São Paulo

Incêndio em trem da ViaMobilidade causa pânico entre passageiros; ‘Gaiola de faraday’ protegeu passageiros da Linha 9-Esmeralda

Entenda como o princípio da Gaiola de Faraday ajudou a proteger passageiros em um trem durante uma pane elétrica que causou explosões e chamas na estação Granja Julieta, sem feridos.
Publicado em São Paulo dia 15/10/2024 por Alan Corrêa

Na última segunda-feira, passageiros de um trem na estação Granja Julieta, na Linha 9-Esmeralda, Zona Sul de São Paulo, enfrentaram momentos de pânico quando o trem sofreu uma pane elétrica, resultando em chamas e explosões. As imagens do episódio se espalharam nas redes sociais, e muitos se questionaram como os passageiros, mesmo assustados, permaneceram fisicamente seguros dentro do trem. A resposta está no conceito de Gaiola de Faraday, um princípio da física que explica a proteção das pessoas em situações de descargas elétricas externas.

Quando ocorre uma descarga elétrica em um objeto metálico, como um vagão de trem, o princípio da Gaiola de Faraday ajuda a proteger as pessoas dentro da estrutura. Isso acontece porque as cargas elétricas externas se reorganizam na superfície do objeto metálico, criando uma espécie de blindagem. No caso da pane elétrica da estação Granja Julieta, essa blindagem impediu que a eletricidade penetrasse no interior do trem.

De acordo com Julha Marcolan, especialista em Física Computacional pelo IFSC-USP, a Gaiola de Faraday garante que a eletricidade fique restrita à parte externa de um condutor, como o vagão de trem. Dentro da estrutura, o campo elétrico gerado é praticamente inexistente, o que mantém as pessoas protegidas desde que não toquem nas partes metálicas.

Essa explicação científica é similar ao que ocorre em automóveis durante tempestades com raios. Assim como no vagão do trem, a estrutura metálica do carro serve como uma “gaiola”, impedindo que a eletricidade externa afete quem está dentro, a menos que haja contato direto com as partes metálicas.

Embora o conceito da Gaiola de Faraday seja bem compreendido, sua eficácia depende de a estrutura metálica estar completamente fechada. Caso haja fios expostos ou falhas na vedação, o efeito de blindagem pode ser comprometido, permitindo que a eletricidade entre na estrutura. No caso do trem da Linha 9-Esmeralda, ainda não se sabe se havia algum componente exposto, mas, felizmente, não houve feridos.

As imagens da pane elétrica, que mostram explosões e faíscas na parte externa do trem, foram gravadas por passageiros e vizinhos da estação Granja Julieta. O incidente gerou grande comoção, especialmente devido ao medo inicial de que a eletricidade pudesse se espalhar dentro do vagão.

A concessionária ViaMobilidade informou que, após o incidente, os passageiros desembarcaram em segurança e foram transferidos para outra composição. Em nota, a empresa também afirmou que realizará uma investigação detalhada para identificar as causas do incêndio.

O princípio da Gaiola de Faraday tem sido amplamente estudado e aplicado em diversas áreas, desde experimentos científicos até a engenharia de veículos e aviões. Ele foi descoberto pelo cientista Michael Faraday em 1836, quando ele demonstrou que um condutor oco poderia bloquear eletricidade externa. Na prática, esse conceito tem sido essencial para garantir a segurança em situações de descarga elétrica.

No entanto, para que a proteção seja eficaz, é importante que a estrutura metálica esteja completamente fechada, sem falhas ou áreas de condução interna conectadas à parte externa. A ausência de detalhes sobre a condição do vagão envolvido no incidente na estação Granja Julieta deixa essa questão em aberto, mas a ideia central do conceito permanece: em condições normais, a Gaiola de Faraday protege contra a eletricidade.

Mesmo diante de uma situação de grande estresse, como a enfrentada pelos passageiros na segunda-feira, é crucial que as pessoas dentro de veículos metálicos evitem tocar nas partes condutoras, como advertiu um dos passageiros no vídeo que viralizou. Essa precaução simples pode fazer a diferença em emergências elétricas.

Fonte: G1.