Scania 30 G: O Caminhão Elétrico que Inicia a Revolução Sustentável no Transporte Rodoviário Brasileiro

O Scania 30 G, primeiro cavalo mecânico elétrico da marca no Brasil, será destaque da Fenatran 2024, marcando um passo importante na transição para o transporte rodoviário sustentável. Com motor de 410 cavalos e autonomia de até 300 km, o modelo é voltado para rotas curtas e regionais, oferecendo uma alternativa de emissão zero de CO2. Embora o preço inicial de R$ 2,5 milhões e a infraestrutura de recarga limitada sejam desafios, a Scania aposta na economia a longo prazo e na crescente demanda por soluções de transporte mais limpas para grandes embarcadores comprometidos com metas de descarbonização.
Publicado em Automóveis dia 17/10/2024 por Alan Corrêa

O setor de transporte rodoviário de cargas no Brasil está prestes a testemunhar um avanço significativo em direção à sustentabilidade. A Scania, uma das marcas mais tradicionais no segmento, apresentará oficialmente durante a Fenatran 2024, em São Paulo, o seu primeiro cavalo mecânico elétrico, o modelo 30 G 4×2. Com um preço estimado em R$ 2,5 milhões, o Scania 30 G chega para marcar o início de uma nova era de transporte limpo no país, oferecendo uma solução inovadora para empresas comprometidas com a redução de emissões de carbono.

A chegada do 30 G ao Brasil faz parte de uma estratégia global da Scania para liderar a transição para um transporte mais sustentável. O modelo integra a terceira geração de caminhões elétricos da marca e complementa a linha sustentável da Scania, que já inclui veículos movidos a gás natural e biodiesel. O lançamento coloca o Brasil na rota da eletrificação do transporte rodoviário, mas também traz desafios significativos, principalmente em termos de infraestrutura e viabilidade econômica.

Um Caminhão para Rotas Curtas

O Scania 30 G foi desenvolvido para atender a operações específicas, focadas em trajetos urbanos e regionais. Equipado com um motor elétrico de 410 cavalos e dois pacotes de baterias de lítio-níquel-manganês-cobalto (NMC) com 416 kWh, o modelo oferece uma autonomia de 250 a 300 quilômetros, dependendo do peso da carga e da topografia da rota. Essa configuração o torna adequado para rotas curtas, como o transporte entre fábricas e centros de distribuição.

“O 30 G é voltado para clientes que buscam reduzir suas emissões de CO2, especialmente em rotas urbanas ou regionais de até 250 quilômetros,” afirma Alex Nucci, diretor de vendas da Scania no Brasil. Ele ressalta que o modelo foi pensado para operações logísticas eficientes, com recarga rápida durante pausas operacionais, como o horário de almoço dos motoristas. O carregador CCS2 utilizado pelo 30 G suporta até 375 kW, permitindo que as baterias sejam recarregadas completamente em aproximadamente 50 minutos.

Desafios e Oportunidades

Embora a chegada do 30 G seja uma novidade promissora, ela também expõe alguns dos principais desafios para a adoção de caminhões elétricos no Brasil. O alto custo inicial de R$ 2,5 milhões – mais que o dobro do valor de um cavalo mecânico a diesel – é uma barreira significativa, principalmente para pequenas e médias empresas que compõem grande parte do setor de transporte rodoviário no país. No entanto, a Scania aposta na economia de longo prazo proporcionada pela menor necessidade de manutenção e pela eliminação dos custos com combustível fóssil.

As baterias do Scania 30 G são garantidas por 1,2 milhão de quilômetros, o que representa cerca de 12 anos de uso para frotas que percorrem uma média de 100 mil quilômetros por ano. Além disso, caminhões elétricos têm menos componentes mecânicos e, consequentemente, exigem menos manutenção que os movidos a diesel. “Há um ganho considerável em termos de produtividade, já que as paradas para manutenção serão reduzidas em cerca de 50%,” explica Nucci.

Outro ponto crítico é a infraestrutura de recarga, que atualmente é praticamente inexistente para caminhões elétricos no Brasil. Diferentemente de veículos leves, que podem ser carregados em residências ou em uma crescente rede de postos de recarga, os caminhões exigem equipamentos de alta potência, com suporte para cargas rápidas e compatibilidade com grandes volumes de energia. Empresas com frotas dedicadas ao transporte de mercadorias estão investindo em infraestrutura própria, como painéis solares, para garantir a recarga de suas frotas elétricas. No entanto, para um uso mais disseminado, será necessário um planejamento conjunto entre governo, setor privado e concessionárias de energia.

Um Caminhão para Grandes Embarcadores

A Scania está em negociação com cinco potenciais clientes para o 30 G no Brasil, especialmente grandes embarcadores e indústrias com metas de redução de emissões de CO2. “O foco inicial é em empresas que já possuem metas ambientais bem estabelecidas e que têm condições de investir em uma infraestrutura adequada para operar esses veículos,” explica o diretor de vendas.

Grandes indústrias têm buscado soluções de transporte que atendam suas exigências de sustentabilidade, muitas vezes impostas por matrizes estrangeiras comprometidas com acordos internacionais de descarbonização. O uso de caminhões elétricos, como o 30 G, alinha-se a essas estratégias, ajudando as empresas a atingir suas metas de ESG (Environmental, Social, and Governance).

Além disso, o governo brasileiro já sinalizou a intenção de apoiar a eletrificação do transporte, seja por meio de incentivos fiscais ou programas de financiamento que facilitem a compra de veículos elétricos. No entanto, o setor ainda aguarda medidas concretas que possam tornar esses veículos mais acessíveis ao mercado de transportes como um todo.

Uma Revolução Sustentável em Construção

A Scania iniciou sua jornada na eletrificação de caminhões na Europa, onde a nova geração de veículos elétricos está ganhando escala de produção. Lá, a marca já oferece uma gama de caminhões rígidos e cavalos mecânicos, com tração 4×2, 6×2 e 6×4, equipados com motores elétricos que variam de 280 a 610 cavalos. Esses modelos já estão sendo utilizados em operações logísticas e industriais, contribuindo para a redução das emissões de CO2 no setor de transportes.

No Brasil, a transição para frotas elétricas será gradual e, no curto prazo, o 30 G terá um nicho de mercado limitado. A grande extensão territorial do país, combinada com a ausência de infraestrutura de recarga, impõe desafios consideráveis para a eletrificação em larga escala. Ainda assim, o modelo representa um marco importante na busca por soluções de transporte mais sustentáveis, e a Scania aposta que, em um horizonte de cinco a dez anos, os caminhões elétricos ganharão mais força no mercado brasileiro.

O Scania 30 G marca o início de uma nova era no transporte rodoviário brasileiro, oferecendo uma alternativa limpa e eficiente para grandes embarcadores comprometidos com a sustentabilidade. Embora a infraestrutura de recarga e o alto custo inicial sejam desafios consideráveis, o caminhão elétrico apresenta benefícios de longo prazo, como menores custos de manutenção e economia com combustível. A transição para o transporte elétrico no Brasil será gradual, mas o 30 G coloca a Scania na vanguarda dessa mudança. Resta saber como o país, as empresas e o governo enfrentarão os desafios de infraestrutura para viabilizar essa revolução no transporte rodoviário.