Manifestações geram desgastes e prejuízos em todo País
Embora pacífico na maioria dos locais, os bloqueios de rodovias promovidos por manifestantes que não aceitaram a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 30 de outubro, dividiram opiniões, geraram desgastes e prejuízos.
Vários setores sofreram consequências com os protestos e possibilidade de desabastecimento de alimentos e combustível, bem como problemas com cancelamento de voos e viagens perdidas.
Kaique Fleury, profissional da aviação e piloto de linha aérea, conversou com a reportagem e contou um pouco sobre os prejuízos no setor. “Ocorreram cerca de 10 atrasos e cancelamentos no dia 31 e aproximadamente 30 no dia 1º de novembro por conta do bloqueio nas estradas. Grande parte se deu ao fato da tripulação que precisa se locomover e chegar até os aeroportos. Muitos têm como base Campinas e Guarulhos, utilizam as estradas de São Paulo como acesso e não conseguiram chegar no tempo previsto. Outros não chegaram e nem mesmo os pilotos reserva conseguiram cumprir devido os bloqueios nas estradas”, relatou Kaique.
De acordo com ele, duas grandes situações resumem os prejuízos. “A primeira envolve os próprios passageiros. Em caso de atraso, a companhia deve prover de alimentos e remarcação sem custo, dependendo do tempo. Se o voo for cancelado, o Procon prevê a restituição do valor da passagem mais a hospedagem, sendo um dos grandes problemas registrados. Outra situação é que os hotéis estavam lotados e não conseguiam realocar os passageiros, gerando muitos custos e prejuízos com despesas operacionais não previstas”, disse.
O outro motivo, segundo Kaique, além de não lucrar, gera prejuízos aos que dependem de encomendas, já que grande parte dos voos comerciais levam encomendas também. “Existe um contrato com empresas de logística e se as cargas não chegam ao destino, mais prejuízos. Sem contar que outros cancelamentos são passíveis processo por perdas e danos na área jurídica”, falou o piloto, destacando que, em casos de companhia sérias, eles restituem os lesados. “Caso não, devem procurar o Procon e seus direitos”, citou.
O evento também promoveu a corrida de grande parte dos brasileiros aos supermercados e postos de combustíveis. Em alguns desses estabelecimentos, entre Caieiras e Jundiaí, foi possível notar falta de produtos nas prateleiras. A falta de gasolina, etanol e diesel também provocou o fechamento de postos.
Mesmo com o apelo do presidente Bolsonaro nas redes sociais, na quarta, 2, até a quinta-feira, 3, ainda existiam bloqueios em rodovias de 7 estados.