Breaking: Da Periferia de Nova York, Sucesso no Brasil e Destaque nas Olimpíadas de Paris
O breaking, uma das principais danças de rua, comemora seus 50 anos com um marco importante: sua estreia nos Jogos Olímpicos de Paris. Essa dança, nascida na periferia de Nova York na década de 1970, é um dos elementos do movimento hip hop, que também inclui DJs, grafiteiros e MCs.
A história do breaking começou nas block parties, festas de rua que reuniam moradores de bairros para celebrar com música e dança. Movido pelo soul e funk, o breaking cresceu junto com a cultura negra afrodiaspórica. Durante essas festas, rodas de dança eram formadas e os dançarinos exibiam seus passos, evoluindo a dança para o que conhecemos hoje.
Thais Melo, conhecida como B-girl Thaisinha e coordenadora de breaking no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), explica que o breaking surgiu “movido ao soul, ao funk, às músicas e a cultura negra afrodiaspórica da época”. Segundo ela, os dançarinos se reuniam nas block parties, onde cada um mostrava seus movimentos e os passos foram evoluindo.
No Brasil, o breaking chegou em 1984, através de filmes, vídeos e reportagens. Um dos marcos dessa chegada foi o filme “Beat Street”, que levou muitos dançarinos a se reunirem no Cine Marabá, em São Paulo, para assistir e aprender os movimentos de dança. Nelson Triunfo, um dos pioneiros do hip hop no Brasil, começou a dançar na Rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, e depois na estação São Bento do metrô, onde muitos se reuniam para praticar e aprender.
A evolução dos dançarinos de breaking, conhecidos como B-boys e B-girls, não se mede por graduações, mas pelo reconhecimento nas ruas e competições. Treinamentos de força, flexibilidade e preparação mental são essenciais para o desempenho nas batalhas, que podem durar de 30 segundos a um minuto por round. Cleber Luiz, conhecido como B-boy Clean, treinador de breaking do COTP, afirma que “70% é mental e 30% é construção de músculo, academia, fazer força”.
Além dos treinos físicos, os breakers devem dominar elementos básicos da dança, como toprocks (passos de dança em pé), footworks (movimentos no chão), freezes (posições paradas), go downs (movimentos de descida) e power moves (movimentos acrobáticos). A moda no breaking também é importante, com roupas que refletem a personalidade e a identidade do dançarino. “A roupa mostra nossa personalidade”, diz Cleber. “Gostamos de usar touca, boina, coisas clássicas do movimento”.
Ao longo dos anos, o breaking enfrentou desafios e preconceitos, especialmente por ser uma cultura majoritariamente masculina. Thaisinha, que participa do movimento há 20 anos, destaca que sofreu preconceito e situações de machismo, mas acredita que as coisas têm melhorado e que há mais mulheres praticantes. “Buscamos fortalecer e incentivar outras mulheres a participarem da cultura hip-hop”, afirma.
As competições de breaking nos Jogos Olímpicos de Paris ocorrerão nos dias 9 e 10 de agosto, com eventos separados para homens (B-boys) e mulheres (B-girls), totalizando 32 competidores. Apesar de o Brasil não ter representantes nesta edição, a presença do breaking nas Olimpíadas é um reconhecimento importante da evolução e impacto cultural da dança ao longo de 50 anos.
Fonte: G1.