Entenda a diferença entre: Igreja Quadrangular, Igreja Presbiteriana e o Arautos do Evangelho
Ao longo da história, a Igreja tem sido uma força motriz em importantes desenvolvimentos sociais, culturais e educacionais, influenciando desde a arte e a música até sistemas éticos e de valores. Ambas as denominações são parte do cristianismo, mas possuem diferenças significativas em termos de teologia, práticas de culto e estrutura organizacional. Aqui estão algumas das principais distinções:
Essas são generalizações e podem não se aplicar a todas as igrejas locais dessas denominações, mas fornecem um bom ponto de partida para entender as diferenças entre elas.
Igreja do Evangelho Quadrangular
- Origem: Fundada nos Estados Unidos por Aimee Semple McPherson em 1927, chegou ao Brasil em 1951.
- História: A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada nos Estados Unidos por Aimee Semple McPherson em 1927. McPherson foi uma das mais notáveis evangelistas do século XX, particularmente conhecida por seu carisma e habilidades de comunicação. A denominação chegou ao Brasil em 1951, através do missionário Harold Edwin Williams, e rapidamente ganhou popularidade.
- Teologia: Caracteriza-se pelo pentecostalismo, dando ênfase aos dons do Espírito Santo, como falar em línguas e curas divinas. A Quadrangular é tipicamente pentecostal, enfatizando os dons do Espírito Santo como falar em línguas, profecia e cura. Essa denominação é conhecida pela sua teologia do “Evangelho Quadrangular,” que foca em quatro aspectos do ministério de Jesus: Jesus como Salvador, Batizador com o Espírito Santo, Curador e Rei que Voltará.
- Culto: Tende a ser mais emocional, com músicas contemporâneas, e frequentemente inclui manifestações carismáticas.
- Foco: Dá grande importância à evangelização e missões, assim como ao ensino sobre o “quadrangular”, que são quatro aspectos do ministério de Jesus: Salvador, Batizador com o Espírito Santo, Curador e Rei que Voltará.
- Estrutura: Mais centralizada, com um sistema de governo que se assemelha a uma hierarquia. A igreja possui uma estrutura mais centralizada, governada por uma única liderança que exerce autoridade sobre as igrejas locais.
- Práticas: O culto é geralmente emocional e contemporâneo, com música animada e pregações voltadas para a aplicação prática da fé.
Igreja Presbiteriana
- Origem: Surgiu na Escócia com a Reforma Protestante do século XVI, influenciada por teólogos como João Calvino. No Brasil, foi estabelecida em 1859.
- História: A Igreja Presbiteriana tem suas raízes na Reforma Protestante do século XVI, mais especificamente nas ideias de João Calvino. A primeira igreja presbiteriana no Brasil foi fundada pelo missionário Ashbel Green Simonton, em 1859.
- Teologia: Calvinista, focando na soberania de Deus, na predestinação e nos cinco “solas” da Reforma (Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus, Soli Deo Gloria). O calvinismo é a base teológica, que enfatiza a soberania de Deus, a depravação total do ser humano e a salvação através da graça. Os presbiterianos também aderem aos cinco “solas” da Reforma:-Sola Scriptura (Somente a Escritura),
-Sola Fide (Somente a Fé),
-Sola Gratia (Somente a Graça),
-Solus Christus (Somente Cristo) e
-Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus). - Culto: Mais formal e litúrgico, frequentemente incluindo hinos tradicionais e sermões expositivos.
- Foco: Valoriza a educação teológica e o estudo bíblico profundo, com menos ênfase nos aspectos carismáticos ou emocionais do culto.
- Estrutura: Governança feita por presbíteros eleitos, num sistema mais democrático e menos centralizado. A denominação é conhecida por sua forma de governo, que é presbiteriana ou representativa. Cada igreja local é governada por um conselho de presbíteros eleitos pela congregação.
- Práticas: O culto tende a ser mais formal e litúrgico, com sermões expositivos e hinos tradicionais. A educação teológica é altamente valorizada, e há menos ênfase em manifestações emocionais ou carismáticas.
Ambas as denominações têm um impacto significativo no cenário religioso brasileiro, mas cada uma oferece uma abordagem distinta à fé, ao culto e à comunidade. Espero que isso forneça uma visão mais aprofundada das diferenças entre as duas.
Arautos do Evangelho
É importante notar que esta é uma visão geral e pode não cobrir todos os aspectos da organização. Os Arautos do Evangelho são uma organização católica que ganhou reconhecimento global, estando presentes em dezenas de países, incluindo Brasil, Portugal, Estados Unidos, Itália, Filipinas, e muitos outros.
Receberam sua aprovação oficial da Santa Sé no dia 22 de fevereiro de 2001, marcando um momento histórico como a primeira associação deste tipo a ser instituída no terceiro milênio. A benção papal veio diretamente de João Paulo II, na festa litúrgica da Cátedra de São Pedro.
Monsenhor João Clá Dias, nascido em São Paulo e filho de imigrantes italianos e espanhóis, foi anteriormente secretário de Plinio Corrêa de Oliveira na já extinta Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. O líder religioso dirigiu os Arautos como Superior Geral desde sua fundação até junho de 2017, quando renunciou ao cargo aos 77 anos.
A jornada do Monsenhor para a formação dos Arautos começou bem antes, em agosto de 1997, com a criação da Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima (ACNSF). Considerada uma precursora dos Arautos, a ACNSF foca na difusão da mensagem mariana de Fátima, considerada por muitos como contra-revolucionária.
Em 2009, a organização recebeu um novo status sob o pontificado de Papa Bento XVI, sendo elevada à condição de sociedade de vida apostólica, solidificando ainda mais seu papel e importância dentro da Igreja Católica.
Os Arautos do Evangelho são uma associação internacional de fiéis de direito pontifício, fundada pelo Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias no Brasil em 1999. A organização foi a primeira associação de fiéis a receber reconhecimento pontifício no terceiro milênio, sendo aprovada pelo então Papa João Paulo II. Essa organização católica está presente em diversos países e tem como objetivo principal a evangelização, com um foco particular na devoção à Virgem Maria.
Veja mais: Igreja Arautos do Evangelho é uma instituição Católica
Teologia e Espiritualidade:
Os Arautos do Evangelho têm uma forte devoção mariana, seguindo a espiritualidade do movimento Tradição, Família e Propriedade (TFP), do qual são originários. Eles são tradicionalistas, com práticas e liturgias que tendem a ser mais conservadoras do que as de outras partes da Igreja Católica.
A missa, por exemplo, é frequentemente celebrada na forma extraordinária (em latim).
Atividades:
Os Arautos são conhecidos por suas atividades de evangelização que incluem a organização de eventos litúrgicos, retiros espirituais, visitas a hospitais e prisões, e educação catequética. Eles também administram escolas, centros de formação e meios de comunicação para promover seus objetivos.
Estrutura:
A organização é dividida em várias seções: masculina, feminina, e uma seção para clérigos. Os membros leigos fazem votos de pobreza, castidade e obediência, mas diferentemente de uma ordem religiosa, esses votos são temporários e podem ser renovados.
Estrutura da Organização
A organização está estruturada em três ramos:
Primários: São os membros consagrados, tanto homens como mulheres, que se dedicam inteiramente à vida religiosa. Eles vivem em comunidade e seguem regras muito estritas, incluindo os votos de pobreza, castidade e obediência.
Secundários: Estes são membros que vivem no mundo secular mas seguem os ideais e a espiritualidade dos Arautos. Eles podem ser pessoas casadas, profissionais, estudantes etc. Enquanto não vivem em comunidade como os primários, ainda participam de atividades e mantêm uma ligação estreita com a organização.
Terciários: São pessoas que se identificam com a missão e os valores dos Arautos, mas têm um envolvimento mais casual. Eles podem participar em retiros, eventos e atividades organizadas pelos Arautos, mas não assumem os votos de pobreza, castidade e obediência.
Atuação Internacional
Os Arautos do Evangelho têm uma presença global e atuam em variadas frentes:
- América Latina: Além do Brasil, país de origem, a organização tem forte presença em países como Argentina, Chile, Colômbia e outros.
- Europa: Em Portugal e Itália, por exemplo, eles mantêm casas de formação e estão envolvidos em atividades paroquiais e evangelísticas.
- América do Norte: Nos Estados Unidos, os Arautos têm se envolvido em diversas atividades apostólicas e educacionais.
- Ásia: Em países como as Filipinas, a organização está crescendo, principalmente através de atividades educacionais e catequéticas.
Educação e Comunicação
A educação é um dos pilares dos Arautos. Eles administram escolas e instituições de ensino que seguem sua orientação espiritual e pedagógica. Também utilizam meios de comunicação, como televisão e internet, para difundir seu trabalho e ensinamentos.
Controvérsias
A organização tem enfrentado críticas e controvérsias, principalmente no Brasil.
Alguns questionamentos envolvem a estrutura hierárquica rigorosa e as práticas consideradas ultraconservadoras. O Vaticano anunciou em 2017 que realizaria um apostolado administrativo para avaliar as acusações de práticas abusivas dentro da organização. Como mencionado anteriormente, a organização enfrentou várias controvérsias e críticas, levando a uma investigação apostólica pelo Vaticano. Os questionamentos frequentemente giram em torno de suas práticas rigorosas e hierarquias, bem como sua orientação teológica ultraconservadora.
A Evolução e Complexidade do Cristianismo: De Uma Mensagem no Deserto até a Diversidade de Fé Moderna
Introdução: O Surgimento do Cristianismo
Há mais de dois milênios, Jesus de Nazaré saiu do deserto com uma mensagem que iria alterar profundamente o curso da história humana. Esse foi o nascimento do cristianismo, uma religião monoteísta fundamentada nos ensinamentos de Jesus. Ao longo dos séculos, a fé cristã diversificou-se em várias igrejas e denominações, incluindo católicos, ortodoxos e protestantes.
A Ascensão da Fé Cristã e o Império Romano
O cristianismo encontrou um terreno fértil no Império Romano. A conversão do imperador Constantino, após um suposto sinal divino e sonho, marcou um ponto de viragem. O subsequente Édito de Milão, de 313 d.C., legalizou o cristianismo e lançou as bases para a sua futura dominação cultural e política. Mais tarde, o Édito de Tessalônica, de 380 d.C., feito pelo imperador Teodósio 1º, fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano.
O Espectro do Cristianismo: Catolicismo, Ortodoxia e Protestantismo
É crucial entender que “católico” e “cristão” não são termos intercambiáveis. O catolicismo é um ramo do cristianismo, assim como a ortodoxia e o protestantismo. Após a morte de Teodósio e a subsequente queda do Império Romano, o cristianismo dividiu-se em dois grandes ramos: o Catolicismo Romano no Ocidente e a Igreja Ortodoxa no Oriente.
O Catolicismo
O catolicismo, apesar de ser apenas uma ramificação, deteve por um longo tempo a norma cristã, especialmente no Ocidente, onde a cultura romana e a língua latina prevaleceram. No catolicismo, a autoridade do Papa e o papel da Igreja como mediadora entre Deus e os seres humanos são fundamentais. Há também particularidades, como a crença nos sacramentos, na Virgem Maria como intercessora, e no purgatório.
A Ortodoxia
A Igreja Ortodoxa, embora compartilhe muitos fundamentos com o catolicismo, se difere em aspectos como o reconhecimento do Papa e em práticas e tradições litúrgicas. O foco é mais descentralizado, e a autoridade é mais distribuída entre os vários patriarcas.
O Protestantismo
Surge como uma reação às práticas da Igreja Católica no século 16, liderada por Martinho Lutero. O protestantismo se expande em diversas ramificações, como luteranos, anglicanos e batistas, entre outros. O foco é geralmente em uma relação mais direta com Deus, minimizando o papel da Igreja como mediadora.
Diversidade na Modernidade
Hoje, o cristianismo é professado por cerca de 2,3 bilhões de pessoas em todo o mundo, segundo o Centro de Pesquisa Pew. As lutas pelo poder, as cruzadas e os conflitos teológicos moldaram as várias denominações cristãs ao longo dos séculos.
Escrituras e Dogmas
Embora todas as denominações cristãs utilizem a Bíblia como texto fundamental, há variações nos livros incluídos. Além disso, os princípios fundamentais como a crença na Santíssima Trindade são compartilhados, mas a interpretação de dogmas, sacramentos e práticas varia enormemente.
Desde a mensagem de Jesus no deserto até a diversidade de igrejas e denominações cristãs atuais, o cristianismo tem sido uma força formativa em diversos aspectos da civilização, particularmente no mundo ocidental. A fé cristã tem sido tanto um reflexo quanto um formador da história, cultura e geografia humanas. É uma tapeçaria complexa e diversificada, mas unida pela crença em um Deus e nos ensinamentos de Jesus Cristo.
*Com informações de National Geographic Brasil.