No primeiro debate entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na noite de quinta-feira (8) pela Band, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) enfrentou duras críticas de seus concorrentes. O encontro, que contou com a participação de Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB), foi marcado por trocas de acusações e ataques pessoais, ofuscando a discussão de propostas concretas.
Nunes foi questionado sobre sua gestão à frente da prefeitura e respondeu empilhando números e realizações para justificar sua reeleição. No entanto, a postura do prefeito não foi suficiente para evitar os ataques de seus adversários, que o associaram a suspeitas de corrupção e má administração, especialmente no que diz respeito à investigação da máfia das creches.
Guilherme Boulos e José Luiz Datena tentaram, em alguns momentos, formar uma aliança tática para atacar Nunes, mas a parceria se mostrou instável. Datena, em particular, foi incisivo ao questionar o compromisso de Boulos com a democracia, citando a postura do deputado em relação ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela. Boulos, por sua vez, acusou Nunes de retroceder São Paulo, mencionando problemas como filas nos exames da rede pública e falta de transparência na gestão.
Pablo Marçal, conhecido por seu estilo provocador, adotou uma postura agressiva durante o debate. Ele atacou diretamente seus oponentes, especialmente Tabata Amaral, a quem chamou de “adolescente” e “sabichona”. Marçal também se posicionou como um candidato antissistema, buscando atrair eleitores descontentes com os políticos tradicionais. Sua abordagem, no entanto, gerou reações negativas entre os demais candidatos e suas equipes.
A nacionalização do debate, que poderia trazer à tona temas relacionados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou em segundo plano. Tanto Nunes quanto Boulos evitaram explorar suas ligações com os líderes nacionais, focando mais nas questões locais e nas trocas de acusações entre si. Marçal foi um dos poucos a mencionar Lula, ao criticar Tabata por sua proximidade com o ex-presidente e com Dilma Rousseff.
Durante o debate, os candidatos tiveram diversas oportunidades de pedir direito de resposta, evidenciando o clima belicoso do encontro. Datena, em sua estreia em debates eleitorais, procurou se apoiar em sua longa carreira na televisão para se conectar com o público, mas enfrentou dificuldades para apresentar propostas concretas para a cidade.
No segundo bloco do debate, em que os candidatos responderam a perguntas de jornalistas, os ataques continuaram, mas de forma mais velada. Boulos chamou Nunes de “incompetente”, e Datena reforçou as críticas, afirmando que o atual prefeito não merece elogios. Nunes, por sua vez, associou Datena ao crime organizado, o que levou a mais uma série de trocas de acusações.
O debate, realizado após o prazo para as convenções partidárias e antes do registro oficial das candidaturas, trouxe à tona as tensões entre os principais pré-candidatos, mas pouco contribuiu para a discussão de propostas concretas para a cidade de São Paulo.
Fonte: Band.