Título: STJ determina prazo de 6 meses para Anvisa regulamentar cultivo de cannabis medicinal no Brasil

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu um prazo de seis meses para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou a União regulamentem as normas para o cultivo e importação de cannabis sativa com baixos níveis de THC (tetrahidrocanabinol). A decisão, que tem validade nacional e deverá ser seguida por instâncias inferiores da Justiça, busca facilitar o uso da planta para produção de medicamentos e subprodutos de uso exclusivamente medicinal, farmacêutico ou industrial.

Saúde e Bem-Estar
Publicado por Bianca Ludymila em 13/11/2024

A decisão do STJ ocorre em meio a um longo debate sobre a regulamentação da cannabis no Brasil, especialmente para o cultivo de cânhamo industrial, uma variedade de cannabis com teor reduzido de THC. Essa variedade é amplamente utilizada para fins medicinais e industriais, sendo uma alternativa em tratamentos de saúde por conta dos componentes medicinais como o canabidiol (CBD), que não possui efeitos psicoativos. Com a decisão, o STJ pretende regulamentar o uso da cannabis medicinal, uma demanda crescente entre pacientes e empresas farmacêuticas.

O STJ determinou que a Anvisa tem seis meses para regulamentar o cultivo de cannabis medicinal no Brasil, possibilitando a produção local de medicamentos com baixo teor de THC, reduzindo custos e ampliando o acesso.
O STJ determinou que a Anvisa tem seis meses para regulamentar o cultivo de cannabis medicinal no Brasil, possibilitando a produção local de medicamentos com baixo teor de THC, reduzindo custos e ampliando o acesso.

O julgamento no STJ analisou um recurso contra decisão do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4), que havia negado o pedido de autorização para importação de sementes de cânhamo industrial. Esse pedido foi feito por uma empresa de biotecnologia que visava explorar a cannabis para fins comerciais e medicinais. Segundo a empresa, o cânhamo industrial não se presta ao uso recreativo devido aos baixos níveis de THC, sendo indicado para a produção de medicamentos e outros produtos farmacêuticos.

Durante o julgamento, foi destacado que a regulamentação da cannabis medicinal enfrenta obstáculos devido à resistência do Ministério da Saúde, apesar de estudos feitos pela Anvisa sobre a viabilidade do plantio controlado. A ministra Regina Helena Costa, relatora do caso, argumentou que a proibição do cânhamo industrial desconsidera as diferenças científicas entre essa variedade e a maconha convencional. A ministra destacou que o cânhamo pode contribuir para a produção de medicamentos de baixo custo e aumentar a oferta de tratamentos aos pacientes.

Regina Helena Costa também enfatizou que a falta de regulamentação tem impacto direto no direito à saúde, uma vez que os altos custos dos medicamentos importados à base de cannabis limitam o acesso dos pacientes a esses tratamentos. Segundo a relatora, a regulamentação poderá reduzir esses custos, fomentar a pesquisa científica e gerar empregos no setor de saúde e biotecnologia.

A relatora observou que a ausência de normas impede o desenvolvimento de um setor com potencial para oferecer terapias acessíveis e contribuir para o avanço da ciência no país. Outros ministros do STJ concordaram com o voto de Regina Helena Costa, mas sugeriram a fixação de um prazo para a regulamentação. A ministra Maria Thereza de Assis Moura enfatizou a importância de definir um prazo para garantir a efetividade da decisão.

O mercado de cannabis medicinal no Brasil ainda é restrito devido à falta de regulamentação para cultivo local. Atualmente, os medicamentos são importados, o que aumenta os custos para o sistema de saúde e para os pacientes que dependem desses tratamentos. A expectativa é que a regulamentação do cultivo e comercialização do cânhamo industrial contribua para expandir o acesso à cannabis medicinal no Brasil.

A decisão do STJ também pode abrir portas para outras iniciativas no setor de cannabis medicinal e industrial, ampliando as possibilidades de uso da planta para finalidades terapêuticas e incentivando o desenvolvimento de pesquisas no país. No entanto, para que o mercado de cannabis medicinal no Brasil se desenvolva de forma sustentável, será essencial que a regulamentação considere critérios de segurança e controle na produção.

O cânhamo industrial, por exemplo, é utilizado em muitos países para produzir produtos farmacêuticos e industriais, e o Brasil agora poderá se beneficiar dessa alternativa. A regulamentação pode representar uma oportunidade para reduzir a dependência de importações e promover uma política de saúde mais acessível.

Por fim, a decisão é vista como um marco na regulamentação da cannabis no Brasil, com potencial para impulsionar o desenvolvimento de novos medicamentos e atender demandas de saúde pública de maneira mais econômica e acessível.

Fonte: G1.

Leia mais em Saúde e Bem-Estar

Por que o fim de ano pode intensificar os desafios da saúde mental em pessoas com depressão
Saúde e Bem-Estar
O período de fim de ano pode agravar os sintomas de depressão devido a pressões sociais, comparações constantes e sobrecarga emocional, impactando negativamente a saúde...
França restringe venda de antigripais, incluindo paracetamol, e emite alerta
Saúde e Bem-Estar
A França passou a exigir prescrição médica para medicamentos antigripais com pseudoefedrina, incluindo ibuprofeno e paracetamol, devido a riscos à saúde associados a efeitos...
Comer em excesso: como evitar justificativas comuns e manter o equilíbrio alimentar
Saúde e Bem-Estar
As justificativas para o consumo exagerado de alimentos, especialmente em épocas festivas, são frequentes e envolvem argumentos emocionais e racionais. Este artigo apresenta...
Músculos como agentes de saúde: a relação entre exercícios físicos e o bem-estar do corpo
Saúde e Bem-Estar
Exercícios de musculação estimulam a produção de miocinas, substâncias que melhoram a saúde metabólica, imunológica e neurológica. Essas substâncias ajudam a prevenir...
Dengue, coronavírus, influenza, chikungunya: qual a origem dos nomes desses vírus e doenças?
Saúde e Bem-Estar
A origem dos nomes de vírus e doenças reflete aspectos históricos, culturais e científicos. A OMS desencoraja o uso de referências geográficas ou culturais para evitar...
McDonald’s suspende venda de hambúrguer após surto de E. coli causar morte nos EUA
Saúde e Bem-Estar
Um surto de E. coli envolvendo a rede McDonald’s causou uma morte e dezenas de hospitalizações nos EUA. O CDC investiga a fonte da contaminação, possivelmente ligada a...

Últimas novidades

Helicóptero cai na região de Caieiras; duas pessoas morrem, uma criança e o piloto são resgatados com vida
Caieiras
Na noite de quinta-feira (16), um helicóptero caiu em uma área de mata fechada em Caieiras, na Grande São Paulo, resultando em duas mortes e dois sobreviventes. A aeronave...
STF: Alexandre de Moraes recusa devolução do passaporte de Bolsonaro por risco de fuga
Política
O Supremo Tribunal Federal negou o pedido de Jair Bolsonaro para a devolução de seu passaporte. A decisão se baseou no risco de fuga e na falta de comprovação oficial de um...
Prefeitura de SP constrói muro de 40 metros na Cracolândia
São Paulo
Na tentativa de reorganizar a Cracolândia, a Prefeitura de São Paulo construiu um muro de 40 metros, cercando a área e provocando debates. A gestão defende a obra como medida...
Governo de São Paulo entrega piscinão em Franco da Rocha para combater enchentes; obra deve beneficiar Francisco Morato e Caieiras também
Franco da Rocha
Em dias de chuvas intensas, Franco da Rocha ganha um novo aliado: o piscinão EU-09, entregue pelo Governo de SP. Com 92 mil m³ de capacidade, ele integra um investimento de R$...
Resultados do Enem 2024 incluem 12 redações com nota mil, destaca MEC
Educação
O Enem 2024 registrou 12 redações com nota mil, incluindo uma de escola pública em Minas Gerais. O ministro Camilo Santana anunciou prêmio para destacar avanços na...
Inflação em 2024 ultrapassa a meta: clima, câmbio e carne são os principais fatores
Brasil
O aumento de preços de carnes, a valorização do dólar e questões climáticas elevaram a inflação de 2024 para 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%, segundo o...

Jornal Fala Regional

Nosso objetivo é levar conteúdo de forma clara, sem amarras e de forma independente a todos. Atendemos pelo jornal impresso as cidades de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Mairiporã e Cajamar, toda sexta-feira nas bancas. Pela internet o acesso é gratuito e disponível a todos a qualquer momento, do mundo inteiro.

Vamos Bater um Papo?