O câncer infantil é um grupo de diversas doenças caracterizadas pela proliferação descontrolada de células anormais em qualquer parte do corpo. Os tipos de tumores mais comuns na infância e adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e os linfomas (do sistema linfático).
Além disso, outras formas de câncer podem afetar crianças e adolescentes, como o neuroblastoma (tumor nas células do sistema nervoso periférico, geralmente localizado no abdômen), o tumor de Wilms (um tipo de tumor renal), o retinoblastoma (que afeta a retina do olho), tumores germinativos (que se originam nas células que darão origem aos ovários ou testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores em tecidos moles).
No Brasil, assim como em países desenvolvidos, o câncer já é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, representando 7% do total de óbitos em todas as regiões do país.
Nas últimas décadas, houve avanços significativos no tratamento do câncer na infância e adolescência. Atualmente, cerca de 70% das crianças e adolescentes diagnosticados com câncer podem ser curados se forem identificados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria desses pacientes pode ter uma boa qualidade de vida após um tratamento adequado.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que haja 12.600 novos casos de câncer infantil por ano no Brasil, com base em dados de 2016.
É importante que os pais estejam atentos, pois as crianças não inventam sintomas. Ao perceber qualquer anormalidade, é fundamental levá-las ao pediatra para avaliação. Embora muitas vezes os sintomas estejam relacionados a doenças comuns na infância, não se deve descartar a visita ao médico.
Os sinais clínicos dos tumores em crianças e adolescentes podem não ser muito diferentes das doenças benignas comuns nessa faixa etária. Muitas vezes, a criança ou jovem apresenta condições de saúde razoáveis no início da doença. Por isso, o conhecimento do médico sobre a possibilidade do câncer é crucial.
A forma de apresentação dos tumores infantis pode variar. Nas leucemias, por exemplo, a invasão da medula óssea por células anormais torna a criança mais suscetível a infecções, além de poder apresentar palidez, sangramentos e dores nos ossos.
No caso do retinoblastoma, um sinal importante é o “reflexo do olho do gato”, que é o embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Também pode se manifestar por fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo. Geralmente, afeta crianças antes dos 3 anos de idade, e hoje é possível identificar esse reflexo desde o nascimento.
O aumento de volume ou o surgimento de uma massa no abdômen pode ser um sintoma de tumor de Wilms (afetando os rins) ou neuroblastoma.
Tumores sólidos podem se manifestar através da formação de massas, visíveis ou não, e causar dor nos membros. Isso é frequente, por exemplo, no osteossarcoma, um tumor ósseo mais comum em adolescentes.
Os tumores do sistema nervoso central podem causar dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.
O diagnóstico tardio é um problema comum em crianças e adolescentes com câncer, devido a diversos fatores, como falta de informação dos pais, medo do diagnóstico e falta de conhecimento médico. Em muitos casos, a apresentação clínica pode ser semelhante a doenças comuns na infância. Portanto, o conhecimento do pediatra sobre o câncer é essencial para um diagnóstico seguro e rápido.
Ao contrário do câncer em adultos, o câncer infanto-juvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de suporte. Esses tumores são predominantemente compostos por células embrionárias, o que geralmente resulta em uma melhor resposta aos tratamentos atuais.
O tratamento do câncer infantil começa com um diagnóstico preciso, que requer um laboratório confiável e estudos de imagem. Devido à complexidade do tratamento, ele deve ser realizado em centros especializados. As modalidades principais de tratamento incluem quimioterapia, cirurgia e radioterapia, que são aplicadas de forma racional e personalizada para cada tipo específico de tumor e de acordo com a extensão da doença.
A colaboração entre diversos especialistas, como oncologistas pediátricos, cirurgiões pediátricos, radioterapeutas, patologistas, radiologistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e farmacêuticos, é fundamental para o sucesso do tratamento.
Além do tratamento do câncer em si, é essencial prestar atenção aos aspectos sociais da doença, garantindo que a criança ou adolescente doente receba atendimento integral dentro de seu contexto familiar. A cura não deve se limitar apenas à recuperação biológica, mas também ao bem-estar e à qualidade de vida do paciente. Nesse sentido, o suporte psicossocial desde o início do tratamento é fundamental tanto para o paciente quanto para a família.
Em relação à prevenção, atualmente não há evidências científicas claras que estabeleçam uma associação entre o câncer infantil e fatores ambientais. Portanto, o foco está no diagnóstico precoce e na orientação terapêutica de qualidade. A prevenção continua sendo um desafio para o futuro.
*Com informações de Hospital Israelita Albert Einstein e Instituto Nacional de Câncer – INCA.