Honda ameaça reinado da SpaceX: lança foguete reutilizável e acerta pouso a 37 cm do alvo no Japão

Enquanto o mundo olhava para Elon Musk, a Honda silenciou os holofotes e fez história no céu japonês: lançou um foguete experimental de 6,3 metros, atingiu 271 metros de altitude e pousou com uma margem de erro de apenas 37 centímetros. O teste é parte do plano ousado da montadora de realizar voos suborbitais até 2029 e mostra que a corrida espacial tem um novo e inesperado competidor vindo das pistas de corrida — e agora das nuvens.
Publicado em Tecnologia dia 4/08/2025 por Alan Corrêa

A Honda realizou um feito que pode mudar os rumos da corrida espacial comercial. Em 17 de junho de 2025, às 16h15 no Japão, a montadora japonesa testou com sucesso o primeiro lançamento e pouso vertical de um foguete experimental reutilizável. A operação ocorreu em Taiki, cidade da província de Hokkaido com tradição em atividades aeroespaciais, e surpreendeu pela precisão cirúrgica: o protótipo retornou ao solo com apenas 37 centímetros de desvio do ponto de referência.

Pontos Principais:

  • Honda testa foguete de 6,3 metros com pouso a 37 cm do alvo no Japão.
  • Protótipo atingiu 271,4 metros de altitude em voo de 56,6 segundos.
  • Tecnologias de direção autônoma foram adaptadas para controle espacial.
  • Objetivo da montadora é realizar voos suborbitais até 2029.
  • Missão ocorreu em Taiki, polo aeroespacial que abriga testes da JAXA.
  • Iniciativa nasceu do desejo de engenheiros em aplicar tecnologias da Honda no espaço.
  • Foguete foi desenvolvido internamente pela Honda R&D Co., Ltd.

Com 6,3 metros de comprimento, 85 centímetros de diâmetro e peso total de 1.312 kg, o foguete atingiu 271,4 metros de altitude e concluiu sua jornada em apenas 56,6 segundos. O que impressiona, no entanto, não é apenas a rapidez do voo, mas o controle absoluto do trajeto, resultado direto da aplicação de tecnologias herdadas dos automóveis e motocicletas da própria Honda.

A missão foi conduzida pela Honda R&D Co., Ltd., braço de pesquisa e desenvolvimento da empresa, e faz parte de um projeto maior iniciado oficialmente em 2021. O objetivo declarado é ambicioso: até 2029, a Honda pretende realizar voos suborbitais, utilizando seus próprios veículos lançadores reutilizáveis. Em médio prazo, a meta inclui lançar satélites próprios para uso em comunicação e sensoriamento remoto.

O sistema de pouso foi desenvolvido com base em algoritmos de navegação autônoma, os mesmos que alimentam as pesquisas da montadora para direção automatizada. Durante o teste, sensores evitaram desvios bruscos de rota, velocidade ou atitude, mantendo o foguete em um “corredor seguro” desde a decolagem até o toque no solo. A margem de erro inferior a meio metro foi registrada com precisão milimétrica.

A área de lançamento foi isolada em um raio de um quilômetro, com reforço de segurança e monitoramento constante. Nenhum incidente foi registrado. A preocupação com a segurança faz parte da estratégia da Honda de consolidar a confiabilidade de suas futuras missões espaciais, estabelecendo um padrão rigoroso já nos primeiros ensaios.

Taiki, onde o lançamento ocorreu, abriga instalações da agência espacial japonesa JAXA e vem atraindo empresas do setor desde 2024. A Honda já utilizava o local para testes de ignição e voos pairados, sempre com cooperação da comunidade local, que se mostrou entusiasta da iniciativa. O simbolismo da cidade como polo aeroespacial fortalece a posição da Honda em um mercado até então dominado por gigantes como SpaceX e Blue Origin.

O início do projeto espacial da Honda partiu da inquietação de jovens engenheiros, que queriam ver as tecnologias desenvolvidas para veículos aplicadas em desafios mais altos — literalmente. A ideia foi abraçada pela diretoria e transformada em um projeto institucional, com cronograma técnico, equipe dedicada e estrutura própria de pesquisa.

Para especialistas, a escolha por veículos pequenos e reutilizáveis é estratégica: eles são mais acessíveis financeiramente e têm aplicação direta em uma nova fase da economia espacial, que exige lançadores ágeis para missões de dados, conectividade e monitoramento ambiental. O sucesso do primeiro teste coloca a Honda na dianteira de um nicho em franca expansão.

O resultado positivo do voo fortalece a imagem da empresa como inovadora também fora do setor automotivo. E, mais do que uma prova de engenharia, representa um reposicionamento de marca em escala global. A Honda agora não quer apenas fabricar motores — ela quer ultrapassar atmosferas.

Fonte: Honda.