Educação e meio ambiente no Brasil

O planeta Terra é um organismo vivo, com um ciclo de vida natural que é controlado pela natureza, incluindo elementos como a água, solo, flora, fauna e minerais. Esses elementos são fundamentais para o desenvolvimento e sobrevivência de todos os seres vivos, incluindo os humanos. No entanto, devido à sua natureza racional e social, o homem modificou o ambiente natural e construiu empreendimentos socioeconômicos, muitas vezes de forma abusiva e agressiva ao meio ambiente.

Artigo
Publicado por Bianca Ludymila em 13/04/2023
Educação e meio ambiente no Brasil

Essas ações provocam a mudança climática e o efeito estufa, que têm um impacto significativo na biodiversidade do planeta Terra. Por isso, a questão ambiental é um assunto de grande importância na agenda de debates mundiais, afetando a economia, a sociedade, a cultura, a saúde e a educação.

Neste artigo, analisaremos os aspectos econômicos, sociais, culturais, de saúde e educação afetados pela falta de preservação consciente e sustentável do meio ambiente no Brasil, com base nos estudos da cientista atmosférica Katharine Hayhoe sobre as mudanças climáticas. Hayhoe é a responsável pelo portfólio mais amplo em defesa do clima global e pelo trabalho de adaptação científica como chefe científica da The Nature Conservancy (TNC), uma organização global dedicada à conservação de terras, águas, mares e oceanos.

Aspectos econômicos do Brasil

Já que eles são fundamentais para o desenvolvimento em outras áreas. A dinâmica de modernização e industrialização da economia brasileira na década de 80 foi guiada por um paradigma desenvolvimentista focado no crescimento econômico, ignorando os custos sociais e ambientais envolvidos. Isso resultou em um cenário de pobreza e agravamento ambiental, que afetam significativamente a vida das pessoas.

O Brasil é reconhecido mundialmente por possuir uma das maiores biodiversidades do planeta, porém, a agressão ao ambiente natural do país é preocupante. Destruições irreversíveis das florestas, principalmente na Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Cerrados, têm ocorrido por meio de incêndios criminosos, crimes contra terras indígenas e quilombolas, garimpos ilegais e assassinatos de ambientalistas. O governo e órgãos de proteção ambiental, como Ibama e Funai, têm falhado em suas responsabilidades.

Além disso, a agricultura e a pecuária tiveram grande responsabilidade na devastação do meio ambiente, assim como os centros urbanos e industriais que desrespeitam os ecossistemas da Terra e do mar. A produção de poluentes que provocam o efeito estufa também tem sido uma preocupação.

Infelizmente, as classes sociais mais desfavorecidas são as que sofrem os maiores impactos e desastres ambientais, incluindo fome, devido à menor capacidade de recursos para se recuperarem. Mesmo quando esses grupos agridem o ambiente natural, geralmente o fazem para sobrevivência.

Além dos impactos ambientais, a violência de gênero é percebida após esses desastres, uma vez que desestabilizam finanças e limitam o acesso à água e alimento, intensificando as vulnerabilidades existentes. Segundo a professora Laura dos Santos Rougemont da Universidade Federal Fluminense (UFF), a violência contra a mulher do campo está generalizada por todo o país, sendo mais evidente na Amazônia. A ausência da ação governamental é apontada como uma das principais causas da violência contra as mulheres, já que as “forças privadas” estabelecem suas próprias leis, por conta dos latifundiários e agentes econômicos do ramo da mineração, que possuem um controle muito grande nos Estados.

A situação dos jovens brasileiros das classes desfavorecidas é alarmante

Além da falta de condições socioeconômicas e afetivas, estes jovens enfrentam violência física e moral, tanto da família quanto da sociedade e do Estado, e acabam se envolvendo com a delinquência juvenil e a marginalidade por falta de oportunidades e assistência adequada.

Esses jovens precisam de uma reeducação efetiva, com qualidade, lazer e oportunidades, para evitar que cometam novos atos ilícitos e acabem caindo novamente nas mãos de criminosos. Para isso, é preciso que eles sejam acompanhados por equipes multidisciplinares especializadas e monitorados até adquirirem responsabilidade e consciência social e econômica para seu autossustento.

É um trabalho exaustivo, difícil, custoso e demorado, mas é a única maneira de diminuir as consequências catastróficas na vida dessas crianças e jovens brasileiros. É papel do Estado, da sociedade, da escola e da família – quando esta última tem condições para exercer adequadamente esta incumbência.

Além disso, o problema da segregação racial é um dos maiores problemas culturais do Brasil, com raízes profundas na história e no desenvolvimento da população brasileira. É um assunto de grande importância mundial que precisa ser abordado e enfrentado.

Modelo americano

Durante a gestão do presidente John F. Kennedy, nos Estados Unidos, foram implementadas políticas de cotas para ajudar a diminuir a desigualdade social entre negros pobres e brancos mais privilegiados da sociedade americana.


Essas medidas tinham como objetivo combater a discriminação racial que vinha da história de conflitos entre o Norte e o Sul do país. No entanto, apesar dessas políticas terem sido criadas, elas acabaram sendo insuficientes para incluir toda a população negra.

Em junho de 2007, a Suprema Corte dos EUA decidiu que a raça não poderia mais ser o único critério para determinar onde uma criança deveria estudar e, assim, os sistemas de cotas raciais foram abolidos. Isso ocorreu porque essas medidas beneficiavam apenas a classe média negra, ao invés de atingir todas as classes desfavorecidas desta população que, de acordo com o censo americano de 2018, corresponde a cerca de 28,8% da população.

Cotas raciais

No Brasil, as ações afirmativas são políticas públicas criadas pelo governo ou pela iniciativa privada com o objetivo de corrigir desigualdades raciais, sociais, econômicas, de saúde física e mental acumuladas ao longo dos anos. As cotas raciais são uma das medidas adotadas para oferecer igualdade de oportunidades a todos que foram vítimas de discriminação racial no passado. Defensores das ações afirmativas acreditam que essas políticas corrigem erros históricos e promovem a igualdade no presente.

As cotas raciais em universidades e outras instituições visam permitir que os descendentes de ex-escravos negros brasileiros tenham as mesmas condições de competir com os descendentes brancos. No entanto, os críticos dessas políticas afirmam que elas promovem a desigualdade e a intolerância ao invés da igualdade e da tolerância.

Embora as cotas raciais não resolvam totalmente o problema do passado escravagista brasileiro, elas não devem ser consideradas ineficazes ou prejudiciais em todos os contextos em que são aplicadas. No Brasil, o racismo ambiental está estruturado de forma diferente do que nos EUA, com raízes em desigualdades socioeconômicas que remontam à abolição da escravidão. Os negros foram deixados à margem da sociedade e continuam a enfrentar desigualdades significativas, como pode ser observado em comunidades próximas a lixões, onde a maioria da população é negra, parda e de baixa renda.

Saúde

O direito a um meio ambiente equilibrado e saudável é um princípio constitucional no Brasil desde a promulgação da Constituição de 1988. Isso significa que todos os cidadãos brasileiros têm direito a condições de saneamento básico, moradia e água potável adequadas para viver uma vida digna e saudável.

A relação entre saúde e meio ambiente é complexa e influencia a saúde humana individual e coletivamente, positiva ou negativamente, direta ou indiretamente. Infelizmente, as políticas públicas para melhorar a qualidade de vida das classes desfavorecidas, que incluem negros, pardos, brancos, indígenas, quilombolas e outras, tanto em áreas rurais como urbanas, têm sido negligenciadas.

Para mudar essa realidade, é necessário investir em educação. O Brasil tem muitos recursos econômicos para investir na educação de seu povo, mas falta vontade política para que a população busque conhecimento e exija melhores condições de vida. Um povo educado e crítico pode ser visto como “perigoso” para governantes e empresários desonestos, mas é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Educação

A tecnologia tem transformado a sociedade de maneira significativa, criando novas oportunidades e mudando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros. Ela tem sido uma força motriz por trás da globalização, permitindo que as pessoas se conectem em todo o mundo e que as empresas atuem em mercados cada vez mais amplos.

Com a evolução constante da tecnologia, as empresas precisam se adaptar às mudanças para permanecerem competitivas e relevantes. A inovação é a chave para se manter à frente da concorrência e é fundamental para o sucesso a longo prazo. As empresas precisam investir em pesquisa e desenvolvimento para criar novos produtos e serviços que atendam às necessidades em constante mudança dos consumidores.

Também tem impactado o mercado de trabalho, criando novas oportunidades, mas também eliminando empregos em certas áreas. Isso significa que os trabalhadores precisam se adaptar e adquirir novas habilidades para se manterem empregáveis.

A educação e o treinamento são fundamentais para ajudar os trabalhadores a se adaptarem às mudanças tecnológicas e se manterem competitivos.

Apresenta desafios em termos de privacidade e segurança. Com a quantidade de informações pessoais disponíveis online, é importante garantir a proteção dessas informações contra hackers e outras ameaças cibernéticas. As empresas e os governos precisam trabalhar juntos para garantir a segurança dos dados e proteger a privacidade dos usuários.

Ela tem mudado a sociedade de várias maneiras, criando novas oportunidades, mas também apresentando desafios. É importante que as empresas e os indivíduos se adaptem às mudanças e trabalhem juntos para garantir que a tecnologia seja utilizada de maneira ética e responsável.

A alfabetização

É fundamental para o desenvolvimento de habilidades críticas e para a busca de conhecimento efetivo. Para alcançar esses objetivos, é necessário que a família, a escola e a sociedade, sob a ação primordial do Estado, ofereçam estímulos cognitivos, como orientações e contato com a leitura e escrita, desde a primeira infância, principalmente nas classes sociais mais desfavorecidas.

Os problemas na alfabetização são comuns nessas classes sociais, já que muitas vezes as famílias não têm tempo para oferecer estímulos e, em alguns casos, são analfabetas. Além disso, a falta de atendimento educacional competente para crianças de zero a seis anos de idade e no ensino fundamental é uma realidade que precisa ser enfrentada com políticas públicas efetivas. Sem a alfabetização efetiva, não há como desenvolver habilidades críticas e de raciocínio lógico-matemático, prejudicando a busca por um conhecimento mais crítico e consciente.

A falta de estímulos na aprendizagem e a incompetência dos professores podem levar a diagnósticos equivocados, como “deficiente intelectual” ou “autista”, o que afeta o autoconceito dos alunos e pode levar à evasão escolar. Segundo dados do INAF, 45% da população brasileira não consegue entender o que lê ou se comunicar de forma clara e objetiva por escrito ou oralmente. O analfabetismo também é um problema alarmante, especialmente nas classes socioeconômicas mais desfavorecidas.

Para resolver esses problemas, é preciso educar desde cedo as crianças e adolescentes sobre a diversidade humana, incluindo não só a pigmentação da pele, mas também todas as outras diferenças existentes entre as pessoas, como comportamentais, deficiências, valores e ideias. Dessa forma, será possível fazer com que elas percebam, aceitem e respeitem as diferenças.

A importância do professor

O papel dos professores na educação das crianças e adolescentes é fundamental para proporcionar uma aprendizagem efetiva, promovendo o pensamento crítico e respeito às diferenças. Para isso, é importante que utilizem diferentes instrumentos pedagógicos, como jogos, filmes, desenhos e textos, que possibilitem a busca pelo conhecimento de forma cooperativa e conciliadora, em qualquer disciplina.

Durante o processo de aprendizagem da linguagem oral e escrita, é necessário que os alunos sejam orientados sobre o preconceito que está presente em termos e expressões da língua portuguesa, como “isto é coisa de negro” ou “lista negra”. É importante que os professores esclareçam o significado negativo dessas expressões no cotidiano da comunicação social.

Além disso, é essencial que os professores recebam formação adequada nas disciplinas e currículos universitários que abordem temas como a diversidade humana e a preservação do meio ambiente. Dessa forma, poderão desenvolver nos alunos a consciência social e ambiental, permitindo-lhes buscar conhecimento e desenvolver a cidadania plena a longo prazo.

É papel dos professores promover o respeito ao próximo, independentemente das diferenças, e cobrar políticas públicas que assegurem um ambiente sustentável e inclusivo. A educação tem o poder de formar cidadãos conscientes e críticos, e os professores têm um papel fundamental nesse processo.

A importância da escola

A educação não se limita apenas às quatro paredes da sala de aula. É necessário que as escolas promovam uma educação ambiental e social que incentive ações práticas e projetos em benefício do meio ambiente e da diversidade humana. Para isso, é fundamental que sejam criados grupos de apoio ambiental e social que envolvam estudantes e suas famílias. Essas ações têm como objetivo desenvolver a percepção crítica e duradoura dos alunos sobre os desafios que encontrarão no futuro.

No entanto, é preciso que o ensino seja dialético e crítico, permitindo que os alunos tenham acesso a novas perspectivas e alternativas para enfrentar os desafios do futuro. Mesmo com todos esses estímulos, não há garantia de que as políticas públicas futuras manterão as transformações desejadas, como a luta contra o analfabetismo, a evasão escolar, o racismo, a violência contra a mulher e a marginalidade dos adolescentes.

A sociedade precisa se posicionar eticamente diante da negligência e deterioração do meio ambiente e de outras questões sociais, uma vez que grande parte dos desequilíbrios ecológicos e desastres ambientais está relacionada aos comportamentos humanos e políticas públicas inadequadas na utilização do ambiente natural. Essa é uma responsabilidade não só do Brasil, mas do planeta Terra como um todo.

Pensamento da cientista Katharine Hayhoe, que inspirou este artigo, o qual enfatiza que a crise climática e a perda da biodiversidade continuam impactando a saúde, economia e estilo de vida. No entanto, a cientista não considera esses problemas como meras “questões ambientais”, mas sim como “questões de tudo”.

*Com base no artigo do Jornal da Usp de Sahda Marta Ide, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e Juliana Costardi Ide, graduada em Gestão Ambiental pela Universidade Paulista.

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