Internacional

Nicolás Maduro diz que EUA “devem manter o nariz fora da Venezuela”

Os Estados Unidos reconheceram a vitória de Edmundo González na eleição presidencial venezuelana antes da auditoria oficial dos resultados. O governo de Nicolás Maduro contesta e busca perícia das atas eleitorais. Países latino-americanos pedem transparência e solução institucional.
Publicado em Internacional dia 2/08/2024 por Alan Corrêa

Os Estados Unidos reconheceram a vitória de Edmundo González na eleição presidencial da Venezuela, ainda que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não tenha realizado auditorias formais dos resultados. Essa decisão foi tomada com base em documentos divulgados pela oposição venezuelana, que publicou na internet as atas eleitorais de aproximadamente 80% das urnas, indicando que González venceu o presidente Nicolás Maduro.

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declarou que os dados eleitorais demonstram claramente a vontade do povo venezuelano, atribuindo a vitória a González. O governo dos EUA argumenta que as atas publicadas pela oposição mostram uma margem de vitória insuperável para González, alegando que Maduro não teria recebido a maioria dos votos.

Nicolás Maduro, por sua vez, rejeitou a posição dos Estados Unidos e afirmou que o povo venezuelano é soberano. Maduro apresentou um recurso ao Tribunal Supremo de Justiça, solicitando perícia nas atas eleitorais. O Tribunal convocou todos os candidatos para iniciar a investigação dos resultados. Maduro destacou a disposição de apresentar todas as atas disponíveis ao seu partido, o PSUV.

A situação ganhou complexidade com o fato de que as atas de cada urna são distribuídas aos fiscais de cada partido durante a votação, o que permite verificar a autenticidade dos documentos. Contudo, o CNE ainda não divulgou os dados desagregados das eleições, alimentando questionamentos sobre o resultado anunciado, que atribuía a vitória a Maduro com 51,21% dos votos.

Enquanto os Estados Unidos reconhecem a vitória da oposição, países como Brasil, Colômbia e México adotaram uma postura mais cautelosa, emitindo uma nota conjunta que solicita a divulgação dos dados detalhados da eleição sem afirmar que qualquer candidato tenha sido vencedor. Observadores internacionais também têm questionado a falta de transparência nos dados divulgados pelo CNE.

O desenrolar desses eventos coloca em evidência as tensões diplomáticas na região. Os Estados Unidos afirmam ter consultado parceiros e aliados globais, concluindo que a maioria dos votos não foi para Maduro. Esse reconhecimento antecipa uma nova fase de relacionamento entre os EUA e a Venezuela, dependendo do desfecho da auditoria e das investigações em curso.

Diante das circunstâncias, a comunidade internacional aguarda por uma resolução que respeite a soberania e a vontade do povo venezuelano, ao mesmo tempo que reforça a necessidade de processos eleitorais transparentes e auditáveis. A situação na Venezuela permanece delicada, com impactos potenciais nas relações diplomáticas e na estabilidade política da região.

Fonte: AgênciaBrasil.