Brasil quer criar supercomputador e ter sua própria IA
O Brasil deu um passo importante rumo ao futuro tecnológico com a apresentação do seu primeiro Plano Nacional de Inteligência Artificial. A proposta, entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa transformar o país em uma referência global no campo da inteligência artificial, investindo R$ 23,03 bilhões até 2028. O plano busca fortalecer a soberania tecnológica e promover o desenvolvimento sustentável por meio de ações estratégicas que envolvem tanto o setor público quanto o privado.
Um dos principais objetivos do plano é equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica de ponta, incluindo a atualização do supercomputador Santos Dumont do Laboratório Nacional de Computação Científica, localizado em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Com investimentos de R$ 1,8 bilhão, a meta é colocar o país entre os cinco maiores do mundo em capacidade de processamento. Essa infraestrutura avançada permitirá que o Brasil desenvolva modelos de inteligência artificial em português, refletindo as características culturais, sociais e linguísticas da nação.
A criação de modelos de inteligência artificial em português é um passo significativo para o Brasil, permitindo que a tecnologia atenda melhor às necessidades locais. O plano destaca a importância de ter dados nacionais que respeitem as especificidades do Brasil, fortalecendo a soberania digital e a autonomia tecnológica. Com isso, o país pretende se posicionar como um líder no desenvolvimento de inteligência artificial, impulsionando inovações em diversas áreas prioritárias, como saúde, agricultura e meio ambiente.
A capacitação e formação de profissionais também estão no centro das atenções do plano. Com a alta demanda por especialistas em inteligência artificial, o Brasil busca formar e requalificar trabalhadores para atender às necessidades do mercado. Além disso, o governo pretende estabelecer parcerias com o setor privado e instituições internacionais para promover o intercâmbio de conhecimentos e tecnologias, garantindo que o Brasil esteja alinhado com as melhores práticas globais.
A proposta foi aprovada pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, após um processo participativo que envolveu mais de 300 pessoas, incluindo representantes da iniciativa privada, especialistas e membros da sociedade civil. O plano estabelece diretrizes para o uso ético da inteligência artificial, abordando questões de equidade, transparência, privacidade de dados e proteção da propriedade intelectual. Esses princípios são fundamentais para garantir que o desenvolvimento tecnológico seja inclusivo e respeite os valores humanos.
Para financiar as ações previstas no plano, o governo brasileiro conta com diversas fontes de recursos, incluindo créditos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que somam R$ 12,72 bilhões. Além disso, há contribuições do setor privado, empresas estatais e do orçamento da União, totalizando R$ 23,03 bilhões até 2028.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que os investimentos previstos se equiparam aos da União Europeia, reforçando o compromisso do Brasil em avançar no campo da inteligência artificial. “Cada pessoa ou coisa conectada à internet produz dados, e o Brasil tem muitos dados que são cobiçados pelas grandes empresas de tecnologia”, afirmou a ministra. “Nós vamos ter os nossos dados, que haverá de ter uma integração que não há hoje e com nuvem própria, soberana, brasileira, com linguagem brasileira.”
O plano nacional de inteligência artificial foi encomendado pelo governo federal ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia em março. Desde então, o documento passou por revisões e aprimoramentos, contando com a colaboração de especialistas de diversas áreas. A proposta foi apresentada durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, evento realizado em Brasília após um hiato de 14 anos. A conferência reuniu cientistas, representantes do governo e membros da sociedade civil para discutir o futuro da ciência e tecnologia no Brasil.
O lançamento do Plano Nacional de Inteligência Artificial é um marco para o Brasil, representando um compromisso com o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Com investimentos robustos e uma estratégia clara, o país busca se posicionar como um líder global em inteligência artificial, promovendo um futuro mais sustentável e inclusivo para todos os brasileiros.
Fonte: AgênciaBrasil.