Zambelli se entrega na Itália após ser delatada por deputado europeu e vira peça-chave em crise internacional

Numa reviravolta com desdobramentos diplomáticos, Carla Zambelli se apresentou à polícia italiana após ser localizada em Roma por um deputado europeu. A ex-parlamentar, condenada a mais de 10 anos de prisão pelo STF por ataques ao Judiciário, era considerada foragida e usava sua cidadania italiana para tentar escapar da extradição. O governo brasileiro já formalizou o pedido às autoridades da Itália.
Publicado em Política dia 29/07/2025 por Alan Corrêa

Carla Zambelli se entregou à polícia italiana nesta terça-feira (29), em Roma, após ser delatada publicamente pelo deputado Angelo Bonelli, que divulgou o endereço onde a ex-deputada estava escondida. A ex-parlamentar, que mantinha cidadania italiana e vinha tentando evitar a extradição, foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de dez anos de prisão por envolvimento em crimes digitais contra o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A informação foi confirmada pelo Ministério da Justiça do Brasil, que já oficializou o pedido de extradição às autoridades italianas.

Pontos Principais:

  • Carla Zambelli se entregou à polícia italiana em Roma nesta terça (29).
  • Deputado europeu Angelo Bonelli revelou seu paradeiro e comunicou às autoridades.
  • Ex-deputada foi condenada pelo STF a mais de 10 anos por crimes cibernéticos.
  • Ela era considerada foragida e figurava na lista vermelha da Interpol.
  • Governo brasileiro já formalizou o pedido de extradição à Itália.
  • Defesa tenta evitar extradição com base na cidadania italiana da ré.
  • Apresentação voluntária pode ser estratégia para evitar prisão imediata.
  • Colaboração internacional inédita marca novo capítulo da repressão aos crimes digitais.

Zambelli era considerada foragida desde que perdeu o mandato parlamentar e passou a figurar na lista vermelha da Interpol. Sua situação se agravou após a decisão unânime do STF que a responsabilizou por liderar uma estrutura digital organizada para atacar instituições judiciais brasileiras. A localização da ex-deputada, divulgada por Bonelli nas redes sociais, expôs um raro caso de colaboração política internacional direta no rastreamento de condenados com dupla nacionalidade.

A ex-bolsonarista morava em Roma desde o início do segundo semestre, após ser afastada da Câmara dos Deputados. Segundo relatos locais, após a denúncia do parlamentar italiano e a chegada das autoridades ao seu endereço, ela optou por se apresentar voluntariamente, numa tentativa de demonstrar colaboração. A medida busca minimizar os efeitos negativos de sua condição de foragida, enquanto a defesa aposta na complexidade do processo de extradição envolvendo cidadania europeia.

Fontes do Ministério da Justiça indicam que o caso está sendo tratado como prioridade tanto na esfera jurídica quanto diplomática. A extradição, no entanto, depende agora de decisão do governo italiano, que precisa avaliar o pedido formal enviado pelo Brasil à luz das legislações locais e dos tratados internacionais vigentes. Zambelli ainda não teve ordem de prisão definitiva em solo italiano, o que pode favorecer sua permanência em liberdade enquanto o processo tramita.

A revelação do paradeiro da ex-deputada por um parlamentar estrangeiro chamou atenção no meio diplomático. Angelo Bonelli, conhecido por sua atuação ambientalista, afirmou que informou às autoridades italianas sobre o local exato onde Zambelli estaria residindo, contribuindo diretamente para a movimentação policial. O gesto foi visto como um posicionamento claro da política italiana diante de crimes digitais com impactos institucionais em outros países.

Zambelli era uma das figuras mais alinhadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem dividia pautas e estratégias. Desde sua cassação, no entanto, passou a enfrentar investigações mais profundas e o cerco jurídico se intensificou, resultando na condenação pelo STF. A ex-parlamentar vinha tentando utilizar sua cidadania italiana como escudo, mas o envolvimento direto de um deputado europeu alterou o cenário.

O caso tem gerado repercussão dentro e fora do Brasil. Representantes da oposição veem a movimentação como uma prova de que redes políticas internacionais também podem agir contra a impunidade em crimes cibernéticos. Já aliados do antigo governo tentam manter discrição e evitar declarações públicas que possam acirrar o cenário político. O PL, partido ao qual Zambelli era filiada, não se manifestou oficialmente até o momento.

Na Itália, o processo de extradição costuma passar por várias instâncias, e a condição de cidadã europeia poderá ser usada pela defesa para dificultar o envio da ex-parlamentar ao Brasil. Apesar disso, especialistas avaliam que o peso da condenação no Supremo e a gravidade dos crimes — voltados contra uma das instituições centrais do Judiciário brasileiro — poderão influenciar na decisão final do governo italiano.

A estratégia agora parece focada em manter Carla Zambelli fora do sistema prisional enquanto os advogados articulam sua permanência legal na Europa. A apresentação voluntária à polícia pode ser usada como argumento de boa-fé e tentativa de colaborar com a Justiça italiana. A expectativa é de que o processo se estenda por semanas ou meses, com possibilidade de disputas jurídicas em várias esferas.

Mesmo sem desfecho imediato, o episódio já entra para a história como um dos primeiros casos em que um parlamentar europeu atua diretamente na captura de uma ex-deputada brasileira condenada. O envolvimento de Zambelli em crimes cibernéticos e o uso de ferramentas digitais para atacar instituições republicanas reforçam a complexidade dos desafios jurídicos em tempos de desinformação globalizada.

Com informações de Carro.Blog.Br, G1 e CNN.