Em pleno centro de Franco da Rocha, na Região Metropolitana de São Paulo, uma cena que poderia ter sido evitada acabou em escândalo e investigação criminal. Câmeras de segurança flagraram um motorista de ônibus deixando um passageiro desacordado na calçada, em frente à prefeitura da cidade, e partindo sem prestar qualquer assistência. O homem havia desmaiado após ingerir bebidas alcoólicas. A ação, que durou menos de um minuto, foi capturada por sistemas de monitoramento urbano e amplamente divulgada nesta quarta-feira, 23 de julho de 2025.
Pontos Principais:
A vítima, visivelmente inconsciente, foi retirada do coletivo de forma abrupta, carregada pelos braços e abandonada no chão. O motorista, mesmo ciente do estado do passageiro, optou por seguir viagem como se nada tivesse acontecido. O homem permaneceu sozinho por cerca de 20 minutos, exposto ao sol e ao risco de atropelamento ou agravamento de seu estado de saúde, até que pedestres perceberam sua condição e acionaram o Samu.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência prestou socorro no local. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, o homem foi medicado e, posteriormente, liberado. Não foram divulgados detalhes sobre sua identidade. Apesar do desfecho sem maiores danos físicos, o episódio acendeu um alerta sobre a conduta de profissionais do transporte público e os limites da responsabilidade em situações de emergência.
A empresa de ônibus responsável pelo veículo divulgou nota oficial lamentando o ocorrido. Segundo o comunicado, medidas administrativas já estão sendo tomadas contra o motorista. Seu nome não foi revelado, mas ele foi afastado das atividades enquanto o caso é analisado internamente. A companhia reforçou que orienta seus funcionários a seguir protocolos de segurança e assistência em situações de risco.
O ato de abandonar uma pessoa em necessidade pode ser enquadrado como crime de omissão de socorro, previsto no artigo 135 do Código Penal Brasileiro. A legislação estabelece pena de detenção de um a seis meses, além de multa, para quem deixar de prestar auxílio quando possível fazê-lo sem risco pessoal, especialmente quando a vítima está em perigo evidente.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar os fatos. Testemunhas começaram a ser ouvidas, e a gravação das câmeras de segurança será usada como prova. Caso o inquérito confirme a omissão dolosa, o Ministério Público poderá oferecer denúncia formal contra o motorista, o que pode levá-lo ao banco dos réus.
A indignação nas redes sociais foi imediata. Moradores da cidade classificaram o comportamento do motorista como “desumano” e “vergonhoso”. Alguns cobraram mais rigor nas exigências para contratação e formação dos condutores de transporte coletivo, que lidam diariamente com vidas sob sua responsabilidade.
Apesar de ter ocorrido em plena luz do dia e próximo a um dos prédios da prefeitura, nenhuma autoridade municipal se manifestou oficialmente até o momento. A ausência de um posicionamento por parte do poder público foi criticada por lideranças locais, que cobraram fiscalização mais intensa e políticas de capacitação para os motoristas da rede municipal e intermunicipal.
Franco da Rocha é uma cidade com pouco mais de 150 mil habitantes e, como muitas da Grande São Paulo, enfrenta problemas estruturais no transporte coletivo. Casos como o deste passageiro desmaiado evidenciam não apenas falhas individuais, mas um sistema que muitas vezes ignora a dignidade humana quando o imprevisto ocorre fora dos trilhos burocráticos.
Com informações de Record.