Empresário é preso com 103 kg de ouro em fundo falso de Hilux avaliado em R$ 61 milhões
Uma caminhonete preta cortava o asfalto da BR-401 como qualquer outro veículo, mas bastaram alguns minutos de conversa para que os agentes da Polícia Rodoviária Federal percebessem que algo estava errado. O nervosismo do motorista, a história mal contada sobre uma suposta fiscalização de obras e os detalhes adulterados no interior da Hilux 2024 levaram à descoberta que agora ocupa o centro de uma das maiores investigações sobre ouro ilegal já registradas no Brasil.

O motorista, natural de Porto Velho (RO), é dono de uma loja de roupas no bairro Lagoa, mas afirmou aos policiais que estava vindo de Manaus como fiscal de obras. Ao ser questionado sobre o destino da suposta fiscalização, não conseguiu informar nome nem endereço. A história pouco convincente despertou a atenção dos agentes, que decidiram fazer uma vistoria minuciosa na caminhonete — e encontraram o tesouro escondido sob o painel.
Na delegacia da Polícia Federal, o empresário preferiu exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio. Acompanhado por dois advogados, foi autuado pelos crimes de extração ilegal de minério e usurpação de bem da União, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais. A caminhonete utilizada na ação não estava registrada em nome do suspeito, e o verdadeiro proprietário segue desconhecido.
A PRF afirmou que o tipo de compartimento secreto usado na Hilux é característico de veículos utilizados em rotas do garimpo clandestino na região Norte. Roraima, em especial, tem sido foco de atenção das autoridades pelo aumento expressivo de ações ligadas à mineração ilegal. Essa apreensão reforça a presença de esquemas sofisticados operando entre fronteiras e áreas remotas, muitas vezes com aparência de normalidade.
A defesa do empresário publicou uma nota oficial alegando que ele atua no setor mineral como alternativa de sustento, assim como milhares de brasileiros em áreas de tensão regulatória. O advogado responsável afirmou que o cliente está à disposição da Justiça e responderá às acusações sob a proteção do princípio da presunção de inocência, pedindo prudência na avaliação pública do caso.
Enquanto isso, o ouro apreendido foi encaminhado para a sede da Polícia Federal em Boa Vista. As investigações agora se concentram na origem do material, nas conexões logísticas por trás da operação e no destino provável da carga milionária. As autoridades não descartam a participação de uma rede maior, articulada entre estados da Amazônia Legal, o que inclui Rondônia, Amazonas e o próprio Roraima.
A audiência de custódia foi agendada para esta terça-feira, 5 de agosto, às 14h, na 4ª Vara Federal Criminal de Roraima. Até o momento, o empresário não tem antecedentes criminais conhecidos, o que surpreendeu investigadores envolvidos na operação. A PRF e a PF mantêm o caso sob sigilo parcial, enquanto aprofundam os elementos que possam indicar lavagem de dinheiro, associação criminosa e movimentações transfronteiriças.
O caso atraiu atenção não apenas pelo volume inédito de ouro, mas pela estrutura discreta utilizada para o transporte: uma caminhonete recente, tripulação familiar e uma narrativa de trabalho técnico que, embora frágil, poderia ter passado despercebida. O episódio escancara a sofisticação dos crimes ligados à extração de minérios no Brasil, onde até veículos aparentemente comuns podem carregar fortunas escondidas sob o painel.
A operação representa um divisor de águas para a PRF em Roraima. Mais do que apreender ouro, o trabalho dos agentes desvendou um mecanismo silencioso e possivelmente recorrente de transporte clandestino de riqueza mineral. O caso se soma a uma série de investigações que buscam rastrear não apenas o crime ambiental, mas os tentáculos econômicos que se beneficiam da informalidade e da fragilidade de fiscalização em áreas de garimpo.
Fonte: G1.
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