IPI zerado muda jogo: Fiat Argo salta 37% e deixa concorrentes para trás em julho de 2025
A paisagem do setor automotivo brasileiro ganhou novas curvas em julho com a entrada em vigor da política de isenção do IPI para veículos menos poluentes. A medida, parte do programa Carro Sustentável, do governo federal, busca incentivar o consumo de carros mais eficientes e com menor impacto ambiental, especialmente nas categorias de entrada. O impacto direto foi sentido nos números de vendas, que colocaram alguns modelos na dianteira — com destaque absoluto para o Fiat Argo, que disparou 37% em um único mês.
Pontos Principais:
- Fiat Argo teve alta de 37% nas vendas em julho, puxada pela isenção do IPI.
- Volkswagen Polo cresceu 12% e manteve a liderança entre os mais vendidos.
- Fiat Mobi cresceu 27% e fortaleceu o portfólio da marca italiana.
- Renault Kwid e Hyundai HB20 sofreram quedas de 30% e 20%, respectivamente.
- Chevrolet Onix cresceu 13% mesmo sem ligação direta com o programa de incentivo.
Segundo levantamento da Fenabrave, o Fiat Argo teve um avanço expressivo, saindo de 7.235 emplacamentos em junho para 9.966 unidades em julho. O resultado o posiciona como o grande vencedor da nova fase do mercado, refletindo não apenas o impacto do corte de impostos, mas também o reconhecimento do modelo pelo público. A mesma lógica beneficiou o Fiat Mobi, que cresceu 27% no mesmo intervalo, alcançando 8.099 unidades. O efeito dominó reforçou a força da marca italiana no segmento de compactos acessíveis.
A Volkswagen também aproveitou a onda. O Polo, que já liderava entre os mais vendidos, ganhou novo impulso com o benefício fiscal, saltando de 11.492 para 12.940 unidades — um avanço de 12% no mês. A estratégia da montadora alemã incluiu não só o modelo urbano, mas também uma movimentação consistente em sua linha: Saveiro, T-Cross e Nivus tiveram alta entre 4% e 22%. O reposicionamento estratégico diante do novo cenário tributário mostrou resultados rápidos.
Na contramão da curva de crescimento, duas marcas notoriamente populares viram suas apostas murcharem. O Renault Kwid sofreu uma queda de 30% nas vendas: de 5.324 para 3.726 unidades em apenas um mês. A queda surpreende, já que o modelo é frequentemente usado como referência de economia e preço baixo. Já o Hyundai HB20, com recuo de 20% — de 6.917 para 5.519 unidades — mostrou que a popularidade nem sempre é suficiente para sustentar os resultados quando o mercado se reorganiza sob novas regras.
Fora do radar da nova política, mas ainda assim com fôlego próprio, o Chevrolet Onix conseguiu crescer. Mesmo diante das incertezas na fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul, o hatch americano teve um crescimento de 13%: foram 7.689 unidades vendidas em julho, ante 6.782 em junho. O desempenho reforça o valor da marca e sua conexão com o público, ainda que sem campanhas específicas atreladas à isenção do IPI.
Os dados levantados até aqui evidenciam que o sucesso nas vendas não depende exclusivamente de incentivos fiscais. A percepção do consumidor ainda está fortemente ancorada em fatores como design atualizado, pacotes de conectividade, reputação da marca e, especialmente, a robustez da rede de pós-venda. Modelos que souberam aliar o benefício tributário à confiança já consolidada saíram na frente.
A movimentação de julho também lançou luz sobre as escolhas estratégicas de cada montadora diante de um mercado que exige rápida adaptação. Fiat e Volkswagen mostraram agilidade. Por outro lado, Renault e Hyundai precisarão rever posicionamentos se quiserem retomar a curva de crescimento, mesmo com os incentivos mantidos. O comportamento de julho pode funcionar como prenúncio de uma disputa mais acirrada no segundo semestre.
A política do “Carro Sustentável” se mostrou eficaz em provocar resposta imediata do setor e do consumidor. Ao privilegiar veículos com menor impacto ambiental, o governo traça uma nova rota para a indústria automotiva, que se vê pressionada a não apenas atualizar suas fichas técnicas, mas também repensar sua proposta de valor ao consumidor brasileiro.
Importante destacar que, apesar do cenário favorável, a isenção do IPI não teve peso suficiente para salvar todos os modelos de entrada. Os números mostram que o apelo ambiental e econômico precisa vir acompanhado de outros atributos, como inovação, conforto e desempenho real. Nesse novo ciclo, o consumidor parece estar mais exigente — e o mercado, mais competitivo.
A cada mês, o programa Carro Sustentável vai desenhando um novo mapa do setor, onde incentivos e percepção de valor caminham lado a lado. Com os números de julho em mãos, montadoras e consumidores já se preparam para os próximos lances dessa engrenagem tributária e comercial que promete reconfigurar o futuro da mobilidade urbana no país.
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