De quem pretendia comigo – De quem eu desejava a companhia…
Com Shirley Danziger – Advogada, Cabeleireira e uma Maestrina na Arte da Fantasia, Suspense e Contos.
O texto narra a busca por três figuras importantes: Felicidade, Paz e Amor, que nunca aparecem quando convidadas.
Frustrado, ele quebra sua casa. Em seguida, encontra um homem chamado Jesus, que se oferece para jantar em sua casa. Ao abrir as portas da sua vida, Jesus ajuda a arrumar a bagunça e, finalmente, o narrador encontra a Felicidade, a Paz e o Amor na presença de Jesus, que promete sempre estar com ele se desejar.
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Sobre a autora:
Nascida em São Paulo e criada por sua avó, Dona Benícia, traz consigo a tradição da escrita e poesia. Apesar de sua vida multifacetada como mãe, advogada e empreendedora, sua paixão pela escrita a conduziu para o universo da literatura. Com uma saga que cresce a cada página, como “O Senhor do Tempo“, Shirley cativa leitores e nos convida a explorar um mundo mágico e real ao mesmo tempo.
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De quem pretendia comigo
Tudo pode parecer nos pleno, mas existem personalidades que se nos faltarem, parece que somos incompletos.
Pensando sobre isso e de quem precisava ao meu lado vi que três grandes e imensuravelmente importantes pessoas não conheciam de fato a minha casa, desejei a todo preço te las junto, ainda que por instantes.
E fui a procura delas.
Procurei, até que um dia enfim a encontrei, convidei a, à minha casa, era a Felicidade, difícil de marcar um encontro com essa tal Felicidade, mas sim, ela disse que viria, viria a minha casa jantar comigo.
Aí limpei tudo, coloquei vasos de lindas flores a enfeitar cada canto, deixei minha casa realmente digna de uma visita tão ilustre como a felicidade.
Já tinham me avisado que ela era um alguém que nunca ficaria por muito tempo, estava sempre de passagem por cada lugar que resolvia ir, nunca instalava se na verdade. Mas ainda assim, muito me alegrou a notícia de sua vinda, ainda que fosse assim, de passagem.
Esperei, esperei, e nada. Ela não veio, me deixou esperando, não veio nem por meros instantes como já seria de seu costume, mesmo quando ia à tantos outros lugares, a Felicidade ao menos me deu alguma satisfação sobre sua ausência.
Passaram se alguns dias, decidi então convidar outra grandiosa personalidade para vir até mim, minha casa estaria a disposição desta vez para a Paz. Convidei a dona Paz, também para um jantar em minha casa.
Ela confirmou a presença.
Organizei, Perfumei, enfeitei, tudo pronto, jantar à mesa, e imagine só, nada da Paz aparecer!
Dormi no sofá à sua espera, e a Paz não veio ao meu encontro.
Encontrei o amor outro dia, posso até dizer que foi ao acaso, pois é muito difícil vê lo assim, por aí, em qualquer lugar, acho mesmo é que tive muita sorte ao encontrar o amor daquele jeito, assim tão fácil. Estava em um bar, em uma noite dessas por aí à dar uma volta.
Pedi lhe encarecidamente, que se ele pudesse, fosse até minha casa, mesmo que fosse para uma visitinha rápida.
Lhe disse o quanto sua presença era valiosa em minha vida. Migalhas de sua companhia teria o poder de transformar-me em alguém muito melhor. Ele me olhou de alto abaixo e disse que iria fazer um enorme esforço para estar presente em minha casa, isso porque ultimamente andava com a agenda cheia, achei um tanto irônico bem verdade, já que o encontrei mesmo sem ter o que fazer à caminhar por aí, mas dizem mesmo que ele é assim, o amor as vezes vem, as vezes vai, não se rende mesmo à mandos humanos, decide tudo à sua forma, e na maioria das vezes sem algum plano pré estabelecido.
Fui correndo para casa…eu tinha fé que esse sim! O Amor! Ele não me decepcionaria, afinal ele era o Amor.
Dessa vez fiz questão de até comprar mobília nova para sala de star, porque esta noite minha sala receberia o Amor em pessoa!
Que emoção…quase não podia acreditar…um visitante tão ilustre assim na minha casa!
Fiz como das outras vezes, e um pouco mais, só para esperar o amor.
9h00, 10h00,11h00, meia noite, e nada.
O amor não veio! Nem tão pouco me avisou sobre sua ausência, tão pouco me preparou para tamanha dor que eu sentiria sem sua presença .
Pude concluir que são todos iguais!
Ninguém merece os meus sacrifícios, minha casa adornada e linda, e ninguém se importou, nem mesmo com tudo que eu me dediquei a oferecer.
As maiores, e mais desejadas personalidades, aquelas as quais muita gente diz conviver diariamente não vieram a mim.
Confesso que indaguei me nesta hora; “será mesmo que todos que dizem ter um convívio assim, tão íntimo com tamanhas personalidades realmente as têm consigo?” E assim, com tanta intimidade a ponto de irem em suas casas, e cearem juntos? Digo isso pois eu mesmo já me surpreendi mentindo à amigos ou à quem nem importasse tanto talvez, que eu tinha também muita intimidade e influência com essas tão desejáveis personalidades.
Acredito que bem mais pessoas juntamente comigo mentem, aos outros, ou talvez a sí mesmos.
Foi então, que muito irritado, comecei a quebrar tudo, estava totalmente desiludido, desesperançoso, fui verdadeiro nesta hora à mim mesmo e reconheci o quanto nunca consegui de fato ter convivido com estes tão dignos seres. Mas viver a vida sem eles é tudo tão nefasto e inconclusivo, tudo tão pequeno e fulgás, tudo tão rico no exato escuro do nada.
Admiti a mim mesmo que tudo estava destruído, com a falta que eu tinha deles. Tudo destruído, especialmente eu, tranquei então a porta da minha solidão e saí sem rumo.
Depois de já ter andado um pouco, e ainda sem direção encontrei um homem, algo nele me chamou atenção, mas apesar disso, passei por ele de largo.
Sabia se tratar de um não completo estranho, mas simplesmente não desejei dar lhe atenção.
E mesmo notando o fato de lê lo ignorado, ainda assim me chamou o homem, e pelo meu nome, uma, duas vezes, e quando eu quase já dobrava a esquina da minha amargura o escutei, e me virei.
– Gostaria de cear contigo, em sua casa!
Honestamente fiquei surpreso com a afirmação do homem, nunca havia lhe dado intimidade para que o próprio falasse comigo, mas respondi lhe que sim, ao ouvir dele a voz mais singela que meus ouvidos já puderam ouvir.
E antes que eu pudesse lhe passar meu endereço o homem me olhou como quem tem o poder de olhar a alma, o mais profundo dela, e me diz:
– Sei onde moras.
Olhei ainda confuso, um pouco relutante também, mas autorizei a visita do não estranho homem.
– Agora exatamente não posso se quer lhe dar atenção, “estou sem tempo”, mas…mas vá amanhã se quiser…
Segui meu caminho, que se quer sabia onde me levaria…
Voltei para casa, o sol já raiava, abri a porta da solidão, aquela mesma que eu havia deixado para trás, a minha casa, a minha vida, então me deparei com toda aquela bagunça, a que eu mesmo produzi com minhas próprias mãos, e isso pela falta da Felicidade, da Paz e do Amor.
Mas eu estava tão cansado que só me deitei, mergulhando agora no sono do desespero, aquele que só sabe quem realmente conhece de perto a falta desses tão ilustres seres.
Desperto com o bater da porta.
– Quem é?
Disse eu completamente esquecido do convite que eu não havia feito, porem autorizado, eu quis, é bem verdade receber o mais novo convidado que quando me perguntou se poderia vir me visitar e cear comigo, no profundo da minha alma eu sabia que precisava de algo que pudesse preencher o vazio deixado por quem convidei e que nunca veio.
– Sou eu, Jesus. Vim cear contigo, permitiu que eu viesse, lembra se?
Levantei me atordoado, olhei a minha volta, e toda aquela bagunça ainda me consumia, mas fiquei envergonhado, como abriria as portas da minha casa para esse Jesus? Nem mesmo um café poderia lhe oferecer em meio a tanta bagunça e sujeira.
– Já vou! Estou só finalizando umas coisas.
Tentei até pegar uma vassoura e tentar inutilmente colocar algo em ordem, mas isso evidente que não seria possível. Acabei demorando mais que o esperado, foi então que resolvi abrir as portas da minha vida, assim mesmo como estava, em sua mais plena desordem.
Mas estava envergonhado, desolado por tanta falta do que realmente precisava, coloquei o rosto entre as mãos e chorei, chorei novamente, mas dessa vez não sozinho perdido às ruas dos meus devaneios chorei na presença desse Jesus. O que a mim me convidou para vir em minha casa e que eu apenas abri as portas e expus lhe exatamente como estava a minha casa, a minha vida.
Mas para minha surpresa quando retirei as mãos do meu rosto que estavam banhados em lágrimas de desamor, falta de paz e ausência de felicidade, pude ver que quem arrumava minha casa era ele, sim esse Jesus pegou a vassoura e foi logo tirando toda a sujeira que eu sozinho não era capaz de tirar, fui ajudá lo e notei que tudo já estava mais fácil, juntos rapidamente tudo estava em ordem, pudemos enfim cear juntos, mas não sem que antes ele também consertasse os móveis que eu consegui quebrar naquele meu dia de fúria. Eu já tinha ouvido dizer que Ele era bom em trabalhar com madeira, pude pessoalmente comprovar que nesse ofício de carpintaria nunca vi melhor.
Senti naquela ceia que a felicidade a paz e também o amor estavam ali, todos juntos reunidos à mesa comigo, tudo, na presença deste Jesus.
Confesso que tive medo desse momento acabar, o que a felicidade pode produzir é mesmo indescritível, assim como quando se tem em si o amor vive se a mais perfeita paz também, eu não poderia perde lo! Nele parecia morar o amor, a paz e sem dúvidas a própria Felicidade estava a nos servir.
Foi quando Ele, como se soubesse no que eu estava pensando me disse:
– Se quiseres, estarei contigo sempre, até a consumação dos séculos, e creia, que em hipótese alguma lhe deixarei ausente de minha presença. Só preciso que realmente queira a minha presença em ti, e que acima de tudo me abra as portas da sua casa, da sua vida no dia em que eu bater à porta.
Releitura
De quem eu desejava a companhia…
Tudo pode parecer completo para nós, mas existem personalidades cuja ausência nos faz sentir incompletos. Refletindo sobre isso e nas pessoas que gostaria de ter ao meu lado, percebi que três figuras extremamente importantes nunca haviam conhecido minha casa de verdade. Decidi, a qualquer custo, tê-las comigo, nem que fosse por um breve momento.
Iniciei a busca por elas. Procurei incessantemente até que, finalmente, encontrei uma delas. Convidei-a para vir à minha casa – era a Felicidade. Marcar um encontro com a Felicidade era uma tarefa árdua, mas ela concordou em vir jantar em minha casa. Portanto, fiz todos os preparativos, enfeitando todos os cantos com belos vasos de flores para tornar minha casa digna de uma visita tão ilustre.
Alguém já havia me alertado de que a Felicidade nunca permaneceria por muito tempo; estava sempre de passagem, nunca se instalando permanentemente. No entanto, a notícia de sua visita me encheu de alegria, mesmo que fosse apenas temporária.
Esperei e esperei, mas a Felicidade não veio. Deixou-me esperando, não apareceu nem por um breve momento, como costumava fazer em outros lugares. Pelo menos, ela poderia ter me dado alguma satisfação por sua ausência.
Dias se passaram, então decidi convidar outra figura notável para visitar minha casa: a Paz. Convidei a Senhora Paz para um jantar. Ela confirmou sua presença. Preparei tudo com esmero, perfumando e enfeitando, e tudo estava pronto para o jantar à mesa. No entanto, a Paz não apareceu. Esperei por ela até dormir no sofá, mas ela nunca veio.
Em outro dia, por acaso, encontrei o Amor. Pedi-lhe encarecidamente que viesse à minha casa, mesmo que fosse apenas para uma visita rápida. Eu lhe disse o quanto sua presença era valiosa em minha vida e como sua companhia poderia me transformar em alguém melhor. Ele olhou para mim e disse que faria um grande esforço para estar presente em minha casa. Afinal, sua agenda estava lotada, o que achei irônico, já que o havia encontrado sem ocupação enquanto passeava. No entanto, o Amor é assim, às vezes vem, às vezes vai, não se submete aos caprichos humanos, decide por si próprio, muitas vezes sem planejamento.
Corri para casa com a esperança de que, desta vez, o Amor não me decepcionaria, afinal, ele era o próprio Amor. Dessa vez, até comprei novos móveis para a sala de estar, pois minha sala receberia o Amor pessoalmente! Que emoção! Mal podia acreditar que receberia um convidado tão ilustre em minha casa!
Preparei tudo como nas vezes anteriores, e até mais, apenas para esperar pelo Amor. Esperei até tarde, mas ele não apareceu. O Amor não veio, nem mesmo me avisou de sua ausência, nem me preparou para a dor que senti pela sua falta. Concluí que todos eram iguais! Ninguém merecia meus sacrifícios. Minha casa estava linda, mas ninguém se importou, nem mesmo com todo o esforço que dediquei para recebê-los.
As personalidades mais desejadas, aquelas que muitos afirmam conviver diariamente, nunca vieram até mim. Comecei a questionar se aqueles que dizem ter convívio tão íntimo com essas personalidades realmente as têm. Será que realmente vão a suas casas e jantam juntos? Já que eu mesmo já me vi mentindo para amigos ou até mesmo pessoas que não me importavam tanto, afirmando ter intimidade e influência com essas personalidades desejadas.
Acredito que muitos, assim como eu, mentem para os outros ou até mesmo para si mesmos. Fiquei irritado e comecei a quebrar tudo, estava desiludido e desesperançado. Finalmente, fui honesto comigo mesmo e reconheci que nunca havia realmente convivido com essas figuras admiráveis. Viver sem elas era sombrio e vazio, tudo parecia pequeno e insignificante.
Admiti que estava destruído pela falta delas. Tranquei a porta da minha solidão e saí sem rumo. Após andar um pouco, encontrei um homem que chamou minha atenção, mas mesmo assim, passei por ele sem prestar atenção. Sabia que não era um estranho completo, mas não quis dar atenção a ele.
No entanto, mesmo depois de ignorá-lo, o homem continuou chamando meu nome. Virei-me e ele disse:
Gostaria de ceiar contigo em tua casa!
Fiquei surpreso com o convite, pois nunca tinha dado ao homem intimidade para falar comigo. Mesmo assim, respondi afirmativamente ao ouvir sua voz suave.
Antes que pudesse fornecer meu endereço, o homem olhou profundamente nos meus olhos e disse:
Eu sei onde moras.
Fiquei confuso e um pouco relutante, mas permiti sua visita. Ele acrescentou:
Agora, não posso ficar, mas venha amanhã, se desejar.
Continuei meu caminho sem rumo e, eventualmente, voltei para casa quando o sol já estava nascendo. Abri a porta da solidão e encontrei minha casa em completa desordem, resultado da minha raiva pela falta da Felicidade, da Paz e do Amor.
Estava cansado demais e deitei-me, mergulhando no sono da desesperança. Acordei com alguém batendo na porta e perguntei:
Quem é?
Nem me lembrava do convite que não havia feito, mas permitido. Abri a porta e me deparei com a presença de Jesus. Ele havia vindo ceiar comigo, como havia me pedido, lembrando-me do convite anterior.
Levantei-me atordoado, percebendo a bagunça, mas não hesitei em abrir as portas da minha vida e expor a desordem que era minha casa. Senti-me envergonhado, mas queria que ele ficasse. Jesus começou a limpar minha casa, e juntos, conseguimos colocar tudo em ordem rapidamente. Finalmente, pudemos ceiar juntos, e a presença da Felicidade, da Paz e do Amor estava lá, na presença de Jesus.
Confesso que tinha medo de que aquele momento acabasse. A Felicidade era indescritível, a Paz e o Amor estavam presentes, todos reunidos à mesa comigo, tudo na presença de Jesus.
Ele parecia saber o que eu estava pensando e disse:
Se desejares, estarei sempre contigo, até o fim dos tempos, e jamais te deixarei sem a minha presença. Basta que realmente queiras a minha presença e que, quando Eu bater à tua porta, a abras.