O Donanemab é um novo medicamento que tem sido discutido amplamente após sua aprovação em fases iniciais nos Estados Unidos. Este remédio é direcionado ao tratamento da doença de Alzheimer, uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo. A aprovação pelo órgão federal sanitário dos Estados Unidos, a FDA, foi baseada em resultados promissores, apesar de algumas ressalvas importantes.
O professor Orestes Forlenza, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, comenta que o Donanemab representa uma luz no fim do túnel para os pacientes com Alzheimer. Ele ressalta, contudo, que o medicamento não é uma cura definitiva e apresenta limitações quanto à sua eficácia e aplicação.
Forlenza explica que a doença de Alzheimer continua a ser um grande desafio para os pesquisadores. O Donanemab surge como uma tentativa de retardar ou impedir a progressão da doença, mas a cura ainda está distante.
O Donanemab funciona removendo o peptídeo amiloide do cérebro. Este peptídeo é uma clivagem anormal de uma proteína neuronal e está associado à neurodegeneração no Alzheimer. A droga utiliza anticorpos monoclonais para realizar esta tarefa.
Os anticorpos monoclonais são anticorpos prontos que visam o beta amiloide. Ao removê-lo, espera-se atenuar os sintomas da doença. Forlenza explica que a administração desses anticorpos é complexa e deve ser feita por via infusional.
Embora esta abordagem seja promissora, as primeiras drogas testadas com um mecanismo similar fracassaram. O Donanemab é a mais recente dessa classe e, até agora, a mais promissora. No entanto, os resultados clínicos não foram tão satisfatórios quanto o esperado.
O Donanemab mostrou ser eficaz em retardar a progressão do Alzheimer em até 60% nos estágios iniciais da doença. Este dado foi suficiente para que o comitê da FDA votasse unanimemente a favor da sua eficácia. Contudo, os benefícios clínicos observados são considerados modestos.
Forlenza aponta que a droga é indicada apenas para casos muito iniciais da doença. Em estágios mais avançados, o medicamento não mostra benefícios significativos. A remoção do peptídeo amiloide, embora importante, não resulta em uma melhoria substancial para pacientes com Alzheimer avançado.
A administração do Donanemab deve seguir critérios rigorosos para evitar efeitos colaterais e maximizar os benefícios. Isso limita seu uso a um grupo específico de pacientes.
O tratamento com Donanemab é caro. O custo anual do medicamento é de aproximadamente US$ 60 mil, o que equivale a cerca de R$ 320 mil. Este alto custo restringe o acesso ao tratamento a uma pequena parcela da população.
Forlenza ressalta que, devido ao custo elevado, a utilização do Donanemab deve ser cuidadosamente regulada. Apenas pacientes que atendem aos critérios específicos devem ser considerados para o tratamento, a fim de garantir que os recursos sejam utilizados de maneira eficaz.
Além disso, o custo elevado do medicamento pode representar um desafio significativo para os sistemas de saúde, especialmente em países com menos recursos.
O Donanemab representa um avanço na luta contra o Alzheimer, oferecendo uma nova esperança para pacientes nos estágios iniciais da doença. No entanto, ele não é uma cura e apresenta várias limitações, incluindo sua eficácia modesta e o alto custo.
A aprovação do Donanemab pela FDA é um passo significativo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca por um tratamento definitivo para o Alzheimer. A comunidade científica continua a pesquisar e desenvolver novas abordagens para combater essa doença complexa e devastadora.
Fonte: USP.