A influenciadora digital Isabel Veloso, de 19 anos, conhecida por compartilhar nas redes sociais sua rotina como paciente em tratamento contra um linfoma não-Hodgkin, teve sua conta principal no Instagram desativada pela Meta nesta semana. O perfil, que acumulava mais de 3,3 milhões de seguidores, foi removido sob a alegação de violação dos Padrões da Comunidade, mas sem qualquer especificação sobre qual norma teria sido infringida.
Pontos Principais:
Natural de Chopinzinho, no Paraná, Isabel relatava de forma sensível e realista os impactos físicos e emocionais do tratamento oncológico. Ganhou notoriedade por abordar o câncer com franqueza, tirando dúvidas de seguidores, compartilhando vitórias e vulnerabilidades, e também exibindo momentos pessoais, como o nascimento do filho Arthur em dezembro de 2024. A remissão da doença, em maio de 2025, foi celebrada publicamente com forte engajamento nas redes.
A decisão da Meta foi recebida com espanto não apenas pela ausência de aviso prévio, mas pela falta de transparência. Isabel afirmou que não teve oportunidade de recorrer e que o aviso da empresa já trazia a negativa de uma nova análise. Em sua nova conta, que rapidamente superou 130 mil seguidores, ela denunciou o ato como “arbitrário” e afirmou que vai acionar a Justiça para tentar reverter o banimento.
No mesmo comunicado enviado à influenciadora, a plataforma explicou que, em determinados casos considerados mais graves, não há espaço para reavaliação da penalidade. Ainda assim, nenhum conteúdo específico foi apontado como justificativa para o bloqueio, o que, segundo especialistas em direito digital, pode comprometer o princípio da ampla defesa e do contraditório nas relações entre plataformas e criadores.
A jovem também mencionou um login “estranho” vindo de uma pessoa próxima, o que levanta a possibilidade de uma violação externa como causa do banimento. Essa informação, no entanto, não foi confirmada pela Meta, que se mantém em silêncio sobre os detalhes técnicos do episódio. Para muitos usuários, a atitude da empresa destoa do que se espera de uma corporação global com políticas que se dizem fundamentadas em autenticidade, segurança, privacidade e dignidade.
As diretrizes da Meta proíbem, entre outras condutas, discursos de ódio, incitação à violência, desinformação e exploração sexual. No entanto, no caso de Isabel, não há relatos públicos de conteúdo inadequado ou denúncias prévias que sustentem tal decisão. A falta de clareza abriu margem para especulações e críticas, principalmente por parte de seguidores que acompanham o perfil desde o início da jornada de tratamento.
O caso repercutiu entre criadores de conteúdo, especialistas em liberdade digital e usuários comuns, que questionam o poder unilateral da plataforma para excluir perfis com grande audiência e importância social. Isabel, além de influenciadora, tornou-se uma espécie de referência para outras pessoas que enfrentam doenças graves e usam as redes como espaço de acolhimento e visibilidade.
Em seu novo perfil, Isabel segue ativa, postando atualizações e recebendo apoio massivo de seguidores que protestam contra a decisão da Meta. A rápida adesão ao novo canal mostra não apenas a força da comunidade que ela construiu, mas também a confiança que o público deposita em sua trajetória e no conteúdo que compartilha.
A controvérsia pode evoluir para uma batalha jurídica com potencial de abrir precedentes importantes sobre os limites da atuação das plataformas digitais e o direito à defesa dos criadores de conteúdo. Enquanto isso, a influenciadora segue se reinventando nas redes sociais, agora com um novo @, mas com a mesma voz que a fez ser ouvida por milhões.