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Pães de forma tem álcool detectável no bafômetro? Entenda a polêmica

Um estudo da Proteste revelou que algumas marcas populares de pão de forma no Brasil contêm níveis significativos de álcool. A falta de transparência sobre essa presença preocupa os consumidores e levanta questões sobre a regulamentação de alimentos.
Publicado em Brasil dia 11/07/2024 por Alan Corrêa

Um estudo recente da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) trouxe à tona um problema inesperado: alguns dos pães de forma mais consumidos no Brasil contêm níveis significativos de álcool. A pesquisa analisou várias marcas líderes de vendas e descobriu que 60% dos produtos testados apresentavam teores alcoólicos que poderiam ser detectados em um teste de bafômetro, caso fossem bebidas alcoólicas.

As marcas analisadas incluem Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold tradicional, Plusvita e Pullman. Destes, apenas as duas últimas passaram em todos os testes. A Visconti, por exemplo, apresentou um teor alcoólico de 3,37%, enquanto a Bauducco registrou 1,17%.

A presença de álcool em alimentos não alcoólicos é resultado do uso de conservantes durante o processo de fabricação. Estes conservantes são aplicados para evitar mofo e manter a integridade do produto, mas podem deixar resíduos de álcool nos pães. Henrique Lian, diretor executivo da Proteste, lidera a campanha “Se tem Álcool, todo mundo tem direito de saber”, que defende mais transparência para os consumidores.

Rafael Moura, consultor técnico da Proteste, destaca que o principal ponto do estudo é a falta de transparência. Quando um consumidor compra um pão de forma, ele não espera encontrar uma quantidade de álcool significativa. Moura sugere que, assim como as bebidas alcoólicas devem conter avisos sobre seu teor alcoólico, os alimentos que utilizam álcool em sua produção também deveriam ter essa informação claramente destacada em suas embalagens.

A Proteste enviou um ofício ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sugerindo a criação de uma regulamentação específica para o teor alcoólico em alimentos. A proposta inclui a definição de um percentual máximo de álcool permitido e a implementação de ações de fiscalização.

As marcas envolvidas no estudo reagiram de maneiras diferentes. O Grupo Wickbold, responsável pelas marcas Wickbold e Seven Boys, afirmou a necessidade de conhecer a metodologia do estudo antes de se pronunciar detalhadamente. A Pandurata Alimentos, fabricante dos produtos Bauducco e Visconti, destacou seus rigorosos padrões de segurança alimentar e certificações internacionais.

A situação trouxe à tona a importância de uma regulamentação mais clara e de práticas transparentes na indústria alimentícia. A Proteste continuará a pressionar por mudanças que garantam que os consumidores estejam plenamente informados sobre os produtos que consomem.

Fonte: Exame.