O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), foi retirado do cargo por ordem judicial nesta quinta-feira, após uma operação da Polícia Federal que expõe um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos da administração municipal. A medida, válida por um ano, ocorre em meio a uma investigação que já levou à prisão dois suspeitos e à apreensão de valores milionários.
A operação, batizada de Estafeta, teve início após a apreensão, no mês passado, de R$ 14 milhões e US$ 500 mil em espécie com um servidor identificado como operador financeiro do prefeito. Segundo investigadores, o montante teria origem em pagamentos ilícitos de empresas contratadas pelo município, especialmente nas áreas de obras, manutenção e saúde.
Embora a Polícia Federal tenha solicitado a prisão preventiva de Marcelo Lima, a Justiça optou por afastá-lo do cargo e determinar o uso de tornozeleira eletrônica. Buscas foram realizadas na residência do prefeito, onde agentes recolheram documentos e dispositivos que podem ajudar a esclarecer o alcance do esquema.
Entre os alvos estão o presidente da Câmara Municipal e primo do prefeito, vereador Danilo Lima Ramos (Podemos), e o suplente de vereador Ary José de Oliveira (PRTB). Ambos tiveram imóveis vasculhados pelos agentes. A investigação também prendeu o empresário Edmilson Carvalho, sócio de uma empresa de terraplanagem com contratos ativos na prefeitura, e o servidor Antonio Rene da Silva, diretor na Secretaria de Coordenação Governamental.
Na casa do empresário Edmilson Carvalho, a PF localizou R$ 400 mil em espécie. As autoridades sustentam que a relação entre fornecedores e gestores públicos se consolidou por meio de um sistema de favorecimento em licitações, com repasses sistemáticos a integrantes do núcleo político da cidade.
A operação mobilizou 20 mandados de busca e apreensão em São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema. As medidas judiciais incluem quebras de sigilos bancário e fiscal, afastamentos de funções e monitoramento eletrônico de investigados. Os crimes investigados incluem corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Com o afastamento, a vice-prefeita Jessica Cormick (Avante), sargento da Polícia Militar e em seu primeiro mandato, assume a gestão municipal. Fontes próximas ao caso afirmam que a transição de comando será monitorada pela PF, dado o impacto político e administrativo do processo.