Os Perigos do “Jogo do Tigrinho”: Como Apostas Online Estão Destruindo Vidas no Brasil

incluindo menores de idade, são pagos para promover o jogo, levando a um aumento alarmante de vícios em apostas online. Casos de endividamento extremo e até suicídios estão sendo investigados, enquanto especialistas alertam sobre os perigos dessa prática viciante.

O Crescimento do Problema

No interior de São Paulo, a enfermeira Gabriely Sabino foi encontrada após passar uma semana desaparecida, fugindo de dívidas contraídas no “jogo do tigrinho”. Em Alagoas, dois influenciadores foram presos por divulgar ganhos falsos e atrair jogadores para o mesmo jogo. Casos semelhantes se repetem em outros estados, mostrando a amplitude do problema.

A Mecânica do Jogo

Desenvolvido pela empresa PG Soft, sediada em Malta, o “Fortune Tiger” atrai jogadores com promessas de ganhos rápidos. O jogo, que se assemelha a um caça-níquel, oferece prêmios em dinheiro para quem conseguir combinar três figuras iguais em três fileiras. Reclamações sobre perdas financeiras e dificuldades em recuperar ganhos são frequentes em plataformas como Reclame Aqui.

O Vício e Seus Efeitos

O psiquiatra Rodrigo Machado, do Ambulatório de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria da USP, explica que o vício em jogos de azar deve ser tratado como questão de saúde pública. Ele destaca que o jogo de azar ativa o sistema de recompensa do cérebro, levando a um ciclo vicioso de busca por mais estímulos. Pesquisas mostram que apostas online são mais viciantes que as realizadas em cassinos físicos.

Impacto nas Redes Sociais

Influenciadores digitais têm um papel crucial na promoção do “Fortune Tiger”. Eles são pagos para divulgar o jogo, muitas vezes utilizando versões “demo” que garantem vitórias. Crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis, já que suas habilidades de tomada de decisão ainda estão em desenvolvimento.

Denúncias e Investigações

O Instituto Alana denunciou a Meta ao Ministério Público de São Paulo por permitir que a publicidade do jogo chegue a menores de idade. A Meta afirmou que remove conteúdos voltados a menores de 18 anos que promovam jogos online, mas casos de crianças influenciadas continuam a surgir.

A Legislação e os Desafios

No Brasil, jogos de azar são proibidos pela Lei de Contravenções Penais, mas plataformas de caça-níquel online, muitas vezes sediadas em paraísos fiscais, dificultam a fiscalização. Empresas que operam legalmente devem ter sede no Brasil e orientar os usuários sobre os riscos das apostas.

Iniciativas de Combate ao Vício

Para combater o vício em jogos de azar, é necessário um esforço conjunto entre autoridades, plataformas digitais e a sociedade civil. Campanhas educativas e medidas regulatórias mais rígidas são essenciais para proteger os jogadores, especialmente os mais jovens.

A promoção de jogos de azar por influenciadores digitais levanta questões éticas e legais. Além de atrair jogadores, muitos utilizam práticas enganosas para garantir vitórias nas versões “demo” dos jogos, configurando propaganda enganosa e estelionato.

O governo brasileiro deve intensificar as ações de fiscalização e regulamentação das plataformas de apostas online. Iniciativas para conscientizar a população sobre os riscos dos jogos de azar também são fundamentais.

O crescimento do “jogo do tigrinho” no Brasil e seus impactos negativos exigem atenção urgente. Autoridades, plataformas digitais e a sociedade precisam trabalhar juntos para prevenir o vício e proteger os mais vulneráveis. A regulamentação rigorosa e campanhas educativas são passos essenciais para combater esse problema crescente.