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Estudantes de Franco da Rocha e região enfrentam crise no transporte até o IFSP Jundiaí

À margem da rotina escolar regular, alunos do Instituto Federal de Jundiaí enfrentam barreiras invisíveis — mas diárias. Com apenas uma linha de ônibus em operação e capacidade limitada, estudantes de Franco da Rocha, Caieiras e cidades vizinhas lidam com atrasos, superlotação e ausência de apoio público, comprometendo o acesso à educação de qualidade e aprofundando o abismo entre intenção e realidade no serviço de transporte.
Publicado em Notícias dia 25/04/2025 por Alan Corrêa

Alunos sofrem com ônibus insuficiente entre CIMBAJU e IFSP Jundiaí. Transporte precário compromete rotina escolar de jovens da região.

Pontos Principais:

  • Estudantes da região enfrentam dificuldades diárias para chegar ao IFSP Jundiaí.
  • Único ônibus direto (linha 419) é insuficiente para a demanda de alunos.
  • Pais denunciam falhas, falta de reforço e discurso discriminatório da prefeitura.
  • Alternativas sugeridas pela gestão municipal são limitadas e mal integradas.

Todos os dias, jovens moradores de Franco da Rocha, Caieiras, Francisco Morato e demais cidades do entorno enfrentam uma peregrinação silenciosa até o Instituto Federal de Jundiaí. Com aulas em tempo integral e a promessa de formação técnica gratuita e de qualidade, o desafio começa bem antes da sala de aula: o transporte público não acompanha a realidade dos estudantes da região.

A linha 419, que parte do Terminal Vila Arens e atende diretamente o campus, opera com apenas um ônibus. Embora a prefeitura afirme que veículos articulados com capacidade para até 150 passageiros sejam utilizados, relatos apontam a ausência frequente desse reforço. Quando isso acontece, dois ônibus convencionais com menor capacidade são colocados em circulação, o que não evita as aglomerações e os atrasos recorrentes.

A jornada começa cedo. As aulas no IFSP têm início às 7h40, e em dias letivos especiais, como segundas, quintas e alguns sábados, os estudantes deixam o campus às 13h. A falta de horários compatíveis com essa rotina obriga muitos a dependerem de caronas improvisadas ou longas caminhadas, o que impacta diretamente o rendimento escolar e a segurança dos alunos.

Pais e responsáveis denunciam que o poder público tem demonstrado pouco empenho em resolver a situação. Em nota enviada por um pai à redação, o gabinete do prefeito Luiz Fernando Martinelli reconhece as falhas e informa o acompanhamento diário da linha. Alega, ainda, que melhorias pontuais foram implementadas, como a inclusão de um carro extra às segundas-feiras, mas não há previsão de ampliação mais robusta do serviço.

O tom da resposta oficial gerou críticas. Ao destacar que “a maior parte dos usuários da linha 419 é oriunda de outras cidades”, a gestão municipal acabou sendo acusada de preconceito por parte das famílias, que consideram a justificativa excludente e discriminatória. Para os estudantes, o sentimento é de invisibilidade.

Além da linha 419, a prefeitura cita as linhas 719 e 030, que partem do Terminal Central e também passam nas proximidades do IFSP. No entanto, usuários apontam falta de integração entre os sistemas de transporte e horários que não se alinham à rotina escolar, tornando essas alternativas praticamente inviáveis.

Enquanto os gestores argumentam com números e protocolos, do lado de cá os estudantes perdem aulas, enfrentam riscos e acumulam cansaço. A crise do transporte escolar na região do CIMBAJU é, sobretudo, um retrato do abismo entre o que é anunciado e o que realmente chega às comunidades periféricas quando o assunto é direito à educação.