Polícia desarticula fraude em concursos e acha central clandestina em SP
Na manhã de terça-feira (12), uma ação coordenada da Polícia Civil expôs um esquema sofisticado de golpes que combinava fraudes em concursos públicos e crimes contra as telecomunicações. Batizada de Operação Caça-Fantasmas, a ofensiva resultou na prisão de dois suspeitos — um em Francisco Morato e outro em Campinas — e no cumprimento de seis mandados de busca e apreensão em três cidades paulistas.
Pontos Principais:
- Dois homens presos em Francisco Morato e Campinas durante a Operação Caça-Fantasmas.
- Esquema usava sites falsos para aplicar golpes em concursos públicos inexistentes.
- A investigação registrou ao menos 640 boletins de ocorrência com o mesmo modus operandi.
- Foram apreendidos carros de luxo, eletrônicos e roupas de grife em endereços ligados ao grupo.
- Polícia desmontou central clandestina de TV a cabo na Vila Mariana, com 20 máquinas de cartão.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os criminosos se especializaram em criar páginas falsas que imitavam o portal oficial do Governo Federal. Nessas plataformas fraudulentas, vítimas eram atraídas por anúncios de concursos inexistentes, forneciam seus dados pessoais e eram induzidas a pagar taxas que variavam entre R$ 28 e R$ 87 por meio de QR Codes.
O golpe só se revelava após a transação: não havia processo seletivo algum, e as informações fornecidas eram usadas para outros fins ilícitos. A investigação, que já contabiliza ao menos 640 boletins de ocorrência, revelou que os envolvidos operavam a partir de empresas de fachada, dificultando o rastreamento das transações e blindando a rede criminosa.
O poder econômico do grupo ficou evidente nas apreensões realizadas. Entre os itens recolhidos, destacam-se dois Porsche 911 Carrera — um azul e outro branco —, uma BMW 320i branca e um Range Rover Velar marrom, além de notebooks, computadores, celulares e peças de vestuário de grife.
No bairro da Vila Mariana, zona sul da capital, os investigadores encontraram um núcleo paralelo de operações: uma central clandestina de TV a cabo. Equipamentos de captação e redistribuição ilegal de sinal de TV por assinatura dividiam espaço com 20 máquinas de cartão de crédito, supostamente utilizadas para movimentar recursos do esquema.
A estrutura, segundo fontes policiais, tinha capacidade para atender centenas de assinantes clandestinos, indicando que o grupo diversificava suas atividades ilícitas para ampliar os ganhos. A conexão entre os crimes de telecomunicações e as fraudes em concursos reforça a suspeita de que se tratava de uma rede articulada com ramificações em diferentes segmentos do crime organizado digital.
A ação desta semana é parte de um trabalho investigativo que vinha sendo conduzido há meses, envolvendo análise de registros digitais, rastreamento de transações financeiras e cruzamento de informações obtidas em denúncias e boletins de ocorrência.
Os dois suspeitos detidos foram autuados em flagrante por associação criminosa e crime contra as telecomunicações. Ambos permanecem à disposição da Justiça, enquanto as autoridades buscam identificar outros integrantes e fornecedores da infraestrutura tecnológica utilizada nos crimes.
O caso está sob responsabilidade do 42º Distrito Policial, no Parque São Lucas, que centraliza as investigações. Fontes ligadas à operação afirmam que novas fases não estão descartadas, considerando o volume de dados apreendidos e a possibilidade de conexão com golpes semelhantes praticados em outros estados.
A SSP reforça o alerta para que candidatos a concursos verifiquem a autenticidade de editais e endereços eletrônicos antes de efetuar inscrições ou pagamentos, a fim de evitar cair em armadilhas como a que agora foi parcialmente desmantelada pela Operação Caça-Fantasmas.
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