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População em Favelas no Brasil Atinge 16,4 Milhões, Indica Censo do IBGE

O Censo 2022 do IBGE aponta que 16,39 milhões de brasileiros, ou 8,1% da população, vivem em 12.348 favelas, com maior concentração no Sudeste. São Paulo, Rio de Janeiro e Pará somam 44,7% dos moradores. Nas grandes áreas urbanas, a taxa de favelados é de 16,2%. Em favelas, 6,56 milhões de domicílios são, em maioria, casas, e há 958 mil estabelecimentos, majoritariamente de comércio e serviços, refletindo uma economia ativa.
Publicado em Brasil dia 8/11/2024 por Alan Corrêa

O Censo 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 16,39 milhões de brasileiros residem em favelas e comunidades urbanas. Este número corresponde a 8,1% da população total de 203 milhões, o que significa que, a cada 100 brasileiros, oito vivem nesses locais. A pesquisa do IBGE também apontou a existência de 12.348 favelas distribuídas em 656 municípios.

As favelas foram definidas pelo IBGE como áreas com características específicas, como insegurança jurídica da posse, ausência ou fornecimento precário de serviços públicos, padrões urbanísticos que não seguem a legislação vigente e ocupação de áreas com restrição ou risco ambiental. A metodologia atual substitui o termo “aglomerados subnormais”, utilizado no Censo de 2010, e considera avanços tecnológicos para o mapeamento de territórios.

Os especialistas do IBGE recomendam cautela na comparação direta entre os dados de 2010 e 2022 devido a melhorias na tecnologia e metodologia de identificação de áreas. Segundo a analista do IBGE, Letícia de Carvalho Giannella, o aumento no número de residentes em favelas pode ser influenciado por aprimoramentos no mapeamento e na classificação dessas áreas.

Distribuição Regional da População em Favelas

A pesquisa detalha que 43,4% dos moradores de favelas estão concentrados na região Sudeste do país, somando 7,1 milhões de pessoas. No Nordeste, esse número é de 4,6 milhões, representando 28,3% do total, enquanto o Norte abriga 3,3 milhões de habitantes em comunidades, equivalendo a 20%. No Sul e no Centro-Oeste, os números são menores, com 968 mil (5,9%) e 392 mil (2,4%) moradores, respectivamente.

Em números absolutos, o estado de São Paulo concentra a maior população em favelas, com 3,6 milhões de pessoas, seguido pelo Rio de Janeiro, com 2,1 milhões, e pelo Pará, com 1,5 milhão. Esses três estados somam 44,7% do total de habitantes em comunidades no Brasil. A maior favela do país é a Rocinha, localizada no Rio de Janeiro, com 72.021 moradores.

Proporcionalmente, o Amazonas registra a maior parcela de pessoas vivendo em favelas, com 34,7% da população estadual. Em seguida, estão o Amapá, com 24,4%, e o Pará, com 18,8%. Outros estados com percentuais significativos são Espírito Santo (15,6%), Rio de Janeiro (13,3%), Pernambuco (12%) e Bahia (9,7%).

Concentração Urbana e Fenômeno das Favelas

O Censo aponta que 83,6 milhões de pessoas vivem nas 26 maiores concentrações urbanas do Brasil, que incluem regiões metropolitanas com mais de 750 mil habitantes. Destas, 13,6 milhões moram em favelas, representando 16,2% do total, o dobro da média nacional de 8,1%. Segundo o IBGE, 82,6% dos moradores de favelas no Brasil estão concentrados nessas áreas urbanas.

A análise revela que as concentrações urbanas com os maiores percentuais de moradores em favelas estão nas cidades de Belém (57,1%), Manaus (55,8%) e Salvador (34,9%). Outras cidades com índices elevados incluem São Luís (33,2%) e Recife (26,9%). No Rio de Janeiro, 14,8% dos habitantes da região metropolitana vivem em favelas, enquanto em São Paulo o índice é de 14,3%.

Entre as grandes concentrações urbanas, os menores percentuais de moradores em favelas foram encontrados em Campo Grande (0,9%), São José dos Campos (1%) e Goiânia (1,5%). Segundo a analista Letícia Giannella, essa distribuição evidencia o caráter urbano das favelas no Brasil, refletindo a maior concentração de populações nessas áreas nas regiões mais urbanizadas.

Condições Habitacionais e Infraestrutura

A pesquisa também investigou as condições de moradia nas favelas brasileiras, identificando um total de 6,56 milhões de domicílios, o que representa 7,2% do total de residências no país. Desses, 72,5% das favelas contavam com até 500 domicílios, enquanto 15,6% tinham entre 501 e 999 lares, e 11,9% tinham mais de mil domicílios.

Entre os domicílios em favelas, 96,1% são classificados como casas, incluindo residências de vila e condomínios, sendo a proporção nacional de 84,8%. A média de moradores por domicílio em favelas é de 2,9 pessoas, ligeiramente superior à média nacional de 2,8.

Em relação ao abastecimento de água, 89,3% dos domicílios em favelas estão conectados à rede geral de distribuição, um índice superior ao da média nacional (87,4%), que inclui áreas rurais com formas alternativas de abastecimento. Quanto ao esgotamento sanitário, 61,5% das moradias em favelas estão conectadas à rede geral, pluvial ou fossa séptica, próximo aos 65% registrados no país como um todo.

Estabelecimentos nas Favelas Brasileiras

Além das residências, o IBGE também contabilizou 958 mil estabelecimentos em favelas. A maioria, cerca de 616,6 mil, é composta por comércios e prestadores de serviços diversos. Há também 50,9 mil estabelecimentos religiosos, 7,9 mil de ensino, 2,8 mil voltados à saúde e 995 de atividade agropecuária.

Dentre esses estabelecimentos, cerca de 280 mil estavam em construção ou reforma no momento da coleta de dados. O levantamento demonstra a presença de uma economia ativa e diversificada dentro das comunidades urbanas, indicando o papel relevante que as favelas desempenham na economia local.

Fonte: AgênciaBrasil.