A Polícia Federal (PF) executou, no dia 2 de julho de 2024, uma operação em São Paulo que resultou no resgate de 22 mulheres trans que estavam sendo exploradas sexualmente. A operação teve início em maio, após uma mulher trans indígena denunciar o caso ao Ministério dos Povos Indígenas. A denúncia relatou que a vítima recebeu uma proposta de trabalho em um salão de beleza na capital paulista, com a passagem paga pelo contratante. Ao chegar em São Paulo, a mulher descobriu que a proposta fazia parte de um esquema de prostituição.
De acordo com as investigações, as mulheres trans eram trazidas das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Uma vez em São Paulo, eram alojadas em imóveis alugados pela quadrilha. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços, um na Freguesia do Ó, na Zona Norte de São Paulo, e outro em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. As autoridades encontraram as vítimas em condições vulneráveis e relataram que eram forçadas a se prostituir.
Os relatos das vítimas indicam que elas recebiam um valor pelos serviços de prostituição, mas uma parte significativa era destinada ao pagamento de dívidas. Essas dívidas eram inicialmente referentes ao custo da passagem, mas com o tempo e a aplicação de juros, tornavam-se insustentáveis. A situação gerava um ciclo de endividamento que dificultava a possibilidade de libertação.
A Justiça decretou a prisão preventiva da mulher que liderava o esquema, mas até o momento, ela não foi localizada. As investigações continuam e incluem a apuração de práticas de tráfico de pessoas, trabalho análogo à escravidão e formação de organização criminosa. A operação da PF é parte de um esforço maior para combater a exploração sexual e proteger as vítimas desse tipo de crime.
Das 22 mulheres resgatadas, apenas uma decidiu aceitar a oferta de acolhimento social. As demais optaram por permanecer nas residências onde estavam alojadas, o que levanta questões sobre a reintegração e suporte para as vítimas de exploração. A situação dessas mulheres destaca a complexidade dos problemas relacionados à exploração sexual e à necessidade de estratégias eficazes para combatê-la.
As autoridades continuam a alertar sobre a vulnerabilidade de indivíduos em busca de oportunidades de emprego e a importância de denunciar práticas suspeitas que possam indicar exploração. A operação não apenas resgatou as vítimas, mas também levantou discussões sobre os desafios enfrentados na luta contra a exploração sexual e o tráfico de pessoas no Brasil.