A cidade de Caieiras será representada no cenário internacional por uma jovem atleta de apenas 11 anos. Fernanda Harumi foi convocada para integrar a primeira Seleção Brasileira Feminina de Beisebol Sub-12, que disputará, em julho, o 43º Boys Nankyu World Championship, realizado em Edogawa, no Japão. A competição é uma das mais tradicionais do beisebol juvenil e, até então, sempre recebeu seleções formadas majoritariamente por meninos.
Pontos Principais:
A confirmação da convocação veio de forma emocionante. Harumi foi surpreendida na escola pela mãe e pela irmã, que a aguardavam com uma bandeira do Brasil. Sem conter as lágrimas, a menina confessou que jamais imaginava vestir a camisa da seleção em tão pouco tempo de treino. O episódio marcou não apenas uma virada em sua trajetória, mas também um momento simbólico na história do esporte feminino nacional.
Fernanda carrega consigo uma herança esportiva familiar. O avô jogava beisebol há mais de cinco décadas, e a mãe, Rellen Matsumori, junto com os tios, manteve viva essa tradição. Desde os três meses de idade, a menina já frequentava campos de treinamento e jogos, sempre no colo da mãe, que também atua como treinadora na equipe onde Harumi joga atualmente. Mais que um hobby, o beisebol é um elo entre gerações.
Ela iniciou os treinamentos aos 7 anos, durante a pandemia, e surpreendeu a todos com sua rápida evolução. Hoje, treina diariamente em Santana de Parnaíba, no ginásio municipal e até mesmo em casa. Rellen destaca que esperava esse tipo de reconhecimento apenas quando a filha completasse 15 anos, o que reforça a dedicação precoce da atleta, mesmo em um ambiente ainda dominado por meninos.
A participação de Harumi também simboliza resistência e quebra de padrões em um esporte tradicionalmente masculino. O próprio nome do torneio, “Boys Nankyu”, evidencia essa realidade. Clubes que permitem a participação de meninas nas mesmas categorias até os 12 anos, como o de Harumi, ainda são minoria. Segundo Rellen, a separação por gênero acontece por uma questão física e de segurança, e não por limitações técnicas.
Fernanda, no entanto, encara o esporte com leveza e maturidade. “Eu jogo porque gosto. E porque o beisebol ensina a gente a fazer amizades”, afirma. A simplicidade com que ela fala contrasta com o peso histórico que sua presença na competição carrega. O compromisso diário de meia hora de treino já faz parte da sua rotina e da construção de valores como superação, empatia e respeito ao adversário.
Enquanto se prepara para cruzar o planeta rumo ao Japão, Harumi leva na bagagem não apenas seu uniforme e luvas, mas também a memória viva de uma infância marcada pela paixão esportiva. Sua história une passado e futuro, conectando a Caieiras que a viu crescer ao mundo que agora se abre para ela — com disciplina, técnica e o orgulho de representar o Brasil num campo onde poucas meninas chegaram.