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Justiça de São Paulo Suspende Temporariamente Programa de Escolas Cívico-Militares

O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a lei que institui o programa de escolas cívico-militares no estado. A decisão resulta de uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pelo sindicato dos professores, Apeoesp. O programa, sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas, aguarda julgamento final no Supremo Tribunal Federal.
Publicado em Cidades dia 7/08/2024 por Alan Corrêa

O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a lei que implementa o programa de escolas cívico-militares no estado. A decisão foi resultado de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo sindicato dos professores, Apeoesp. O desembargador responsável pelo caso, Figueiredo Gonçalves, destacou que existem sérias dúvidas sobre a constitucionalidade do programa, recomendando que sua implementação seja suspensa até que haja uma decisão final.

O governador Tarcísio de Freitas sancionou a lei em maio deste ano, com o objetivo de introduzir o modelo cívico-militar nas escolas públicas do estado. No entanto, a medida foi recebida com críticas de vários setores, incluindo especialistas em educação e organizações de defesa da educação, que apontam para possíveis desvantagens do modelo, como o aumento dos custos por aluno e a seleção socioeconômica dos estudantes.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade foi inicialmente proposta pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL) no Supremo Tribunal Federal (STF). A AGU (Advocacia-Geral da União) também se posicionou contra o programa, afirmando que ele é incompatível com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Entre os pontos destacados pela AGU estão a falta de exigência de formação específica para militares atuarem em funções pedagógicas e o desvio de função da polícia militar, que não deveria ser responsável por atividades educacionais.

Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) enviou uma representação ao procurador-geral da República, também alegando a inconstitucionalidade da lei. Entre os argumentos, destacam-se a atribuição de funções pedagógicas a militares sem formação específica e a ausência de evidências que comprovem que o modelo cívico-militar melhora a qualidade do ensino.

Apesar das críticas, o governo de São Paulo defende o programa, alegando que ele oferece mais uma opção educacional para a sociedade. As escolas que desejarem participar do programa devem passar por um processo de consulta junto à comunidade escolar. A decisão final sobre a adesão ou não ao modelo cívico-militar cabe às próprias instituições.

O projeto de escolas cívico-militares mescla a presença de militares, que atuariam na disciplina dos alunos, com profissionais da educação responsáveis pelo conteúdo pedagógico. O governo de São Paulo argumenta que o modelo visa estimular valores como respeito à pátria e cidadania entre os estudantes, preparando-os para serem cidadãos ativos na sociedade.

O programa foi aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo com 54 votos a favor e 21 contra. A votação gerou protestos e foi marcada por conflitos, incluindo a detenção de estudantes que se opunham à medida. A implementação do programa está suspensa até que o STF decida sobre sua constitucionalidade.

Fonte: G1.