Compreenda o funcionamento da PETernidade, um benefício para funcionários que são tutores de animais.
A pandemia impulsionou o interesse das pessoas em adotar animais de estimação.
Em 2019, havia 14,144 milhões de domicílios no Brasil com pelo menos um gato, enquanto os que possuíam cachorros totalizavam 33,754 milhões. Quando Anderson Barboza da Silva, designer de produtos, adotou o cachorro Toddy, priorizou realizar um check-up de saúde para seu primeiro pet. O vai e vem entre o veterinário e os exames foi facilitado porque Anderson teve direito a dois dias de licença PETernidade.
Esse benefício começou a ser oferecido por algumas empresas aos funcionários que adotam animais de estimação, geralmente válido para cães e gatos. Funciona de maneira semelhante às licenças maternidade e paternidade, permitindo que os tutores tenham um período dedicado ao novo membro da família. No caso dos pets, são concedidos dois dias.
“Anderson conta que adotou Toddy em janeiro, quando ele ainda era filhote, e esse momento de interação e atenção total foi muito importante para criar um vínculo e para que o animal se adaptasse ao novo lar”, relata. Anderson trabalha na Petlove, um e-commerce de produtos para animais de estimação.
De acordo com um levantamento da Petlove, 62% dos lares do país já possuem pelo menos um cachorro ou gato como membro da família, o que corresponde a 40,4 milhões de residências em todas as regiões.
Denice Caetano, responsável pelo setor de pessoas e cultura da empresa, afirma que a política da Petlove tem como objetivo “garantir o compromisso com o bem-estar dos animais, além de oferecer apoio e trazer mais tranquilidade para a rotina dos tutores nessa nova fase”. A empresa também oferece outros benefícios relacionados aos animais, como o Plano de Saúde Pet, que inclui cobertura para consultas, exames laboratoriais, exames de imagem, funeral e cremação.
Outra consequência da pandemia de Covid-19 foi o aumento na busca por animais de estimação. A ONG União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), sediada em São Paulo, registrou um crescimento de 400% na procura por cães e gatos logo no início do período de isolamento em 2020. Segundo a ONG, o principal motivo para esse aumento foi a busca por companhia durante o isolamento social.
Ao identificar esse movimento, a consultoria Great Place to Work (GPTW) Brasil passou a oferecer o benefício há cerca de um ano. O funcionário deve informar o gestor com pelo menos cinco dias de antecedência e receberá dois dias de licença. Esse benefício é oferecido apenas uma vez por ano.
Lilian Bonfim, diretora de pessoas da GPTW Brasil, destaca que quando os tutores não conseguem se dedicar à chegada do animal, muitas vezes o resultado é o abandono. Durante a pandemia, foi observado um aumento significativo nas adoções e, em muitos casos, a chegada do pet teve um impacto positivo na saúde mental das pessoas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que em 2019 havia 14,144 milhões de domicílios com pelo menos um gato e 33,754 milhões com cachorros no Brasil.
Aline Bernardes de Oliveira, especialista de conteúdo na GPTW, também entrou para as estatísticas ao adotar um pet durante a pandemia. Ela aproveitou o benefício da empresa e relatou que passou por um período desafiador ao adotar o cachorro Pingado, enfrentando mudanças de apartamento e a perda do gato Don. Aline recebeu todo o apoio necessário para lidar com essa nova dinâmica e ainda adotou outros animais, como o cachorro Paçoca e os gatos Danny, Dexter e Doug.
A PETernidade não só proporciona satisfação aos colaboradores e fortalece a relação entre eles e a empresa, mas também é uma estratégia para reter talentos, conforme destacado por Paulo Renato Fernandes, professor da FGV Direito Rio. Ele ressalta que essa medida reflete o atual estágio das relações de trabalho, buscando uma maior colaboração e satisfação entre os trabalhadores. Os animais de estimação desempenharam um papel crucial como parceiros durante a fase pós-pandemia, ajudando as pessoas a lidar com traumas e situações de solidão.
Fernando Luciano, diretor de gestão de pessoas da Vivo, afirma que a conexão com os pets é uma realidade dos novos tempos, e a empresa vê a licença PETernidade como uma forma de estender o cuidado e a atenção também para os animais dos colaboradores, além de estimular a adoção responsável. Além da licença, a empresa facilita o contato com ONGs parceiras de acolhimento animal.
Letícia Yumi Marques, professora de Direito Animal na Universidade Presbiteriana Mackenzie, destaca que as empresas estão buscando construir um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo, estendendo benefícios para diferentes tipos de famílias, como famílias homoparentais, monoparentais e de multiespécies.
No entanto, os especialistas alertam que oferecer a PETernidade não é uma obrigação legal e é necessário estabelecer parâmetros jurídicos para evitar abusos. A licença PETernidade implica no fato de a empresa estar pagando pelo período em que o empregado se dedica inteiramente ao animal. Portanto, é importante estabelecer regras claras e requisitos para garantir que a licença seja utilizada de maneira adequada e responsável.
*Com informações de CNN.