Reflexões Sobre a Natureza do Saber
A mestra das letras, Clarice Lispector, originária da Ucrânia e que fez do Brasil seu lar, nos legou uma sabedoria profunda com sua frase: “O que desconheço em mim é, paradoxalmente, a essência do meu ser”.
Isso nos faz refletir sobre a infinitude do aprendizado: aquilo que já assimilamos torna-se parte da nossa base, enquanto o desconhecido é o combustível para nossa evolução e transformação. O conhecimento não é um mero acúmulo, mas uma jornada incessante de recriação e descobertas.
Esta percepção é vital, pois destaca a complexidade da nossa interação com o vasto universo do saber. O verdadeiro gênio não é aquele que se proclama como detentor de toda sabedoria, mas sim aquele que reconhece a vastidão do que lhe é desconhecido e mantém-se resiliente em sua busca por compreensão. O gênio constrói-se na humildade e na perseverança. Devemos nos precaver contra os que se veem como bastiões completos da sabedoria, pois o autêntico conhecimento é um rio sem fim.
Diante disso, somos levados a questionar: qual é o propósito real do conhecimento? E qual é a essência do saber? É imprescindível entender que o verdadeiro poder que reside no conhecimento é a capacidade de servir. Servir à essência da vida, ao bem-estar coletivo, à melhoria da humanidade. Qualquer forma de poder que se volta para si, que se alimenta de seu próprio ego, torna-se estéril. O conhecimento, seja ele fruto da ciência, das artes ou da informação, deve ter como meta a elevação do ser humano.
Assim, somos impelidos a refletir sobre o impacto de nosso saber. Compartilhamos e multiplicamos sua riqueza? Ou, inadvertidamente, o usamos como instrumento de opressão, diminuindo o próximo? O conhecimento deve ser uma luz que ilumina os caminhos, não uma corrente que prende.
O verdadeiro objetivo do conhecimento é elevar e nutrir a vida, não apenas a vida individual, mas a tapeçaria intricada e preciosa da existência coletiva.
*Texto inspirado em MARIO SERGIO CORTELLA.