No último final de semana, a queda do nível do lago Guaíba secou grande parte do Centro Histórico de Porto Alegre, revelando um cenário desolador com montanhas de entulho e um forte cheiro de lixo pelas ruas.
Diversas esquinas e fachadas de prédios da capital gaúcha estão repletas de colchões, móveis, sofás e outros objetos destruídos pela enchente. Na rua Washington Luiz, a água atingiu 1,5 m de altura, e moradores e funcionários de estabelecimentos comerciais estão começando a despejar o entulho enlameado para fora.
“Tem proprietário de apartamento que já disse que não pretende mais voltar,” comenta Cláudio Korkiewicz, residente do quarto andar de um prédio. “Quem mora no térreo perdeu tudo, é uma tragédia total e muita culpa do nosso governo,” acrescenta.
Os comerciantes do centro puderam reabrir seus estabelecimentos pela primeira vez em duas semanas para avaliar os danos e iniciar a limpeza. Em um restaurante na mesma rua, todo o ambiente está sujo de lama, evidenciando a gravidade da situação.
Três comportas foram abertas no domingo (19) para escoar a água de volta ao Guaíba, ajudando a secar o centro da capital. No entanto, o acúmulo de lixo ainda é grande nas ruas da Cidade Baixa, um bairro boêmio da capital. A prefeitura já começou a enviar caminhões para recolher parte do entulho.
Na rodoviária, que estava fechada há algumas semanas, a água já deu lugar à lama, atingindo o nível da calçada em algumas áreas. Apesar da melhora, o nível do Guaíba continua oscilando, tendo subido um pouco, alcançando 4,32 metros às 7h15 desta segunda-feira (20), conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA).
A situação no centro de Porto Alegre reflete uma tragédia que afeta diretamente a vida dos moradores e comerciantes locais. A limpeza e a recuperação dos danos são prioridades imediatas, mas a frustração e a preocupação com a gestão governamental também são evidentes entre os afetados.
Porto Alegre enfrenta agora o desafio de limpar e restaurar as áreas afetadas, enquanto lida com as consequências ambientais e sociais da enchente. A solidariedade e a ação rápida das autoridades são essenciais para superar este momento difícil.
Fonte: Folha.