Durante a cúpula dos Brics 2024, realizada em Kazan, Rússia, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, e o presidente russo Vladimir Putin discutiram a expansão do bloco e o aumento do uso de moedas locais nas transações financeiras. O encontro aconteceu no primeiro dia da cúpula, que reúne líderes dos países membros até o dia 24 de outubro.
Dilma Rousseff destacou que os países do Sul Global enfrentam grandes desafios financeiros e que, apesar dos investimentos já realizados, as necessidades continuam sendo significativas. Para enfrentar essa questão, ela defendeu que o Novo Banco de Desenvolvimento ofereça financiamento em moedas nacionais, o que poderia ajudar a aliviar as dificuldades enfrentadas por esses países ao buscar empréstimos. Ela também mencionou o compromisso do NBD em financiar não só projetos soberanos, mas também projetos do setor privado.
Putin, por sua vez, agradeceu a presença de Dilma na cúpula e elogiou seu trabalho à frente do NBD. Ele reforçou a importância do aumento das transações em moedas locais, explicando que essa prática pode ajudar a reduzir custos com taxas de serviço da dívida, aumentar a independência financeira dos países do Brics e minimizar riscos geopolíticos. O presidente russo destacou ainda que, desde 2018, o NBD financiou mais de 100 projetos, somando um total de US$ 33 bilhões.
A expansão do bloco é outro tema central da cúpula deste ano. Dilma Rousseff defendeu uma maior inclusão de países do Sul Global, afirmando que o Brics está em um processo de amadurecimento e que a ampliação do bloco deve ser um dos principais rumos a ser definido nos próximos anos. Existem cerca de 30 países interessados em se associar ao Brics, e a cúpula deste ano deve estabelecer critérios para que isso aconteça de forma organizada, com a criação da modalidade de membros associados.
Putin também conversou por telefone com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que não pôde comparecer à cúpula devido a um acidente doméstico. Ambos lamentaram a ausência de Lula, mas o presidente brasileiro prometeu participar das reuniões por videoconferência. Além disso, Putin se reuniu com outros líderes do Brics, como Xi Jinping, da China, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, e Narendra Modi, da Índia, para discutir os rumos do bloco.
A expectativa é que, até o final da cúpula, Dilma Rousseff apresente um relatório detalhado sobre o desempenho do NBD, com um balanço das atividades da instituição nos últimos anos. Esse relatório será apresentado durante a sessão do Brics +, que contará com a presença de representantes de mais de 32 países da Ásia, África e América Latina.
A ampliação do Brics e a busca pela maior utilização de moedas locais são partes fundamentais das discussões em Kazan, que buscam aumentar a autonomia financeira dos países membros e garantir que o bloco continue crescendo, mesmo em um cenário global complexo.
Fonte: AgênciaBrasil.