplo inicial da aplicação do termo foi a denúncia sobre o depósito de resíduos tóxicos em um condado majoritariamente negro nos Estados Unidos. Isso demonstrou como a degradação ambiental pode ser direcionada a grupos específicos, evidenciando um padrão de injustiça.
No Brasil, o racismo ambiental é visível em diversas situações. Comunidades periféricas frequentemente vivem em áreas sem saneamento básico ou em zonas de risco de desastres naturais. A falta de políticas públicas eficazes para prevenir enchentes ou deslizamentos de terra revela como essas vidas são negligenciadas.
Keilla Vila Flor, historiadora e professora, destaca a importância de refletir sobre o racismo ambiental no contexto brasileiro. Em particular, no Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, ela ressalta como as mulheres negras são afetadas por essas questões. Tereza de Benguela liderou um quilombo no século XVIII, que foi destruído pelo governo colonial português, exemplificando a histórica marginalização de comunidades negras.
Hoje, a relação entre o Estado e as comunidades que vivem em harmonia com a natureza, como quilombolas e indígenas, continua marcada por conflitos. Essas comunidades são as primeiras a sentir os impactos das mudanças climáticas, mostrando a urgência de se buscar a justiça climática.
O professor Marcos Bernardino de Carvalho, da USP, explica que o racismo ambiental não é coincidência, mas resultado de um histórico de exclusão e falta de reparação dos danos causados pela escravidão. A degradação ambiental em áreas ocupadas por populações negras é um reflexo de políticas de extermínio silenciosas.
Para combater o racismo ambiental, é crucial entender seu vínculo com as injustiças sociais. A falta de investimento em regiões vulneráveis e o despejo de resíduos tóxicos são exemplos de como a discriminação ambiental perpetua desigualdades. A ausência de serviços públicos básicos aprofunda ainda mais o abismo social.
Enfrentar o racismo ambiental exige sair da zona de conforto e reconhecer que a crise climática não afeta todos igualmente. As políticas públicas devem priorizar a proteção das comunidades vulneráveis, garantindo um futuro mais justo e sustentável.
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