A Polícia Civil de Bauru (SP) divulgou imagens de câmeras de segurança que mostram o presidente da Apae de Bauru, Roberto Franceschetti Filho, em um momento crucial antes da morte de Claudia Regina da Rocha Lobo. Segundo a investigação, o crime aconteceu no dia 6 de agosto, quando Claudia, secretária executiva da instituição, foi vista pela última vez com vida. A gravação, obtida de uma câmera de segurança, revela que Roberto, inicialmente no banco do passageiro, trocou de lugar com Claudia. Ela foi para o banco de trás do veículo, onde a polícia acredita que o disparo ocorreu.
A investigação aponta que, após o crime, Roberto dirigiu até uma propriedade rural nas proximidades da rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva. Lá, com a ajuda de um funcionário da Apae, Dilomar Batista, o corpo de Claudia foi descartado e queimado. Dilomar, que confessou ter ajudado sob ameaças de Roberto, disse que o corpo foi incinerado durante quatro dias. Ele também afirmou que espalhou as cinzas em áreas de mata próximas à propriedade.
A confissão informal de Roberto à polícia foi um ponto crucial na investigação. No dia 15 de agosto, durante sua prisão, ele admitiu ter matado Claudia, o que levou os investigadores a seguir essa linha de apuração. No entanto, em depoimento formal no dia seguinte, ele negou a acusação. Fragmentos de ossos humanos foram encontrados na área onde o corpo foi queimado, e testes de DNA estão sendo conduzidos para confirmar se os restos mortais são de Claudia.
O crime, que chocou a comunidade de Bauru, também levantou suspeitas de irregularidades financeiras na Apae. O Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) instaurou um inquérito policial para investigar a instituição. A presidente interina da Apae informou que a entidade está colaborando com as investigações e que, apesar do ocorrido, continua a prestar seus serviços à comunidade.
Durante as buscas pelo corpo de Claudia, a polícia encontrou os óculos que ela usava, reconhecidos pelos familiares da vítima. Um estojo de pistola calibre 380 foi encontrado no veículo usado por Claudia e a análise balística confirmou que o disparo foi feito com a arma apreendida na casa de Roberto.
A investigação, que agora envolve também a análise das finanças da Apae, segue em curso, buscando esclarecer as motivações do crime e possíveis conexões com má gestão e disputas de poder dentro da entidade. Roberto permanece preso no Centro de Detenção Provisória de Pirajuí (SP), enquanto a polícia continua reunindo provas e depoimentos.
O caso também chamou atenção para o uso de uma propriedade rural pela Apae para descarte de materiais. A entidade confirmou que essa área foi usada esporadicamente para esses fins, mas negou envolvimento direto com o crime. A polícia ainda investiga se há relação entre as atividades de descarte e o local onde o corpo de Claudia foi queimado.
As autoridades continuam a analisar as evidências, e a comunidade aguarda novos desdobramentos sobre o caso. Enquanto isso, a Apae enfrenta um período de transição e reestruturação, com uma sindicância interna para apurar possíveis desvios financeiros e reforçar a transparência em suas atividades.
Fonte: G1.