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Violência nas escolas: causas e consequências

A pergunta que muitos fazem é: quem é o responsável? A escola? A família? O governo? Para resolver esse problema, precisamos avaliar cuidadosamente as circunstâncias e condições envolvidas e não apenas culpar as partes envolvidas.
Publicado em Artigo dia 6/04/2023 por Alan Corrêa

Um trágico incidente ocorreu quando um adolescente matou sua professora e feriu outras quatro pessoas. Agora, a pergunta que muitos fazem é: quem é o responsável? A escola? A família? O governo? Para resolver esse problema, precisamos avaliar cuidadosamente as circunstâncias e condições envolvidas e não apenas culpar as partes envolvidas.

Desdobramento da violência nas escolas

Embora a escola tenha oferecido suporte especializado ao jovem e à sua família para lidar com suas condutas violentas, o ritmo burocrático de transferência de informações entre escolas e a falta de comunicação com a família do estudante demonstram os limites de atuação das escolas em casos como esse. A violência nas escolas é um problema antigo que foi agravado pela pandemia de covid-19, destacando a necessidade de profissionais especializados em saúde pública para solucionar o problema.

A família do jovem foi procurada, mas não conseguiu participar da busca por uma solução, demonstrando a incapacidade de muitas famílias em evitar que seus filhos se desviem do caminho correto. É importante compreender as raízes desse problema e propor soluções que possam ajudar essas famílias.

Os professores no Brasil estão sozinhos e precisam de apoio. Salários baixos e poucos recursos para as escolas contribuem para o agravamento da violência, que é potencializada pelas redes sociais. O único apoio oferecido, em muitas comunidades, é fornecido por instituições religiosas às famílias.

Giro Regional: o que as prefeituras da região do CIMBAJU tem feito?

Diante dos últimos acontecimentos de violência e tentativas de agressões em escolas, trouxemos as ações das nossas prefeituras:

Mairiporã

Secretaria de Segurança Pública, Trânsito e Mobilidade Urbana realiza operação de proteção às crianças em creches e escolas municipais

Nesta quinta-feira, 06 de abril, a Secretaria de Segurança Pública, Trânsito e Mobilidade Urbana está realizando uma importante operação de proteção às crianças que frequentam as creches e escolas municipais. A ação, que ocorre véspera do Feriadão da Páscoa, visa garantir a segurança das crianças e garantir a tranquilidade aos pais e responsáveis.

As equipes do Departamento de Trânsito estão atuando para manter a fluidez do trânsito nas áreas próximas às creches e escolas municipais, ficando atentas a qualquer atividade suspeita e acionando a Guarda Civil Municipal (GCM), se necessário.

Já as equipes da GCM estão realizando rondas nas escolas municipais, garantindo a segurança dos alunos e prontidão para atender a qualquer chamado das equipes de trânsito.

Essa ação demonstra o compromisso da Secretaria de Segurança Pública, Trânsito e Mobilidade Urbana com a proteção das crianças, considerando que elas são o bem mais precioso da sociedade.

Caieiras

O prefeito Gilmar Lagoinha implementou diversos projetos nas áreas de saúde, educação e infraestrutura urbana. Ele também foi vereador em Caieiras por quatro mandatos consecutivos e exerceu outras funções públicas, como a de secretário municipal de Obras e Serviços Públicos.

Cajamar

O prefeito de Cajamar, município localizado na região metropolitana de São Paulo, anunciou nesta terça-feira (06) um Projeto de Lei que, se aprovado pela Câmara Municipal, tornará obrigatória a presença de segurança armada em todas as escolas da cidade, sejam elas municipais, estaduais ou particulares. Além disso, o prefeito solicitou ao governo estadual que também reforce a segurança nas escolas sob sua responsabilidade.

A medida tem como objetivo garantir a segurança dos alunos e professores, e será independente de quem assumir a prefeitura no futuro. A proposta será votada na Câmara Municipal de Cajamar nesta quarta-feira (07), juntamente com a Lei “Operação Delegada”, que autoriza policiais a trabalharem em dias de folga, aumentando o efetivo policial.

Para o prefeito, a segurança e a educação das crianças são preocupações primordiais. Ele ressaltou que essa geração será responsável por entregar um Brasil melhor para todos.

Francisco Morato

“Meu coração se parte ao saber das 04 vidas ceifadas, 04 crianças, que foram assassinadas no atentado violento à creche, em Blumenau-SC, nesta quarta (05). Meus mais sinceros sentimentos às famílias e a toda comunidade de Blumenau. Desejo breve recuperação às outras 04 crianças feridas. Fica a indignação, a tristeza e o luto”. Diz Renata Sene sobre as crianças de Blumenau

Franco da Rocha

Até o momento não se pronunciou publicamente, mas o Kiko se posicionou bem representando o município e a região.

Manifesto de Kiko Celeguim

Francisco Carlos Augusto, conhecido como Kiko Celeguim, foi prefeito da cidade de Franco da Rocha, localizada na Região Metropolitana de São Paulo.

“Que Deus, em sua infinita bondade, receba de braços abertos esses pequenos anjos e ampare os corações dessas famílias, hoje destruídas por essa crime perverso. Que tristeza!”

Pandemia x escola

O contexto da pandemia de covid-19 no Brasil deve ser levado em consideração, já que teve consequências extremamente difíceis para as crianças e jovens em idade escolar. Em relação às mortes por covid-19, o Brasil ocupa uma posição baixa em comparação com outros países, mas não podemos permitir que os adolescentes também recebam nota baixa em saúde mental. É hora de trabalhar juntos para encontrar soluções para esse problema complexo e urgente.

Com a situação de alunos e professores confinados em casa, sem condições adequadas para sua sobrevivência física e mental, a violência nas escolas tem aumentado significativamente. Há estudos que alertam sobre o problema há algum tempo, mas parece que não há interesse em ouvir os professores e entender a dor dos estudantes.

Apesar de haver um discurso que valoriza os professores, na realidade, o que se ouve alto e claro na nossa sociedade é o dinheiro. A fome é uma prova disso. Demorou muito tempo para ouvirem o grito dos professores e alunos.

Valorizando filosofia no combate a casos de violência na escola

O baixo rendimento escolar em matérias como matemática e física é frequentemente debatido na área da educação, mas há pouca preocupação com o desempenho dos alunos em filosofia e literatura. Os pais muitas vezes se preocupam apenas com as notas em matemática, enquanto o bem-estar mental dos filhos é deixado de lado.

É importante compreender o sistema financeiro, mas a alta incidência de suicídios entre jovens exige atenção imediata. Níveis elevados de angústia, violência e mal-estar impedem o aprendizado e levam os jovens ao mundo da violência, do crime e das drogas, e acentuam o uso excessivo da internet.

Como solucionar esse problema com poucos recursos?

Uma sugestão seria uma grande campanha em prol da saúde mental dos jovens brasileiros, onde as pessoas poderiam doar joias para esse fim. O Brasil poderia seguir o exemplo da Revolução Constitucionalista de 1932, onde o ouro arrecadado foi utilizado para a causa. Isso poderia ser feito por meio de leilão, onde as joias seriam oferecidas em benefício da juventude brasileira.

A intervenção rápida de psiquiatras, pedagogos e da polícia é necessária para lidar com a frequência acentuada de problemas de violência entre jovens. Isso exige planejamento, investigação e envolvimento afetivo, o que requer uma grande quantidade de recursos financeiros. É necessária a criação de uma política ampla em âmbito nacional, estadual e municipal voltada para a saúde mental das crianças e adolescentes, que estão sofrendo com a violência e consumindo em excesso a cultura de violência produzida nos Estados Unidos.

Papel da tecnologia e da sociedade no combate da violência nas escolas

Como lidar com a tecnologia de forma crítica e harmoniosa com a realidade? Como superar as dificuldades da condição humana mediada pela tecnologia e inteligência artificial? Quais instrumentos a escola e a sociedade podem oferecer para ajudar os jovens a lidar com essas questões?

Para responder a essas perguntas, é necessário reconhecer que temos apenas indícios sobre como enfrentar esses desafios. Observando detalhes, podemos perceber a importância das diferentes formas de letramento na utilização das novas tecnologias. Cada adolescente que utiliza um celular se depara com palavras, imagens e sons, e seu modo de estar no mundo é modelado pela tela do dispositivo.

Em muitos países europeus, como França, Alemanha, Espanha, Portugal, Dinamarca e Finlândia, valoriza-se a leitura e a vida cultural. A literatura é um instrumento básico para o jovem iniciar uma conversa consigo mesmo e para reconhecer a dor, o mal-estar e a angústia presentes na vida. Autores como Machado de Assis e Primo Levi nos mostram que todos nós temos condutas mesquinhas e que é difícil gerir a nós mesmos. Esses temas merecem atenção nas escolas e nas universidades.

É importante que os professores ajudem os jovens a refletir sobre a angústia da existência, o efêmero das coisas e a redimensionar seus sonhos e projetos de vida. Também é fundamental mostrar as pequenas delicadezas da vida, compor músicas, dramatizar histórias e conversar com os alunos. É necessário fazer um esforço para conter a violência e o instinto de morte próprios do ser humano.

Embora possa parecer uma utopia, é fundamental que enfrentemos esse desafio contemporâneo e encontremos soluções para lidar com a tecnologia de forma crítica e harmoniosa com a realidade.

*Com informações no artigo da professora Janice Theodoro da Silva, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Jornal da Usp